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Arquitetura

Veja como eram as casas vendidas em 1939 na cidade, por 100 mil contos de réis

Paula Maciulevicius | 30/07/2015 06:12
Hoje, uma dessas casas que poderia se encaixar no modelo, é vendida, por exemplo, a R$ 650 mil. (Foto: Fernando Antunes)
Hoje, uma dessas casas que poderia se encaixar no modelo, é vendida, por exemplo, a R$ 650 mil. (Foto: Fernando Antunes)

Uma verdadeira viagem no tempo. O ano era 1939. O estilo? Mais para o comercial, com influências do "art déco". Quando Campo Grande ainda era Mato Grosso e por aqui não devia ter mais de 30 mil habitantes, os anúncios nas revistas eram estes: "Seja proprietário de uma destas casas pagando apenas 100 mil contos de réis por mês".

Como opção, o público tinha uma única planta de casa com cinco fachadas diferentes. O oferecimento era da empresa de terrenos Bandeirante que mantinha escritório na então Rua João Pessoa, hoje 14 de Julho. O "achado" é da Revista Éco de 1939, ano 1, de numeração 2 - 3. Uma cópia dela pertence ao professor universitário e arquiteto Ângelo Arruda.

O "achado" é da Revista Éco de 1939 e pertence ao arquiteto Ângelo Arruda. (Foto: Fernando Antunes)
O "achado" é da Revista Éco de 1939 e pertence ao arquiteto Ângelo Arruda. (Foto: Fernando Antunes)
Assim como a Éco, revistas de SP e RJ tinham os mesmos anúncios. (Foto: Fernando Antunes)
Assim como a Éco, revistas de SP e RJ tinham os mesmos anúncios. (Foto: Fernando Antunes)

A casa parecia minúscula: com um dormitório, sala de jantar, cozinha, banheiro e varanda. "Os estilos indicam uma arquitetura com muitas firulas, certamente para atrair o cliente. O que se faz hoje, em computador, com desenhos quase reais, repete um padrão de muito tempo atrás, quase 80 anos", observa o arquiteto.

A revista em Campo Grande trazia o que já era comercializado em São Paulo e no Rio. As propagandas vinham com plantas de casa e projetos. "Eram revistas com o mesmo foco das de hoje, com coisas técnicas, informação", compara Ângelo. Em casa, ele tem exemplares desde 1927, um deles da "Nossa Casa", com 40 projetos.

Até hoje muitas dessas fachadas são encontradas pela cidade, entre a 14 de Julho, 15 de Novembro, Pedro Celestino e na região da Estação Ferroviária. O velho Centro que já estava erguido à época dos anúncios. "Campo Grande estava em franco desenvolvimento, tinha aí 29 mil habitantes. Era o trem da Noroeste que trazia tudo isso", pontua.

Como opção, o público tinha uma única planta de casa com cinco fachadas diferentes.
Como opção, o público tinha uma única planta de casa com cinco fachadas diferentes.

Assim como hoje se tem várias construtoras no mercado, o processo era o mesmo. "Naquela época só o crédito público que era muito restrito. As linhas de financiamento eram todas pelo sindicato. E se não tivesse? Eis a solução: a parcela de 100 mil contos de réis por mês", brinca Ângelo.

A moeda foi utilizada até outubro de 1942. A cada mil réis, a conversão ensina a dividir por 2.750.000.000.000.000.000 para se chegar ao Real.

"Essas casas cresciam para o fundo, tinham um portão de acesso para certamente serem ampliadas. Eram quase sempre de duas águas e aos poucos foi ganhando contornos que começam a esconder o telhado", detalha a planta.

Para sair na revista, o projeto era impresso a partir da fotografia. "É um desenho, feito com caneta de nanquim, fotografava e seguia o mesmo processo de impressão".

Hoje, uma dessas casas que poderia se encaixar no modelo, é vendida por exemplo a R$ 650 mil. Pelo terreno, nem tanto pelo imóvel.

Até hoje muitas dessas fachadas são encontradas pela cidade... (Foto: Fernando Antunes)
Até hoje muitas dessas fachadas são encontradas pela cidade... (Foto: Fernando Antunes)
Na 15 de Novembro, 14 de Julho e próximo à Estação Ferroviária. (Foto: Fernando Antunes)
Na 15 de Novembro, 14 de Julho e próximo à Estação Ferroviária. (Foto: Fernando Antunes)
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