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Artes

Miniaturas de Humberto são sonho do artista que viraram realidade após acidente

Paula Maciulevicius | 27/07/2016 09:05
Humberto Mendes em seu ateliê. (Foto: Marina Pacheco)
Humberto Mendes em seu ateliê. (Foto: Marina Pacheco)

Do ateliê de Humberto Mendes, no bairro Nova Bahia, saem sonhos em forma de miniaturas. Há seis meses que o artista plástico que já teve escritório de decoração e foi diretor do grupo "Terra", se dedica ao que sempre foi vontade, só lhe faltava o tempo.

"Artesanato em miniatura, tem vários nomes... As pessoas costumam chamar de diorama, que é um nome americano, porém o meu é todo artesanal, excetuando carrinhos ou objetos que não tem como reproduzir", explica Humberto, hoje com 64 anos. De resto, ele confecciona cada detalhe. 

Foi por "acidente" que ele retornou às miniaturas. No final da década de 70, Humberto trabalhava com maquetes comerciais, fez uma do tamanho do ateliê para o Tênis Clube, depois atuou como designer de interiores. Ao sofrer um acidente na obra em frente à residência, o tempo em casa lhe fez resgatar o sonho antigo, quando o primo apareceu com um presente: um convite ao passado.

Maquete que trouxe inspiração de volta a Humberto, o "bulicho" feito nos anos 70 para tia. (Foto: Marina Pacheco)
Maquete que trouxe inspiração de volta a Humberto, o "bulicho" feito nos anos 70 para tia. (Foto: Marina Pacheco)

"Ele me falou: Tem uma peça que você fez para a minha mãe aqui, por volta de 1978, 1979. Ele me entregou e aquilo mexeu comigo... Está na hora de eu voltar a fazer isso", disse a si mesmo. A miniatura era de um bulicho, uma vendinha ou mercearia, com balcão, prateleiras e os produtos à disposição.

Os detalhes que ele cria no artesanato em miniatura já foi empregado em tanta coisa. Humberto é, por formação na Escola de Belas Artes de São Paulo, artista plástico e como autodidata, foi adentrando e ficando na área de arquitetura, principalmente como designer de interiores e objetos. Criou móveis, cenários e dirigiu o grupo "Terra", no final dos anos 70, que reunia grandes nomes da nossa música: João Fígar, Carlinhos Colman e a família Espíndola. Depois foi um dos pioneiros em interiores, com o escritório "Lua de Pano".

Nas maquetes, Humberto resume o que se tornou ofício. "Você trabalha com escala e régua de escla e transforma tudo o que está vendo no projeto". Junto do presente vindo do primo, foi a vez da esposa dar mais um empurrãozinho, um estojo com as ferramentas necessárias. "Quando ela me trouxe isso, apareceu a maquete, aí eu comecei a fazer de novo e como eu trabalhava com decoração, o pessoal do mercado todo me conhece, aí fui trazendo papeis de parede", conta.

O ateliê voltou a ganhar vida em pequenas formas. E a cabeça de Humberto, também. "Escolho um determinado assunto e vou nele. Nessa primeira série, fiz a garagem, depois eu queria uma com mezanino, que é a oficina mecânica", mostra.

Beco Diagonal, de Harry Potter. (Foto: Marina Pacheco)
Beco Diagonal, de Harry Potter. (Foto: Marina Pacheco)
Barbearia. (Foto: Marina Pacheco)
Barbearia. (Foto: Marina Pacheco)
Paixão do sobrinho virou arte. (Foto: Marina Pacheco)
Paixão do sobrinho virou arte. (Foto: Marina Pacheco)

De lá para cá, já saiu barbearia, quarto de bebê, cabana da pesca e até cena de Harry Potter. No trabalho, se nota uma mistura de técnicas, entre elas a arte francesa. Um exemplo? "Está vendo essa porta? Ela é a partir de uma fotografia em que você dá tridimensão à ela, é uma técnica de cortes, aqui tem outra, que tem profundidade atrás do vidro", descreve Humberto.

Nas miniaturas, Humberto também homenageia, como na pequena cabana de pesca, uma lembrança do trabalho do primo, hoje com 80 anos e considerado o "papa" do fly no Brasil. "Isso é uma isca artificial que se faz no anzol. Eu consegui fazer menor que as dele", comenta. 

Se o trabalho é detalhista? Humberto vai além. "É muito. Isso era um sonho meu, que nunca tive muito tempo, a vida de pai, de tudo e você não tem como se dedicar a isso", justifica. 

As maquetes vão compor uma exposição, em casa mesmo, neste próximo sábado, onde Humberto vai por várias peças do próprio acervo. A inspiração vem também do dia a dia. O "Beco Diagonal" de Harry Potter, emprega tudo quanto é técnica que se possa pensar. 

"Bate na telha e vem, não é uma coisa que você programa. Aqui eu fiz para o sobrinho do meu genro, que é apaixonado pelo avô e por fazenda, tanto é que coloquei ele lá na cerquinha", mostra. 

As miniaturas hoje são, em primeiro lugar, a grande paixão do artista. "Faço por prazer. E no final, sempre acho que tem que fazer mais alguma coisinha, sinto que faltou, mas é melhor por o vidro e passar a régua", brinca. 

A exposição neste sábado será na Rua Arlindo Sampaio Jorge, 602, no Nova Bahia, das 9h às 20h.

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Quarto de bebê. (Foto: Marina Pacheco)
Quarto de bebê. (Foto: Marina Pacheco)
Estação de trem. (Foto: Marina Pacheco)
Estação de trem. (Foto: Marina Pacheco)
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