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Artes

Na rua Hitchcock, o único suspense é saber quando vai chegar o asfalto

Lucas Arruda | 03/09/2015 08:21
Homenagem ao mestre do suspense mundial tem um erro, mas moradores gostam da referência (Foto: Vanessa Tamires)
Homenagem ao mestre do suspense mundial tem um erro, mas moradores gostam da referência (Foto: Vanessa Tamires)

Doutor Jivago, Hamlet, Robin Hood, Madame Buterfly, Macunaíma, parece que estamos falando de clássicos do cinema e da literatura, mas são nomes de ruas do bairro Estrela do Sul. Longe dali, lá no Jardim Colibri, uma pequena rua, de apenas duas quadras, foi batizada com o nome do mestre do suspense mundial: Alfred Hitchcoch, assim mesmo, com a letra h no final, ao invés do k original.

A grandiosidade da obra de Hitchcock contrasta com a simplicidade da rua que ganhou seu nome, que tem uma quadra asfaltada e outra de terra. Os moradores não sabem o porquê da homenagem, mas alguns se sentem orgulhosos de morar ali.

Valdir gosta de morar na rua, só tem problemas na hora de pedir alguma entrega
Valdir gosta de morar na rua, só tem problemas na hora de pedir alguma entrega

“Eu gosto muito de filmes de terror e de suspense, dele já assisti ‘Psicose’ e ‘Um Corpo que Cai’. Quando eu falo que moro nessa rua todo mundo acha legal, só é complicado quando pedimos alguma coisa para entregar aqui, temos que soletrar”, afirma o marceneiro Valdir Silva Feliciano, de 57 anos, que mora na rua há dez anos e não sabia do erro no nome. “Sempre achei que fosse o jeito certo de escrever”, comenta um pouco desapontado.

Ele que mora na parte sem asfalto da rua, diz que, diferente dos filmes hitchcockianos, o lugar é tranquilo e nunca viveu momentos de terror. “O único suspense aqui é saber quando vai chegar o asfalto”, enumera.

Já os moradores mais novos não conhecem muita da obra do cineasta, somente se lembram da clássica cena do banheiro. “Mudei para cá há 15 dias só, mas nem tinha me tocado sobre o nome da rua, nunca vi nada dele, gosto mais de comédia. Só sei da cena do assassino que mata a mulher no banheiro e a trilha sonora”, conta a dona de casa Maria Carvalho, de 30 anos.

Do outro lado da cidade, na rua Doutor Jivago, os mais novos nunca ouviram falar sobre o personagem criado pelo escritor russo Boris Pasternak, que até ganhou o Nobel de literatura. Os mais velhos ainda se lembram do filme, lançado em 1966, que levou cinco estatuetas do Oscar para casa.

Dercides se sente orgulhoso de morar no bairro com mais referências culturais da cidade
Dercides se sente orgulhoso de morar no bairro com mais referências culturais da cidade

Apesar do currículo da produção, o motoqueiro Rodrigo Alves Ventura, que tem 30 anos, todos vividos ali, nunca ouviu falar sobre. “Ninguém nunca comentou nada comigo”. Mas a mãe dele, a aposentada Lenice Alves Ventura, sai de dentro da casa dizendo que mora numa rua famosa. “Eu assisti há muitos anos, não lembro muito, só que é bom”, avalia.

A rua é grande, há uma praça, uma escola e até alguns comércios. “Gosto de morar e trabalhar aqui”, resume o comerciante Jean Cássio da Silva.

O vice-presidente do Estrela do Sul Dercides Nunes não sabe também sobre a história do nome das ruas, mas se orgulha em dizer que mora no bairro com mais referências culturais de Campo Grande.

“Hoje em dia as pessoas não ligam muito mais para isso, ainda mais que atualmente a maioria dos moradores vive aqui há 15 anos ou menos, mas para quem mora há bastante é muito importante”, reflete.

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