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Artes

De sangue terena, músico escolheu tocar a gaita do tango e leva MS à Argentina

Naiane Mesquita | 22/05/2015 06:45
David já participou de festivais de chamamé nas cidades de Porto Tirol e Corrientes na Argentina (Foto: Erica Ferrer)
David já participou de festivais de chamamé nas cidades de Porto Tirol e Corrientes na Argentina (Foto: Erica Ferrer)

Integração é uma palavra que o instrumentista David Campos Leite leva a sério. De descendência terena, natural de Campo Grande e apaixonado pelo bandoneon, a gaita argentina, o jovem resolveu aprender a tocar o instrumento aos 13 anos e nunca mais parou.

Com fama de difícil e muito utilizado em composições de tango e chamamé, o bandoneon conquistou o então adolescente na primeira vez que ele ouviu o som. "Não sei o porquê, eu simplesmente achei legal e resolvi tocar", afirma.

David começou a tocar o instrumento com 13 anos com o mestre Elinho do Bandoneon
David começou a tocar o instrumento com 13 anos com o mestre Elinho do Bandoneon

Além do bandoneon, David ainda se arrisca no violão e no piano. Todo esse interesse musical tem, segundo ele, uma explicação biológica.

O pai dele, que tem o mesmo nome do filho, também é instrumentista. "Na minha família somos muito ligados a música. Além do bandoneon eu toco violão e um pouco de piano. Meu pai toca sanfona. Eu nunca me preocupei em seguir isso, sempre foi uma curiosidade natural", ressalta.


O pai de David, inclusive, é um dos maiores incentivadores das façanhas do filho e quem organiza as entrevistas para ele. O “empresário” e a mãe de David nasceram na aldeia indígena La Lima, em Miranda, e de lá se mudaram para Campo Grande, onde tiveram os filhos.

“Meu avós ainda moram na aldeia, eu já nasci em Campo Grande. Mas sempre vou visitá-los, passar um tempo lá, disso eu não abro mão, temos muito orgulho da nossa origem”, diz.


David conta que o ambiente familiar na infância era regado de música e que isso foi decisivo para a sua formação. Dos 13 aos 14 anos, o jovem aprendeu a gaita argentina com o mestre Elinho do Bandoneon, um dos expoentes do instrumento no Estado, e desde então nunca mais parou. "Estou tentando tocar ainda", diz humilde.

No currículo, o instrumentista tem apresentações no exterior, nas cidades de Puerto Tirol e Corrientes, na Argentina, além de shows no Festival América do Sul, em Corumbá e participação em quatro DVD's.

"Corrientes é considerada a Capital do Chamamé, então o pessoal do Centro Cultural sempre participa dos festivais realizados na cidade, em 2015 eu também fui e é sempre interessante essa integração entre os países, aprendemos muito", explica.

Dessa integração surgiu a oportunidade de participar de um evento no final de semana no Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, ao lado de músicos internacionais.

"Foi a primeira vez que o chamamé foi tocado em um ambiente diferente, fechado e reservado. E isso foi uma grande responsabilidade e satisfação para mim como artista. O público reagiu muito bem também", acredita.

Agora, David ainda realiza apresentações esporádicas por causa da faculdade de agronomia que cursa na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), no campus de Chapadão do Sul, localizado a 321 km de Campo Grande. “Eu nunca quis uma profissão que ficasse trancado no escritório, dentro de uma sala. Com a agronomia eu tenho esse contato direto com o campo”.

Para o futuro, ele pensa em conciliar os dois. “Quero seguir com esses dois sonhos. Por enquanto, tem dado certo. Dou a preferência para a faculdade, mas sempre que dá estou fazendo shows, quando não é semana de prova”, brinca.

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