ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SÁBADO  27    CAMPO GRANDE 26º

Arquitetura

Tombamento do edifício José Abrão entra na reta final após 10 anos

Prédio passou por nova vistoria e processo na Justiça começa a avançar

Aline dos Santos | 27/04/2021 11:49
Prédio fica na Rua 14 de Julho, esquina com a Cândido Mariano. (Foto: Kisie Ainoã)
Prédio fica na Rua 14 de Julho, esquina com a Cândido Mariano. (Foto: Kisie Ainoã)

Construído em 1939, com heranças da Art Déco e com pitada de luxo arquitetônico, o edifício José Abrão, que já abrigou o Hotel Americano no centro de Campo Grande, segue em compasso de espera pelo tombamento definitivo como patrimônio da cidade.

O procedimento administrativo da prefeitura já dura dez anos, enquanto o processo na Justiça, iniciado em 2017 para impedir descaracterizações, vai entrar na reta final.

No último dia 20, o juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, David de Oliveira Gomes Filho, anexou despacho para que equipe da vistoria judicial responda a quesitos levantados por proprietários do imóvel. Na sequência, as partes devem apresentar as alegações finais, última etapa antes da sentença.

Desde 2019, a Justiça atendeu pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e proibiu qualquer obra ou intervenção na estrutura sem autorização da prefeitura.

Conforme documento anexado esse ano ao processo, o prédio, localizado na esquina da Rua 14 de Julho com a Cândido Mariano, passou por vistoria em novembro de 2020. A última tinha sido em 2018.

Mais uma vez foram encontradas exposição de ferragens, descolamento de peitoril e desfiguração de revestimento. As novidades foram poluição visual (marquise descaracterizando fachada) e falta de acabamento no quesito fiação após a reforma da Rua 14 de Julho, que rebaixou o fios.

Registro do imóvel, com traços da Art Déco, na década de 1940. (Foto: Arca/Reprodução)
Registro do imóvel, com traços da Art Déco, na década de 1940. (Foto: Arca/Reprodução)

Década - Já o processo de tombamento definitivo foi aprovado no ano passado, mas até então não foi publicado no Diário Oficial de Campo Grande.  O procedimento administrativo nasceu em 26 de dezembro de 2011. No ano seguinte, em 26 de abril de 2012, a Fundação de Cultura publicou o tombamento provisório.

A medida, seja provisória ou definitiva, não altera a propriedade do imóvel, mas garante a preservação das características da fachada, O tema, aliás, era de suma importância para o alemão Frederico Urlass, que projetou prédios como o edifício José Abrão e o Colégio Dom Bosco.

De acordo com documentos, o filho de Urlass conta que o pai se preocupava em atender as necessidades do contratante, porém, com a seguinte ressalva: “O senhor é proprietário do prédio, mas a fachada pertence à cidade”. Uma das características era o uso da curvatura na esquina, como exemplifica o edifício José Abrão.

Fotografia do imóvel no Centro de Campo Grande em 1944, com farmácia no térreo. (Foto: Reprodução)
Fotografia do imóvel no Centro de Campo Grande em 1944, com farmácia no térreo. (Foto: Reprodução)

Vermelho cintilante – Planejado para ser o primeiro prédio de escritórios de Campo Grande, o imóvel de três pavimentos foi tirado do papel por Manoel Rosa e o engenheiro Joaquim Teodoro de Faria.

O dono era José Abrão, comerciante próspero de Campo Grande. O estilo Art Déco, se mostra em características como varandas arredondadas e letras grafadas em platibanda (faixa horizontal que emoldura a parte superior de um edifício).

A fachada tem revestimento de pó de pedra. Segundo relatório, a cor vermelho cintilante imprime mais personalidade ao imóvel e o pó de pedra (mica), que no caso veio da região de Porto Murtinho, foi considerado um luxo arquitetônico.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade


Nos siga no Google Notícias