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Artes

Artista cria cenário de concerto uruguaio inspirado em poesias de Manoel

Com a base no origami, Elder Alves usará o vento característico do Uruguai para dar movimento à sua obra

Danielle Valentim | 06/11/2019 06:20
Arte em origami feita por Elder Alves na árvore em frente a Morada do Baís.
Arte em origami feita por Elder Alves na árvore em frente a Morada do Baís.
Musicista Gonzalo Victoria à esquerda e artista campo-grandense Elder Alves à direita.
Musicista Gonzalo Victoria à esquerda e artista campo-grandense Elder Alves à direita.

Um concerto inspirado nas poesias de Manoel de Barros acontecerá no Uruguai, em 2020, mas o campo-grandense Elder Alves, de 51 anos, já iniciou a maratona de estudos para montar o cenário do espetáculo. A convite do concertista Gonzalo Victória, o artista sul-mato-grossense juntará o origami pantaneiro ao ventomontevidelense para dar movimento a sua criação.

Gonzalo Victoria se apresentou em Campo Grande pela primeira vez há sete anos, mesma época em que o músico teve contato com as poesias de Manoel de Barros. Concertista em violão clássico, Gonzalo é docente na Escola de Música da Universidade da República em Montevidéu e já dirigiu projetos nas Orquestras de Peñalolén e de Santiago, ambas no Chile.

“Eu conheci Gonçalo a partir de um amigo em comum o maestro Eduardo Martineli, há 7 anos. Na época ele morava no Chile. Eu dei de presente um origami e ele achou incrível as formas, mas não tinha dado o star de unir as duas coisas. Naquele ano, ele teve contato com Manoel de Barros e eu cheguei a presenteá-lo com o livro Três Infâncias. E agora no início do ano falei que era cenógrafo ele conheceu meu trabalho e, então, surgiu o projeto”, conta.

Antes de tirar o projeto do papel, Elder foi até Montevideu estudar as características do país, para se inspirar e definir o que poderia ser feito. Afinal, a arte terá de se unir ao projeto musical de Gonzalo.

Elder mesclará em sua obra características encontradas no país.
Elder mesclará em sua obra características encontradas no país.
Origami  e a natureza.
Origami e a natureza.
Trabalho realizado por Elder.
Trabalho realizado por Elder.

“Eu já conhecia uma parte do Uruguai, mas como vamos juntar nossa arte nos encontramos para que eu conhecesse o processo criativo musical dele e ele conhecesse o meu processo criativo no origami para criarmos uma linguagem em comum. Eu aproveitei para conhecer a universidade e a cultura do Uruguai mais perto de elementos de criação e das coisas que eles utilizam para formarmos uma linguagem cultural mais próxima, apesar da erva mate ligar as duas culturas”, explica.

O artista sempre usa o origami como base criativa e junto ao Sesc levou sua arte à Morada dos Baís. Quem passa na região à noite e vê a iluminação da árvore junto as dobraduras artísticas deve saber que é mão de Elder Alves.

Spoiler - Uma coisa muito presente no Uruguai, principalmente, em Montevideu é o vento. Elder adiantou que levará essa característica ao palco.

“O vento dará o movimento ao cenário. Além disso, há muito da natureza nas poesias de Manoel de Barros. Há todo um lance de perceber detalhes invisíveis que se tornam visíveis através da poesia dele. E o que é mais invisível que o vento? Então, é claro que usarei imagens de um artesão local e uma parte do elemento natural que é o vento”, conta.

Elder garante que a parceria com Gonzalo deu certo porque há sintonia entre os dois. “Comentei sobre levar o vento ao palco e ele adorou isso. A música no estilo erudito serão todas baseadas nas poesias. Inclusive, depois da visita deixei um origami com ele para ele se inspirar. Ele também mandará músicas para eu me inspirar e criar outros elementos. O processo criativo musical dele é muito parecido com o meu e houve essa sintonia, que para mim é o primordial, porque se não acontece isso não tem como fluir”, frisa.

É preciso se unir – Para Elder, os países vizinhos querem o intercâmbio cultural, mas os brasileiros recuam. “Até mesmo por causa da língua, que é o espanhol, mas eles amam o Brasil e a gente não possibilita. Então eu decidi estreitar essa relação latino-americana. É preciso juntar e fazer essa troca cultural”, finaliza Elder.

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