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Comportamento

Amizade é poder cobrar do outro atenção, carinho e presença. Só que não!

Mariana Lopes | 08/07/2015 06:23
Amizade é poder cobrar do outro atenção, carinho e presença. Só que não!

Era um amigo que fazia muita diferença nos meus dias, fosse para jogar conversa fora ou para discutir sobre a crise existencial que aflige a humanidade. Mas a nossa rotina corrida nos afastou, deixando a nós apenas encontros esporádicos.

Depois de muito tempo sem vê-lo, o reencontrei por acaso e o abraço foi apertado, como se quiséssemos esmagar toda a saudade dos nossos corações. Eu realmente estava feliz em receber o sorriso dele e sentir que o tempo não mudou em nada desde o nosso último “tchau” até o “oi” daquele instante.

Poderia ter sido um momento incrível, no qual contaríamos sobre nós, o que estávamos fazendo, o que havia acontecido nesse período que não nos falamos... Mas eu estraguei tudo! Ao fim do abraço, eu simplesmente soltei um tapa nele e só consegui perguntar porquê raios ele havia sumido por tanto tempo.

Coitado! Ficou sem reação. Afinal de contas, ele só queria saber de mim, da minha vida, dos meus casos, novos projetos e todas essas coisas que amigos sempre querem saber. Mas eu só estava preocupada com a justificativa que ele teria que dar por não priorizar aquela amizade que para mim era tão valiosa.

Resumo da ópera: o pouco tempo que fomos presenteados pelo destino, gastamos “discutindo a relação” e jogando o velho jogo do “empurra-empurra”, para ver quem saia com o troféu de amigo relapso. Nos despedimos com a sensação de que ficamos devendo um ao outro.

A lembrança daquele encontro me acompanhou por alguns dias e não foi apenas pela saudade, mas sim pela minha reação ao encontrar aquele velho amigo. Definitivamente, eu não tinha o direito de cobrá-lo por nada, pois se um dia a ausência existiu em nossa amizade, com certeza a culpa não foi apenas dele. Às vezes, somos cruéis ao exigir do outro aquilo que sequer somos capazes de oferecer.

A maturidade dos anos me fez enxergar que os relacionamentos precisam, sim, de compromisso um com o outro. Precisam de atenção, de carinho, de presença e, principalmente, de reciprocidade. Mas junto a isso deve caminhar a liberdade e o respeito pelo outro como ele é, entendendo inclusive a fase na qual cada um está.

A partir daquele dia, tento manter um contato frequente com meus amigos e fortalecer nossos laços. É um desafio diário, pois nem sempre consigo organizar tudo o que me disponho a fazer nas míseras 24h de um dia.

E o mais importante: não espero mais por uma mensagem, um telefonema, um convite... Eles podem não chegar, e sei que não é nada é pessoal. O amor não precisa de desculpas ou justificativas, por isso, não deixo mais o momento passar sem matar a saudade no abraço.

*Mariana Lopes é jornalista e colaboradora do Lado B

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