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Comportamento

Após adotar filho sem 1 imagem na bagagem, Gui transformou fotos em presentes

No Bairro Noroeste, o publicitário fez a primeira sessão de fotos com crianças que nunca tiveram uma imagem imprensa

Thaís Pimenta | 02/10/2018 07:34
As 80 crianças receberam suas foto em um kit, com doces, e muitos faziam questão de se mostrar para os voluntários. (foto: Paulo Francis)
As 80 crianças receberam suas foto em um kit, com doces, e muitos faziam questão de se mostrar para os voluntários. (foto: Paulo Francis)

Com selfies postados a todo momento, a maioria das pessoas faz registros de tudo que se passa na vida. Seja naquele dia em que acorda se sentindo bonito, seja a comida na prato, o por do sol, a família reunida, fotografar a si e ao redor é tão comum que pouca gente reflete que uma outra parcela da população nem acesso a aparelho celular com câmera tem e, muito menos, carrega uma única foto de si, nem que seja para se recordar, no futuro, de como era ser criança, por exemplo.

Por falta de acesso, de dinheiro, de tempo, crianças em situação de abandono, de desestrutura familiar, jamais estiveram em frente às câmeras, e foi isso que motivou o fotógrafo e publicitário Guilherme Rosa a iniciar o projeto Retrato de Amor, que começou por uma reflexão do que ele viu acontecer dentro de sua própria casa, com seu filho.

"O Luís Guilherme é adotado e quando ele chegou em casa, com 4 anos, não tinha nenhuma foto quando bebê ou mais novo. A escola havia pedido para uma lembrança que estavam preparando e aquela situação me marcou muito como pai".

Foi por isso que ele arregaçou as mangas e decidiu fazer algo, com o que tinha e podia, para o próximo. E no dia 16 de setembro levou um mini estúdio fotográfico para dentro da sede do projeto Recriar, no bairro Noroeste, acessórios divertidos "emprestados" de outras pessoas, e muito amor no coração para que aquele dia pudesse ficar marcado no coração de cada uma das 80 crianças que são atendidas pelo Recriar.

Domingo foi de entrega de fotos e de almoço, como é tradição no projeto Recriar. (foto: Paulo Francis)
Domingo foi de entrega de fotos e de almoço, como é tradição no projeto Recriar. (foto: Paulo Francis)

"As pessoas associam caridade à dinheiro. Eu, por exemplo, não gastei um centavo com a primeira sessão de fotos que fizemos. Tudo que faltou a gente se organizou e recebeu emprestado, ou doado de outras pessoas que acreditaram na importância do projeto", conta ele.

Amiga de Guilherme, foi Karla Martinez, do Bazar do Bem, quem apresentou e sugeriu que a primeira parada do projeto de fotografias acontecesse no Recriar. "Sugeri porque aqui é feito um trabalho muito bonito, de formiguinha mesmo, e não é todo mundo que conhece, É um número muito grande de crianças atendidas".

A entrega das fotografias aconteceu no último domingo. As crianças, numa euforia, comemoravam, ansiosas, pela imagem que estavam por receber. "No dia da fotos eu senti um misto de emoções. Uma tristeza por saber e entrar em contato com a situação deles, de pais usários de drogas, com problemas com o tráfico, presos. E também um felicidade por saber que, de alguma forma, estou contribuindo para melhorar sua vida".

Elas se sentiram num dia de rainha, e eles num dia de rei. (Foto: Acervo Pessoal)
Elas se sentiram num dia de rainha, e eles num dia de rei. (Foto: Acervo Pessoal)
Guilherme fotografava e mostrava para as crianças. (foto: Acervo Pessoal)
Guilherme fotografava e mostrava para as crianças. (foto: Acervo Pessoal)
Guilherme criou o projeto por conta de seu filho, adotado que chegou em casa com 4 anos sem nenhuma foto.
Guilherme criou o projeto por conta de seu filho, adotado que chegou em casa com 4 anos sem nenhuma foto.

O Retrato de Amor vai de projeto a projeto, com a mesma intenção, e entrega, sempre em porta retratos, as fotos para as crianças. "Eu tenho a vontade de focar também em meninas de 15 anos porque é um momento especial para elas e, como disse, muitas não tem uma memória de si guardadas. Para o futuro quero levar o projeto para os asilos também".

Para Tamara Rodrigues, voluntária fundadora do Recriar, foi emocionante ver a reação das crianças no dia da aptação das fotos. "Muitas se negavam a fotografar por receio, por se sentirem feias, foi um processo, para alguns, difícil, de se ver na câmera, de cabelo raspado, com os dentinhos cariados, Em compensação, para outros, foi um momento de diversão e acredito que, de qualquer forma, contribuiu para a autoestima deles ter um dia de rei e rainha aqui no projeto".

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Grupo de voluntários e de crianças do Recriar juntos, no domingo, que contou com brincadeiras, entrega das fotos, e almoço. (foto: Paulo Francis)
Grupo de voluntários e de crianças do Recriar juntos, no domingo, que contou com brincadeiras, entrega das fotos, e almoço. (foto: Paulo Francis)
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