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Comportamento

Amizade improvável faz de cão de guarda violento um irmão mais velho brincalhão

Paula Maciulevicius | 04/09/2015 06:48
Lugano e Junkie. O fila brasileiro e o vira-latinha sorridente. (Foto: Alcides Neto)
Lugano e Junkie. O fila brasileiro e o vira-latinha sorridente. (Foto: Alcides Neto)

Um vira-lata de 6 quilos ao lado de um fila brasileiro de 55. A amizade improvável da dupla rende fotos incríveis aos donos dos cães. Há pouco mais de um mês eles passaram a dividir o mesmo terreno, brincar juntos e até fazer a guarda da casa, um na companhia do outro.

Lugano é o cão da raça fila, Junkie, o vira-latinha. Enquanto o nome do primeiro é imponente, o segundo sugere um pequeno brincalhão. Criador de cachorros da raça desde 2001, o fotógrafo Alcides Neto, de 26 anos, explica que as características de Lugano são de ojeriza a estranhos, ser funcional para segurança domiciliar, ter apego ao dono e lealdade absoluta à família.

"Ele é muito agressivo e seria sim, capaz de matar uma pessoa, mas eu gostaria que vocês vissem eles para sentir a energia e ver como o Lugano passa de um cão violentíssimo, para um irmão mais velho brincalhão", descreve.

Os dois num momento de tamanha intimidade. (Foto: Alcides Neto)
Os dois num momento de tamanha intimidade. (Foto: Alcides Neto)

Lugano chegou à casa de Alcides com 4 meses, o tempo passou rápido e isso já tem mais de 1 ano. Junkie foi adotado há pouco mais de 2 meses, quando tinha apenas 45 dias.

A ideia inicial era de manter o vira-lata, sozinho, na casa da namorada de Alcides, a bióloga Bruna, mas depois de uma tentativa de assalto à residência, o cão de guarda se mudou e veio ao fotógrafo a iniciativa de socializar os dois.

"No começo o Lugano não gostava dele, a gente mostrava um para o outro, depois comprei uma fucinheira e soltei os dois no mesmo espaço, mas sempre junto", explica Alcides.

Para que o cão não relacionasse o pequenino com o uso da fucinheira, Alcides mudou de estratégia e resolveu que iria "ganhar" Lugano de outro modo: usando uma das coisas que o fila mais gosta, de passear.

"Toda vez que eu levava o Lugano para passear, pegava o Junkie no colo, até que comecei a confiar em deixar os dois juntos", conta.

Por levar tudo na brincadeira, o vira-lata adorou a ideia e viu no cachorro maior a oportunidade de extravasar a energia. "Eles brincam juntos, é muito engraçado. De pega-pega, se tem osso, ou pedra no quintal, fica um correndo atrás do outro tentando tomar", relata a bióloga e professora de Biologia, Bruna Ramos de Almeida, de 22 anos.

Junkie e todo seu tamanho fazendo "guarda" no portão. Reparem a 'cara' do Lugano. (Foto: Alcides Neto)
Junkie e todo seu tamanho fazendo "guarda" no portão. Reparem a 'cara' do Lugano. (Foto: Alcides Neto)
Um corre atrás do outro (Foto: Alcides Neto)
Um corre atrás do outro (Foto: Alcides Neto)
E o outro corre atrás de um. (Foto: Alcides Neto)
E o outro corre atrás de um. (Foto: Alcides Neto)
Ignorando seu tamanho, Junkie morde o maioor. (Foto: Alcides Neto)
Ignorando seu tamanho, Junkie morde o maioor. (Foto: Alcides Neto)

Ao lado de Lugano, Junkie diz que brinca de igual para igual, ignorando o porte físico quase 10 vezes menor. "Ele rosna, pula e também fica bravo. Quando o Lugano vai fazer a guarda do portão, ele vai latir junto. É muito engraçado", descreve a bióloga.

Segundo Bruna, como o Lugano é mais velho, ele entende que o Junkie é mais bobinho. "Quando o Junkie vai morder, ele deixa, se ele vai brincar, quase não morde", fala Bruna. Os dois brincam e até dormem juntos, mas o vira-latinha precisa respeitar a hora da ração do mais velho. "Tem certas coisas que o Lugano não tolera, não pode nem chegar perto da ração dele, mas as próprias brincadeiras entre eles deixam subentendido quem é o macho alfa", explica Bruna.

A bióloga relata que na comunicação entre eles, o Lugano sabe que a liderança é dele, um exemplo é a urina por todo o terreno. "Ele deixa todo cheiro dele no espaço", exemplifica. Por Junkie ter sido retirado da ninhada novinho e não ter convivido com os irmãos e pais, fator determinante para que o cão aprenda quem manda, as atitudes em casa com os donos eram de morder e latir. Coisa que mudou depois do convívio.

"Ele mudou totalmente, está bem mais carinhoso, calmo, submisso. Antes ele comia o tempo todo, agora adquiriu o mesmo costume do Lugano, de comer sem se esganar, à noite", compara Bruna.

E se, por acaso, o fila sair de cena, o vira-latinha chora. "Ele quer ir com o Lugano, é uma coisa inacreditável. A gente não esperava uma adaptação muito rápida".

Observando a rua. (Foto: Alcides Neto)
Observando a rua. (Foto: Alcides Neto)
O afeto entre os dois. (Foto: Alcides Neto)
O afeto entre os dois. (Foto: Alcides Neto)
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