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Artes

Em festival de dança, um dos pedidos é a criação de companhia municipal de balé

Elverson Cardozo | 02/05/2014 06:48
Ensaio no palco do Teatro Dom Bosco, em Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)
Ensaio no palco do Teatro Dom Bosco, em Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)

Até sábado (3), Campo Grande sedia dois eventos de dança no Teatro Dom Bosco: o Prêmio Onça Pintada 2014 e a 2ª Mostra Clássica do Mato Grosso do Sul. As apresentações, que começaram ontem, custam R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00  (entrada franca) e acontecem a partir das 19h. Mas desde cedo, bailarinos e profissionais de todo o Brasil estão ensaiando para a estreia que, de certa forma, é uma marco em uma Capital sem a cultura dos grandes centros.

Diretora artística dos grupos Nova Geração e Identidade, ambos daqui, Glaucia da Silva, de 46 anos, diz que a Capital está crescendo, mas ainda falta investimento. Uma companhia municipal de balé, mantida pelo governo, cogitou, mudaria bastante o cenário “porque empregaria bailarinos, professores...”

Mais que necessário para as produções, o apoio, na avaliação dela, também serve de incentivo para que os artistas não desistam. “Já é difícil e, se você não trabalha formação de plateia, muitos desistem e vão para a dança contemporânea”, afirmou.

Dor e alegria - Fácil não é mesmo. A empresária Pamella Ramos, de 26 anos, que o diga. Bailarina desde os 4 anos, a jovem comenta que, às vezes chega a ficar com os pés sangrando, cheios de bolhas, mas, no palco, precisa “flutuar”, transmitir segurança, carisma e alegria.

Pamella Ramos faz solo hoje à noite. (Foto: Simão Nogueira)
Pamella Ramos faz solo hoje à noite. (Foto: Simão Nogueira)

Ela, que integra a equipe do ballet Auxiliadora, vai fazer isso hoje à noite, junto com o grupo de 11 dançarinos, e em um solo que deve durar, no máximo, 1 minuto. “A gente ensaia um ano, duas vezes por semana, para dançar 6 minutos, mas é magnífico. Uma energia tão forte que transcende. É viciante”, tenta explicar.

Público morno - Pena que, em Campo Grande, o público não tem a cultura da arte. “É morno. As pessoas não tem o hábito de prestigiar”, criticou.

A adolescente Ana Maria Menezes, de 14 anos, que faz parte do grupo Zoé Escola de Dança, pensa de maneira semelhante, mas diz que, eventos como esse, promovido com recurso do FIC (Fundo de Investimento Cultural), ajudam a valorizar e prova que Campo Grande sabe, sim, fazer dança e também tem o seu valor.

Ana Maria diz que bailarinos lutam para mostrar dança de Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)
Ana Maria diz que bailarinos lutam para mostrar dança de Campo Grande. (Foto: Simão Nogueira)

“Nós, bailarinos, lutamos para mostrar que ela [a dança] existe”, disse, ao comentar que a Capital, no cenário nacional, não está em um nível avançado, mas tem gente dedicada.

Ela mesma é um exemplo. A menina treina cinco vezes por semana, pelo menos 3 horas por dia. O amigo, Leonardo Cruz, de 19 anos, também. O rapaz acredita que a cidade “não está em um nível internacional”, mas vê o cenário regional com bons olhos.

O mais novo de cinco irmãos, Leonardo decidiu que queria dançar ballet há um ano e, por ser homem, sofreu preconceito.

Bailarino há 1 anos, Leonardo sofre preconceito, mas não liga mais e quer ser professor de ballet. (Foto: Simão Nogueira)
Bailarino há 1 anos, Leonardo sofre preconceito, mas não liga mais e quer ser professor de ballet. (Foto: Simão Nogueira)

Hoje, dizendo que “isso é coisa de gente maldosa”, ele nem liga mais para os comentários e está firme no propósito de, no futuro, abrir uma escola e se tornar um professor. “Estou fazendo administração por isso, para ter noção de negócio”, conta.

Evento – Além dos bailarinos de Campo Grande, a mostra de dança conta com a participação de grupos que vieram do Mato Grosso, Rio de Janeiro, Alagoas, Aquidauana, Ponta Porã, Corumbá e Três Lagoas.

O evento, viabilizado abrange três categorias: Júnior, de 12 a 15 anos; Sênior, de 16 a 18; e Avançado, a partir de 18. Cada escola ou companhia inscreveu até 2 grupos. As apresentações podem ser coletivas, em trios, duos ou solo.

Até o dia 3 de maio, também serão ministradas oficinas, de balé clássico e avançado, com profissionais do Balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e da Academia de Ballet de São Paulo.

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