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Artes

Exibição de filme paraguaio prova que muita gente consome "sessão cult"

Aline Araújo | 15/07/2014 13:20
Cena de 7 Cajas, filme em cartaz apenas até hoje.
Cena de 7 Cajas, filme em cartaz apenas até hoje.

Um filme que prende a atenção e se mostra bem próximo de Mato Grosso do Sul chegou ontem ao cinema, depois de ser visto por 250 mil espectadores no Paraguai. O longa paraguaio "7 Cajas" (7 Caixas) é uma das produções que só estreou por aqui graças a sessão Cine Cult do Cinemark, uma das poucas alternativas ao circuito comercial em Campo Grande e, mesmo assim, com apenas 2 exibições.

O filme será exibido em cinco cinemas brasileiros. Na Capital, ele ganhou espaço ontem e hoje na programação e se revelou como uma ótima oportunidade para conhecer um pouco do que é produzido na América do Sul.

Sem nenhum elenco famoso e com baixo orçamento, o filme carrega uma agilidade encantadora, daquelas que você nem vê a hora passar. A história de Victor, garoto que sonha em ser famoso, se passa no popular Mercado 4 de Assunção, Capital do Paraguai, e apesar de ser um pouco confusa, carrega suspense, ação e comédia na dose certa.

O diretor Juan Carlos Maneglia segue o estilo hollywoodiano, mas é elogiado por ironizar essa inspiração recorrente. O resultado é um roteiro digno de aplausos. Tanto, que o biólogo Rafael CezarCaunetto, de 29 anos, resolveu ver o longa pela segunda vez ontem. Ele era uma das 30 pessoas que foram prestigiar a produção dos nossos vizinhos. "Já havia assistido o filme em Assunção, em uma viagem com a minha irmã", lembra.

É fato que não fosse à sessão do Cine Cult, reservada para filmes fora do circuito comercial, ele não teria essa oportunidade. A carência de opções cinematográficas em Campo Grande gera há muito tempo reclamações de quem mora aqui, como do produtor de eventos Ronaldo Deja, de 49 anos. “Normalmente eu só vejo em cartaz filmes de grandes bilheterias, a programação nos cinemas dos três shoppings deixa a desejar”, comenta.

Ronaldo é paulista e mora no Estado há pouco mais de 5 meses. Diz sofrer com as opções disponibilizadas pelos cinemas daqui. “É muito difícil conseguir acesso as produções de outro eixo que não seja americana ou inglesa. Em São Paulo é possível assistir com facilidade outras produções”, argumenta o freguês assíduo da sessão Cine Cult.

Ele conta que sente falta de salas menores para atender as necessidades desse público, que opta por assistir produções “fora do eixo”. “Deveria ter uma salinha, como um happy hour, um lugar para assistir o filme e discutir. Sinto falta dessa troca, de filmes para a reflexão”, conclui.

Salvo as proporções entre Campo Grande e São Paulo, a falta de opções e de divulgação do cinema alternativo incomoda até mesmo quem sempre viveu aqui. “Eu fiquei sabendo do filme em uma reportagem, mas o grande problema é que em geral esse tipo de exibição é mal divulgado, fica muito pouco tempo em cartaz e geralmente em horários ruins”, critica o cinegrafista Ulisver Silva, de 30 anos.

Mas quem gosta e quer ficar por dentro das produções brasileiras e estrangeiras independentes dos grandes estúdios tem na internet um porto. Mesmo assim, a telona faz falta diz o biólogo Berinaldo Bueno, de 32 anos, que já tinha assistido ao filme pela internet e resolveu conferir a produção no cinema. “Em geral, os filmes em cartaz acabam sendo muito parecidos, se tornaram produções enlatadas e eu já estou enjoado. Sempre que sei de algo diferente eu procuro assistir.”

Alguns filmes ganharam espaço nos cinemas de Campo Grande por conta da força da internet, um exemplo foi o longa brasileiro “Hoje eu quero voltar sozinho”, que conquistou uma semana de exibição na Capital depois de uma campanha feita pelo Facebook. O consenso é que existe muita coisa fora do circuito que merece ser prestigiada.

Outra opção para quem quer fugir da rota das produções hollywoodianas e acompanhar a programação é o MIS (Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul). No mês de julho serão exibidos de graça alguns filmes franceses. Outras informações sobre a programação podem ser encontradas na fanpage do MIS.

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