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Artes

Livro desvenda Eduardo Elias Zahran, nome de rua e um dos idealizadores do grupo

Luciana Brazil | 22/06/2012 13:25
Eduardo Elias Zahran vai receber livro em sua homenagem a sua história.(Foto:Divulgação G1)
Eduardo Elias Zahran vai receber livro em sua homenagem a sua história.(Foto:Divulgação G1)

Seja de carro ou a pé, a maioria das pessoas que passa pela avenida Eduardo Elias Zahran, importante corredor de veículos em Campo Grande, não conhece a história do homem que nomeia a famosa via da cidade. Para preencher essa lacuna, os associados do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul estão lançando um livro em memória ao empresário.

O lançamento do livro "Eduardo Elias Zahran", organizado por Hildebrando Campestrini, um dos responsáveis pela pesquisa, será neste sábado, às 19h30, na sede do Instituto, na avenida Calógeras, n°3000.

O vice-presidente do Instituto, Heitor Rodrigues Freire, 72 anos, que também participou da pesquisa, explica que a entidade é responsável por registrar fatos e acontecimentos históricos que ainda não tenham sido divulgados.

Você sabe quem foi?: Grande parte dos entrevistados conta que transita rotineiramente pela avenida, mas não tem conhecimento sobre a história de Eduardo. Alguns até arriscam um palpite.

“Não sei quem é direito. Deve fazer parte da família Zahran, tradicional na cidade. Mas não sei se ele é pai, irmão, qual é o parentesco com o Uzze (Presidente do Grupo Zahran)”, disse o promotor de vendas, Gonçalo Junior, 34 anos.

A bancária Carolina Sipoli Teodoro Alves, 32 anos, que mora na avenida, conta que recentemente viu uma matéria sobre o empresário, mas na hora de revelar a equipe de reportagem do Campo Grande News não soube dizer com certeza. “Lembro da história dele, mas antes de ver a reportagem não fazia idéia de quem ele era”.

Dois entrevistados revelaram conhecer sua história. A aposentada Maria Nilza, 69 anos, disse que na época em que Eduardo começava com seus empreendimentos, ela chegou a comprar uma geladeira com ele. “Ele vendia fogão e geladeira. Era um homem honesto, trabalhador e é muito respeitado. Já tenho quase 70 anos, é claro que eu sei quem ele é e conheço sua história”, afirmou.

João afirma que família Zahran foi importante para o desenvolvimento do Estado, além de ser respeitada.
João afirma que família Zahran foi importante para o desenvolvimento do Estado, além de ser respeitada.

“É um dos fundadores da distribuidora de gás, um personagem importante do desenvolvimento do nosso Estado. Tenho grande respeito por essa família”, frisou o representante comercial João Melo, 61 anos.

História: Com um olhar empreendedor e um espírito visionário, o empresário Eduardo Elias Zahran superou os limites de uma fraqueza física e, durante uma vida curta, construiu um dos maiores grupos de comunicação do Centro-Oeste. Hoje, é lembrado como uma peça chave da história de Mato Grosso do Sul.

Fatos marcantes, e até então desconhecidos, serão revelados no livro, lançado amanhã.

O mais velho entre quatro irmãos, Eduardo nasceu em Bela Vista, em 1922. Os pais eram imigrantes libaneses. Ainda bebê, ele sofreu um choque térmico, o que lhe debilitou por praticamente toda a vida, como contou Heitor.

“Enquanto a babá dava banho em Eduardo, foi ouvido um barulho muito grande na rua e todos foram ver o que era. A babá acabou levando ele no colo e isso provocou um choque térmico".

“O barulho que todos ouviram na rua era o desfile de um carro Ford que havia acabado de chegar na cidade”, conclui a história entre risos.

Com uma saúde debilitada, Eduardo também tinha corcunda e chegou a ficar dos 16 aos 19 anos sem andar. “Amigos do centro espírita faziam muitos trabalhos para que ele voltasse a caminhar, e um belo dia, ele acabou levantando da cama”, contou Freire.

A fraqueza física que o debilitou não conseguiu impedir que ele realizasse seu maior sonho: manter os irmãos unidos em um só empreendimento. “Ele queria que todos ficassem juntos”.

Em 1955, foi dado o pontapé inicial, daquilo que hoje é o Grupo Zahran. A idéia da distribuidora de gás, hoje a Copagás, presente em 19 estados do país, nasceu quando Eduardo percebeu que as mulheres só cozinhavam utilizando querosene ou lenha.

“Como um visionário, Eduardo resolveu obter uma concessão de gás e isso exigiu muito de seu espírito empreendedor. Ele precisou convencer as mulheres a usarem o fogão a gás”.

Avenida é corredor importante em Campo Grande
Avenida é corredor importante em Campo Grande

Segundo Freire, Zahran conseguiu a concessão seis meses após fazer o pedido e ele ainda passou a representar uma fábrica de fogões.

Depois do gás, Zahran se inspirou e deu o maior passo de sua carreira profissional. “Foi a conquista mais difícil. Ele decidiu que queria ter um canal de televisão e foi em busca da concessão. Como a concessão é concedida pelo governo federal, a luta foi difícil”.

Mas de acordo com Heitor, Eduardo Zahran conseguiu superar até mesmo Assis Chateaubriand, que na época já possuía um império de comunicação no país. “Chateaubriand era dono de jornais, da rádio Tupi, além de ter sido o homem a trazer a televisão para o país. Era poderoso. E a concessão da TV seria ou de Chateaubriand ou de Eduardo. Mas Eduardo conseguiu”.

Zahran recebeu o apoio do major Afrânio Figueiredo, filho do ex-governador do Estado Arnaldo Estevão Figueiredo, para alcançar a permissão da televisão. “A concessão representou claramente a competência de como ele era determinado com o compromisso que havia se comprometido a fazer”, lembrou Heitor.

Além de ter ganhado do “concorrente”, Eduardo ainda precisou convencer Chateaubriand a lhe conceder a retransmissora, que na época era a TV Tupi. “Incrivelmente, Eduardo conseguiu receber a retransmissora”.

No Natal de 1965, os irmãos Zahran inauguram a primeira emissora de televisão em Mato Grosso do Sul. Em 1967, a televisão expande e chega a Cuiabá, onde teve início a TV Centro América.

Eduardo Zahran morreu em 1969, com 47 anos, depois de sofrer uma parada cardíaca. Ele foi enterrado em São Paulo, onde já tinha sido internado anteriormente. Os irmãos deram continuidade ao projeto e hoje são donos da rede Matogrossense de televisão, com nove canais, além de um haras.

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