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Lado B

Com vontade de dividir, dona de acervo estende toalha para doar livros na praça

Kleber Clajus e Elverson Cardozo | 19/01/2014 12:48
Organizada por rede social, troca de livros no Itanhangá reuniu vários leitores (Foto: Cleber Gellio)
Organizada por rede social, troca de livros no Itanhangá reuniu vários leitores (Foto: Cleber Gellio)
Andrea decidiu trocar títulos da biblioteca na praça como forma de incentivar a leitura (Foto: Cleber Gellio)
Andrea decidiu trocar títulos da biblioteca na praça como forma de incentivar a leitura (Foto: Cleber Gellio)

A psicanalista Andrea Brunetto, 45 anos, resolveu renovar, neste domingo (19), os livros de sua biblioteca particular ao promover troca gratuita de títulos na Praça Itanhangá, em Campo Grande. O evento foi marcado, na semana passada, pelo Facebook e reuniu hoje mais de 20 pessoas.

No começo, a psicanalista não levou muita fé de que as pessoas iriam comparecer ao evento. Para começar o processo, ela mesma levou cerca de 50 livros. A regra era de que cada pessoa poderia pegar um livro e caso optasse por levar outro deveria efetuar uma troca.

“Pensei que ninguém viria, mas elas foram aparecendo para fazer as trocas. Só não quero sair daqui com mais livros do que trouxe”, comenta Andrea, que pretende encaminhar os livros que ficarem para um sedo da Capital.
Em férias, a agrônoma Dirce Campos, 50 anos, parabenizou a ação e aproveitou para levar o livro “A tabela periódica”, de Primo Levi, na bagagem de retorno a Barra do Garças (MT).

“Achei linda essa troca, porque é muito importante para acelerar a cultura das pessoas. Essa questão do brasileiro não ler é questão de hábito e não se pode culpar o preço do livro”, ressalta Dirce.

A professora de séries iniciais Maria Luiza Campos, 51 anos, acompanhou Dirce na visita a praça. O livro que escolheu, “Coisas que todo garoto deve saber” de Antônio Carlos Vilela, foi para o filho de 13 anos.

Para Maria, a desculpa de livro caro não serve mais. “Temos bibliotecas públicas, escolas e iniciativas como essa. É muito mais fácil ver TV, acessar a internet do que ler um livro. A leitura cria imagens e possibilita fazer uma viagem no tempo”, ressalta a professora sobre os benefícios da leitura, que a fazem mergulhar ao menos em quatro histórias ao longo do ano.

Até quem levou o filho para brincar acabou envolvido pela ação da troca de livros. Foi o caso da analista judiciária Tayana Lima, 29 anos, que considera todo incentivo a cultura válido, “ainda mais no nosso país que não tem esse hábito”.

Falta de hábito – De acordo com a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência, o número de brasileiros leitores apresentou queda de 5%, em cinco anos.

Em 2007, ao menos 95,6 milhões (55%) da população estimada disse ter lido um livro nos três meses anteriores a pesquisa, ante 88,2 milhões (50%) em 2011. A frente da leitura, a sondagem apresenta a TV como preferência dos entrevistados, subindo de 77% para 85% no período.

Mesmo preferindo a leitura, Tayana não condena a preferência do brasileiro pela TV. Nesse sentido, ela ressalta que é preciso bom senso para escolher os conteúdos.

“A TV não é de todo maléfica, pois temos o controle na mão”, lembra a analista judiciária.

Próxima ação – Após a troca de livros, Andrea já prepara um piquenique literário, ainda sem dia e horário para ocorrer. A nova ação também pretende ser divulgada pelas redes sociais.

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