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Artes

De volta ao palco depois dos 30, elas dançam como é ser mulher

Ângela Kempfer | 29/08/2011 08:26
Laboratório durante estudos sobre o espetáculo, registrado em fotos por Fran Cavalheri.
Laboratório durante estudos sobre o espetáculo, registrado em fotos por Fran Cavalheri.

Entre Maria e Madalena existe uma vírgula. O espetáculo de dança tem nome sugestivo, mas não dá a resposta que a maioria das mulheres gostaria de ver cair do céu. Como ser mãe, sedutora, empreendedora e ao mesmo tempo feliz?

Depois de anos distantes da dança contemporânea, por conta das atividades diversas, amigas que por tempos compartilharam coreografias do grupo Ginga, em Campo Grande, decidiram voltar ao palco.

A estréia será só na segunda quinzena de setembro e ainda são discutidas questões como figurino, por exemplo, parte fundamental em um espetáculo que fala das mulheres, claro. “Quem sabe começar com um figurino puro e depois, com o movimento, ele pode ir ganhando outros sentidos”, sugere uma das bailarinas.

A escolha do cenário avança rápido. Na sala de ensaios o colchão tamanho casal e inflável faz referência ao nascimento, mas depois pode ganhar a simbologia erótica, ou não.

Os sapatos em cena têm sempre o salto alto, o que remete ao poder. Ao lado, várias caixas de sapatos empilhadas levam a compreensões distintas. “Temos a nossa argumentação, mas temos de deixar aberto o espaço entre o que propomos e o que o público vai perceber”, diz a bailarina Renata Leoni.

Ao fundo, as caixas de sapatos.
Ao fundo, as caixas de sapatos.

Roberta Siqueira e Miriam Gimenes são as figuras centrais da retomada. Amigas há quase 30 anos, as duas hoje são sócias no SPA Urbano Ofurô. Inscreveram projeto no Fundo Municipal de Incentivo à Cultura para fazer vingar o retorno e conseguiram.

Renata lembra que “a primeira coisa que as duas falaram foi: queremos contar a nossa história”.

Depois da primeira ter trocado a gerência de um banco por aulas de Danças Circulares e a outra virar mãe, o desafio agora é encontrar na montagem do espetáculo “Maria, Madalena” a organização de experiências de uma vida e, talvez, ajudar o público a entender o universo feminino atual.

Como Clara nasceu há alguns meses, Mirian vai se contentar com a parte filosófica do espetáculo, que parece ser o fundamental ao grupo que hoje se vê mais maduro.

“A ideia parte da Maria virgem e de uma Madalena puta, com uma vírgula que indica o equilíbrio e a curiosidade sobre o que elas fariam nos dias atuais”, resume o grupo, com pitacos de cada uma das participantes. “Mas é complicado falar de uma forma assim estrutura”, lembra a bailarina Fran Cavalheri, autora das fotos publicadas nesta matéria.

De volta ao palco depois dos 30, elas dançam como é ser mulher

“As conversas, os diálogos de vocês me fazem pensar no que estou fazendo aqui”, brinca Chico Neller durante a entrevista, o único homem presente.

Coreógrafo do Ginga desde a criação, há 25 anos, desta vez ele é um mediador na elaboração do espetáculo de dança. “Conheço todas há muito tempo e com o trabalho me pergunto se elas não sou eu ou se eu não sou todas elas juntas”.

Nos ensaios, todas ajudam a construir o movimento. “A dança evoluiu, antes éramos bailarinas executoras apenas, agora não”, comenta Roberta. “Somos intérpretes e criadoras”, emenda Fran.

Serão 3 em cena, com personalidades diferentes. No palco, dançando, estarão Roberta – a Madalena, Letícia – a Maria, e Fran – a vírgula. “Isso é bem Fran, transitar por varias coisas ao mesmo tempo”, se autoavalia.

A primeira apresentação está marcada para 16 de setembro, no projeto Sesc Mostra Terena.

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