Amor por plantas virou orquidário com 400 espécies na casa de Rheury
Promotor de vendas comprou até "estufa" própria para fazer a germinação das plantas
O que há anos foi uma compra inocente de uma planta em uma feira, hoje se transformou em um orquidário com mais de 400 plantas da espécie. O hobby de Rheury Damião da Silva Duarte, de 40 anos, faz o promotor de vendas sorrir só de falar sobre o assunto. O entusiasmo é tão grande que ele resolveu fazer um cantinho especial em casa só para a germinação das orquídeas.
Ali, no laboratório, tem temperatura certa, vedação de vidros e até uma estufa própria para fazer os “experimentos” de cruzar as espécies. Ele conta que cultiva duas em específico: as chamadas Cattleya Nobilior e Cattleya Walkeriana. As flores ainda não apareceram este ano porque a época para isso começa entre julho e setembro.

Ele conheceu as orquídeas em 2008, na chácara da tia. Mas foi só no começo de 2018, numa feira no Guanandi, que Rheury se apaixonou de verdade. Ele viu um senhor vendendo mudas e acabou comprando algumas. A partir dali, foi conhecendo mais, até entrar para uma associação e mergulhar nesse mundo.
“Escolhi essa planta pela dificuldade e pelo perfume delas. É uma coisa que você vê elas se desenvolvendo, as raízes ficam expostas, você vê elas ficando saudáveis. Essas são espécies de orquídeas que são de árvores, a gente deixa em troncos e vão crescendo. Desde que esteja na forma certa, dá certo, vai criando raízes e vai grudando neles.”
Ele acrescenta que vende poucas mudas, mas, quando faz isso, são colecionadores que o procuram.
“A mais barata chega a R$ 100. Tem uma que chegou a ser vendida por R$ 30 mil há uns anos. É uma planta antiga, de uns 25 anos. Hoje, ela deve custar de R$ 800 a R$ 1.000 uma muda. Tenho ela aqui. É uma semi alba nativa, chamada de Cattleya schilleriana semi alba. Dizem que ela foi a primeira dessa variedade a ser encontrada.”
O orquidário foi construído na frente da casa dele com a ajuda do pai. Agora, eles estão fazendo uma segunda “estufa”. Para ele, entre as 400 plantas, a mais especial é a Semi Alba Gnomus.
“Isso é como a minha terapia. Venho, cuido, adubo, olho a qualidade, se tem fungo ou inseto. É um cuidado gostoso para que elas deem a flor na época certa. Ela não é difícil, desde que tenha o ambiente certo para ela, saber a espécie e o ambiente que ela gosta. Aí você se apaixona. Eu escolhi as duas espécies que cultivo por elas serem nativas do Centro-Oeste, por causa do clima seco. Elas aguentam a seca. Coloco água quando não está chovendo, umas duas vezes por semana. A gente tenta seguir o ciclo da região. Não dá pra molhar direto, isso pode matar ela.”
Segundo ele, a flor varia muito de forma. O que os amantes de orquídeas colecionam é justamente isso: a forma da flor. Ele mostra uma que tem as pétalas mais separadas umas das outras e uma segunda em que elas estão juntas. “Quanto mais fechada e mais redonda for, ela se torna mais colecionável. Vamos dizer que é mais rara”, explica.
Se cultivadas e armazenadas de maneira correta, as plantas que Rheury cuida duram mais ou menos 1 mês, se estiverem em ambiente adequado, ou seja, mais fechado. Caso o dono deixe fora, pegando sol e chuva, o tempo de vida reduz pela metade.
“Não tem muito segredo para cuidar. O que muda é o substrato. Às vezes colocamos as plantas com pedras, às vezes só na madeira. Não pode ser muito úmido ou seco, tem que ser aerado.”
Este ano, ele começou a germinar sementes em uma capela de fluxo laminar semi-profissional. É um processo técnico, que começa com a polinização — consiste em tirar o pólen de uma flor e colocar em outra. Depois do processo, ela gera uma cápsula com sementes, que é colocada em um meio de cultura com os nutrientes certos. É um caminho longo, com várias fases, até chegar à planta.
“Tem todo o trabalho técnico para poder germinar com mais qualidade. A planta precisa disso para crescer fora do habitat dela. Estudei biomedicina por três anos, por isso gostei disso de combinar as plantas. Tranquei o curso. Foi antes da pandemia. Quando virou EAD, vi que não funcionava pra mim. Hoje penso em fazer biologia, porque é com plantas que eu quero mexer.”
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