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Comportamento

Alunas e funcionárias de escola posam para professor em busca da força na beleza

“Liberto a Alma” foi o tema que ele escolheu trabalhar a cartilha sobre a cultura afro e o empoderamento da mulher negra

Thaís Pimenta | 11/11/2018 08:08
Diego arrumou o cenário dentro da própria escola e fotografou 51 mulheres e meninas. (Foto: Diego Torraca)
Diego arrumou o cenário dentro da própria escola e fotografou 51 mulheres e meninas. (Foto: Diego Torraca)

Resgate da autoestima, valorização da beleza natural e do poder da própria imagem. Foram esses os preceitos trabalhados pelo professor de artes Diego Torraca da Escola Municipal Profª Brígida Ferraz Foss na Vila Jacy. “Liberto a Alma” foi o tema que ele escolheu trabalhar a cartilha sobre a cultura afro e o empoderamento da mulher negra em releituras da pintora mexicana Frida Kahlo. E todo mundo virou modelo na escola.

“O modo sugerido para abordar o tema reproduzia o estereótipo da mulher negra então optei por trabalhá-lo de outra maneira. Resolvi representar as nossas próprias alunas, que sofrem bullying, que tem uma autoestima muito baixa”, pontua ele.

Diego então começou a pensar em como poderia desenvolver o trabalho e optou por retratar as alunas e as funcionárias interessadas de uma forma que nunca tinham se visto: produzidas, com cabelo, maquiagem feitos.

A escolha de Frida aconteceu porque quando se pensa em resistência feminina é sempre o principal nome a ser lembrado. As referências estéticas da pintora mexicana também foram levadas em consideração. "Seus retratos sempre estavam rodeados pela natureza, com tiaras de flores, adereços e sempre bem vestida". Com base no estilo de Kahlo, Diego montou o cenário para as fotos.

Benilda se sentiu mais bonita após o ensaio. (Foto: Diego Torraca)
Benilda se sentiu mais bonita após o ensaio. (Foto: Diego Torraca)
Alunas do pré ao nono ano foram fotografadas. (Foto: Diego Torraca)
Alunas do pré ao nono ano foram fotografadas. (Foto: Diego Torraca)

Foram 48 alunas do pré ao nono ano e 3 funcionárias retratadas, um número maior do que o imaginado. “Foi tendo uma procura por parte delas mesma, quando uma aluna entrava em sala maquiada, toda arrumada, outras queriam saber e se interessavam”.

O professor foi idealizador, fotógrafo e editor das imagens. As “modelos” não sabiam que o ensaio estaria exposto na Mostra Cultural da escola e, de surpresa, puderam admirar a si mesmas.

“Muitas se emocionavam, outras nunca tinham participado de uma sessão de foto e adoravam viver aquilo. O resultado ficou explícito na atitude das garotas, que não quiseram mais prender o cabelo, por exemplo. Deu uma injeção de autoestima, melhoraram a postura em sala de aula e interação com os outros alunos”.

A professora coordenadora Rosineida diz que o trabalho foi além de uma simples foto. “Foi um projeto de ressignificação da beleza, da pobreza, da exclusão do padrão de beleza”. Junto de três estagiárias, Andreia Veridiana Costa Serrano, Odilaine de Oliveira e Leia Shibuya., as meninas foram produzidas.

A zeladora da escola, Benilda Antonio de Souza, de 54 anos, foi uma das modelos e resumiu a experiência em uma palavra: única. “Foi um trabalho muito formidável. Veio num momento que a gente não estava esperando e levantou a autoestima. Me senti muito mais bonita e percebi que sou bonita, o que falta é trabalhar essa beleza. Eu pedi para ele tirar uma foto no meu celular, publiquei nas minhas redes sociais e deu uma repercussão enorme. Muita gente que não falava comigo há tempos veio comentar”.

Para quem quiser conferir, o "Liberto a Alma" será exposto na quarta-feira no Shopping Bosque dos Ipês.

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