Após salvar criança e grávida de afogamento, família pede a promoção de "herói"
Ainda está nos trâmites de coleta de depoimentos para constatar se houve ou não, ato de heroísmo por parte do cabo da Polícia Militar no feriado do dia 12 de outubro. Osmar Lara Brandão, tem 44 anos, 16 deles dedicados à corporação. No dia em que ele salvou um menino de 10 anos e uma jovem grávida de afogamento no rio Taquari, na região das Palmeiras, ele diz ter ouvido os gritos e agido por instinto. Osmar estava na hora certa, no lugar certo.
Nessa segunda-feira, o menino que era levado pela correnteza no dia deu o depoimento dele. Gabriel Santos, de 10 anos, nasceu de novo pela mão de duas pessoas. A primeira a prestar socorro foi a dona de casa Evelyn Costa, de 20 anos, que só veio a saber nesta semana que já estava grávida no episódio.
“Na hora em que eu vi, ele estava se afogando. Eu joguei tudo e pulei para pegar ele. Tinham duas mulheres fora da água que não sabiam nadar, não tinha homem por perto”, descreve Evelyn que naquele momento, a coragem e o instinto materno, ainda desconhecido por ela, falou mais alto.
“Eu jogava ele para o alto para ele não afundar. Eu nem sei como te falar, nem eu acho que fiz aquilo, nunca tinha feito salvamento na minha vida. Mas jamais vou ver uma pessoa se afogando e não vou ajudar”, comenta.
Nas tentativas de salvar o menino, Gabriel no desespero, afundava Evelyn. A jovem gritou por socorro e foi ouvida pelo cabo que chegava de uma pesca e atracava o barco à margem. “Se não fosse ele, a gente tinha rodado, ele foi um vitorioso porque salvou duas vidas”.
Osmar retirou da água primeiro o menino e depois a mulher. Evelyn não sabia, mas já estava grávida e hoje, ela entra no terceiro mês de gestação. “Eu agradeci muito, mas muito mesmo ele”.
Gabriel só se lembra de estar na água e o barranco cair, atirando-lhe à correnteza e do cansaço que sentiu ao tentar nadar. “Eu estava assustado, apavorado, daí ela pulou e começou a gritar bem na hora que ele estava passando de barco”, diz.
O cabo tem fala simplória, de quem não tem mensura da dimensão do ato praticado. “Nadar bem, não nado não, mas o negócio é instinto, quando eu escutei, corri lá. Eu faria de novo, se eu visse acontecer um negócio desses”, fala.
Ele já tinha descido do barco e retirava os itens de pesca quando o socorro chegou aos ouvidos. Casado e pai de três filhos, ele desconhece de que forma pode haver a promoção. “Eu não sei não, depende do comando. Eu sou cabo, se fosse promovido, seria para sargento, mas eu não sei, não mexi com isso aí”, relata.
Ele não, mas quem viu e presenciou está lutando para que o reconhecimento de salvar vidas vire uma patente maior. Osmar já foi condecorado na Câmara de Vereadores do município de Coxim e se depender das duas vidas salvas, já se tornou sargento.
“Eu quero muito que ele ganhe, a gente deve a vida a ele”, argumenta Evelyn. Quem fala por Gabriel é a mãe, Vivianne Nunes Santos. “Eu chorei um monte, se eu pudesse retribuir de alguma forma. Eu vou fazer de tudo para ele ganhar essa promoção, ele salvou a vida do meu filho”, diz.
A gratidão da mãe tomou dimensão maior com a gravidez de Evelyn. Os agradecimentos a ela já haviam sido feitos, mas ao saber que ela esperava um bebê. “Ambos não pensaram nas próprias vidas quando pularam, pensaram apenas em tirar meu filho daquele rio e isso é algo que me enche os olhos e o coração. Saber que ainda há pessoas de bom coração no mundo”, diz sobre os anjos de Gabriel, Evelyn e Osmar.