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Comportamento

A vontade de ser diferente de uma noiva "exagerada"

Elverson Cardozo | 17/12/2012 09:17
Estéfany em frente a um hotel, na avenida Afonso Pena. (Foto: Divulgação)
Estéfany em frente a um hotel, na avenida Afonso Pena. (Foto: Divulgação)

Estéfany é daquelas pessoas que, na internet, ao iniciar uma conversa, não consegue dizer “Oi”. Precisa escrever “Oiiieee”, com muito mais vogais, é claro. Mas o exagero não fica só no mundo virtual. “Gosto de tudo no ão”, diz a jovem de 24 anos que faz do aumentativo um estilo de vida e não quer saber de padrões ou manual, por isso vale o exemplo.

Há pouco mais de dois meses ela casou e fez questão de deixar a marca da própria personalidade na cerimônia. Foi uma festa comum, mas com detalhes que fugiram completamente do tradicional.

Estéfany da Silva, que agora assina Gumercindo no final do nome, como a maioria das noivas, queria originalidade para pisar no tapete. O casamento, longe da igreja, no salão de uma chácara espaçosa, facilitou o plano.

Nada de vermelho. A decoração predominante, na passarela, era o verde. Nas mesas e nos espaços montados para fotografias, o destaque foi para o branco, preto e cinza.

Tudo, aparentemente, dentro da normalidade. Visual clean, neutro, equilibrado, longe das exigências e dos desejos que a noiva conseguiu colocar em prática, para surpresa dos convidados.

Foto na faixa de pedestre. (Foto: Divulgação)
Foto na faixa de pedestre. (Foto: Divulgação)

Para celebrar o casamento depois de 4 anos em meio de namoro, Estéfany convidou 12 casais para testemunhar a união. Somado à mesma quantidade escolhida pelo noivo, Wesley da Silva Gumercindo, de 24 anos, foram 24 pares, ou seja, 48 pessoas, sem contar pais, daminhas e pajens.

A lista de nomes parecia infinita. Sem equipe de cerimonial, quem ajudou a organizar a fila – que passou do portão da chácara- foram os próprios parentes e um amigo. Botar ordem no pedaço foi missão quase impossível.

Sem citar qualquer estratégia para ganhar presentes, marido e mulher saem pela tangente e dizem que os 24 casais foram escolhidos a dedo. Eram convidados especiais.

“Ali, na verdade, eram pessoas que eu queria que testemunhassem o momento importante da minha vida. Se pudesse colocava mais, mas fazer o que? Eu tinha que selecionar alguns”, explicou a jovem.

Mas a curiosidade não fica só na quantidade de padrinhos e no aperto na hora da entrada. As “inovações pensadas pela noiva chamam a atenção. Estéfany teve dois pajens e 4 daminhas. Eles percorreram o salão para presentear amigos e parentes com agrados no mínimo diferentes.

A primeira menina a entrar segurava, em cada mão, um relógio de parede com a foto do casal ao fundo. Os Mimos foram entregues às mães dois noivos.

“Sempre tem uma lembrancinha para mãe, mas sempre é um buquê. Na verdade eu queria entregar uma caneca personalizada de porcelana, mas eu achei mais bonito o relógio porque fica em exposição com a nossa foto. Foi de supetão a escolha”, lembrou.

Menina, ursinho e o paredão de padrinhos. (Foto: Divulgação)
Menina, ursinho e o paredão de padrinhos. (Foto: Divulgação)
Relógios que foram entregues às mães. (Foto: Divulgação)
Relógios que foram entregues às mães. (Foto: Divulgação)

Houve um momento tradicional enquanto a segunda daminha espalhava flores pelo tapete, mas as surpresas continuaram. Um garoto, de terno e gravata, entrou na sequência, segurando um anel de noivado.

A explicação, novamente, vem da noiva: “O anel de noivado é dado por um rapaz. Então eu achei que seria interessante a miniatura do Wesley ali”.

Júlia, de 9 anos, entrou segurando um ursinho. “Ela me representou porque eu amo usos”, explicou a noiva.  Um casal, bem crescidinho, entrou no salão para presentear as madrinhas. Ao invés de botões de rosas, comum nas cerimônias, foram entregues mini-garrafas de vidro com versículos bíblicos.

Após o pronunciamento do juiz, as alianças chegaram em cima de um coração vermelho de pelúcia. “Quis eliminar a almofada. Acho horrível, muito feia”, justificou.

No resumo da ópera, com tanta novidade e com tantos nomes na lista, a cerimônia beirou uma hora, isso sem contar o tempo dispensado para os cumprimentos e fotografias.

No hotel, carrinho de transportar malas virou cenário de foto. (Foto: Divulgação)
No hotel, carrinho de transportar malas virou cenário de foto. (Foto: Divulgação)

Se o cuidado para impressionar os convidados foi cuidadosamente pensando, o vestido não poderia ficar de lado. O modelo escolhido pela noiva incluía um corpete, um bolero e, na parte debaixo, babados.

A idéia era entrar com o rosto coberto pelo véu, mas o nervosismo atrapalhou e ninguém se lembrou. “Eu queria fazer uma moral com a sogra, porque ela sempre falou que achava bonito”, disse. Se um detalhe ficou de lado, outros se sobressaíram, como os cílios postiços, as unhas de porcelana e as sandálias vermelhas.

O repertório musical também foi diferente. A maioria eram músicas cantadas, incluindo uma trilha sonora da Disney. A marcha nupcial foi dispensada. Estéfany entrou ao som de Bruna Karla. O noivo preferiu uma música da banda Catedral.

Dois meses depois do casamento, a noiva, que agora está vivendo a vida de uma dona de casa, se diverte com as idéias que teve, mas garante que recebeu elogios dos convidados.

“Todo mundo pirou. Achou completamente diferente. Não tinham visto ainda. Eu não imaginava que iria ficar daquele jeito. Ficou perfeito. Superou minhas expectativas. Acho que meu casamento foi diferente porque foi meu. Muito básico”, ironizou, caindo na gargalhada.

Estéfany não se considera exagerada, mas reconhece que não é fã do diminutivo. “Eu gosto de tudo no aumentativo. Esse aumentativo, para mim, é moderado. Para os outros é exagero.

Alianças chegaram em um coração de pelúcia. (Foto: Divulgação)
Alianças chegaram em um coração de pelúcia. (Foto: Divulgação)

A vida, sem brilho ou cor, para ela, não tem a mínima graça. “Eu sou uma perua assumida. O que eu posso fazer?”, brincou.

O marido, que deixou a maior parte da organização do casamento nas mãos da amada, diz que os “exageros” de Estéfany foram responsáveis por encantá-lo e faz dela uma mulher única e singular.

“Em um primeiro momento achei ela a pessoa mais perua do mundo. Eu falo que ela é a filha da Hebe. A Hebe foi e ela ficou”, brincou.

Sobre a festa de casamento e a quebra do protocolo tradicional na cerimônia, Wesley deu uma explicação sucinta, sem medir as palavras: “A preocupação era essa: ter muitos padrinhos e de ficar uma coisa cansativa. Mas aí eu pensei: O casamento é meu e as pessoas que eu chamei tinham que entender isso. Era nosso momento. Tinha que ser da forma que a gente achou que deveria ser. Não achei exagerado”.

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