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Comportamento

Afonso Pena já teve faquir que dividiu caixa de vidro com cobras durante 30 dias

O Lado B conta mais uma história guardada em imagens pelo fotógrafo Roberto Higa

Thailla Torres | 29/11/2017 08:04
Faquir passou 30 dias e 30 noites deitado em cama de pregos e cheio de cobras. (Foto: Roberto Higa)
Faquir passou 30 dias e 30 noites deitado em cama de pregos e cheio de cobras. (Foto: Roberto Higa)

Em 1971, um homem apareceu em plena Afonso Pena, dentro de urna de vidro, deitado em cama de ferro e cercado por cobras. Chamado de Zoogan, era o "Faquir da Afonso Pena", exposto no saguão do jornal Diário da Serra, até então, localizado ao lado da Galeria Dona Neta.

A notícia começou a correr Campo Grande. Quem era o homem que passaria 30 dias de jejum, deitado em uma cama como aquela? A fotografia que surgiu nas redes sociais nesta semana, tem assinatura de Roberto Higa, uma das principais memórias de Mato Grosso do Sul, e nosso frequente colaborador.

Dono de um arquivo único, foi buscando recuperar seus registros que o fotógrafo encontrou a imagem do faquir da década de 70. A foto revela em detalhes o comportamento de um homem que passava dia e noite dentro da caixa. 

Cobras atrairam olhares curiosos na época. (Foto: Roberto Higa)
Cobras atrairam olhares curiosos na época. (Foto: Roberto Higa)

"Ele se dizia faquir e mágico, lembro bem que ele ficava de manhã, tarde e à noite no saguão. Prometeu ficar 30 dias e 30 noites deitado naquela cama, ao lado das cobras", diz o fotógrafo.

Segundo Higa, o homem tinha uma aparência de 40 anos, barba sempre feita e "um hobby vinho e preto, de seda, muito elegante para a época", descreve. Mas além da curiosidade, gerava dúvida em que passava por perto. "Tinha gente que não acreditava muito. Tinha meia dúzia de cobras lá dentro, a pergunta era: como eram alimentadas?". 

Um dos guardas noturnos da época, dava brecha para a desconfiança. "Eu perguntei para ele o que o faquir fazia à noite, mas ele não contava, só dizia: não coloco minha mão no fogo por ele".

Apesar da elegância do homem, quem chegava perto sentia o mal cheiro que vinha da caixa. "Cheguei a ver ele todos os dias e sentia aquele cheiro que exalava. Acho que isso era uma maneira de dizer que tudo aquilo era verdade. Mas como tudo na mágica e no ilusionismo é um mistério, aquele homem foi sempre uma incógnita", descreve.

O pesquisador e professor de História, Humberto Alencar, de 52 anos, lembra o medo que sentiu ao ver o faquir pela primeira vez. "Eu era muito pequeno. Tínhamos muito receio de chegar perto. Por mais que ele estivesse em uma caixa de vidro", recorda.

Faquir entrevistado pela jornalista Mara Ferreira em 1971.
Faquir entrevistado pela jornalista Mara Ferreira em 1971.

Humberto morava no bairro Amambaí, quando ele e todas as crianças da rua correram para conhecer Zogaan. "Éramos uma turma de crianças, que brincávamos na rua. Quando soubemos que havia um faquir, não deu outra. A curiosidade nos fez ir ver ao vivo, era coisa que só conhecíamos pelas revistas e filmes da televisão".

A foto de Higa fez ressurgir na memória da atriz e diretora, Andréa Freire, a imagem do homem que na infância a deixou impressionada. "Eu devia ter uns 6 anos, não me lembro bem a idade. Mas vi essa foto, imediatamente veio na memória a imagem desse faquir, uma figura magra, que na época foi impactante e provocativa, isso me marcou muito. Lembro que eu rodeava o local, impressionada e cheia de curiosidade", comenta. 

Um mês dentro da caixa, e o faquir saiu de lá magro, afirma Higa. "Mas isso não significava que ele não tinha comida. Na verdade, ninguém sabia. Na época, o Diário da Serra noticiou sua saída e um dos últimos registros é ele conversando com jornalistas, uma delas, Mara Ferreira como mostra na foto".

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