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Comportamento

As 95 anos, termina a história da criadora do bar mais famoso de Campo Grande

Hatsu Kanashiro Hokama, Dona Maria, como é conhecida em Campo Grande, criou o Bar do Zé

Ângela Kempfer | 19/04/2017 10:29
Dona Maria partiu na madrugada de hoje. (Foto: Reprodução/Facebook)
Dona Maria partiu na madrugada de hoje. (Foto: Reprodução/Facebook)

A história foi um pouco injusta com Hatsu Kanashiro Hokama. Dona Maria, como é conhecida em Campo Grande, criou um ponto tradicional da cidade, mas não deixou o nome na fachada. Por isso, os homens da família sempre foram mais lembrados.

Madrugava para percorrer leiterias e abrir as portas assim que o movimento começasse no Centro, isso em 1953. Quatro anos após a abertura do Bar São Jorge, o marido morreu e a esposa teve de seguir com os planos ao lado de um dos filhos, José, ainda adolescente. 

Em meados da década de 1960, o lugar ganhou a movimentação política que lhe rende a fama até hoje. Frequentado por intelectuais e jornalistas, foram eles que resolveram rebatizar o endereço de Bar de Zé.

No ano passado, a família Okama perdeu seu Zé. Na madrugada de hoje, quem partiu foi Maria, a menina que aos 8 anos saiu de Okinawa, no Japão, e construiu uma família enorme em Mato Grosso do Sul.

A saúde não deu conta dos 95 anos de vida, com energia plena durante décadas para criar os 10 filhos e lucidez persistente até o último reflexo de brilho nos olhos.

Quando perdeu o marido, ela tinha apenas 33 anos e o caçula completava 11 meses de vida. Maria foi criando a escadinha, formando um a um, e acabou deixando o bar para o filho Zé empreender sozinho.

Adeus - No domingo, Maria foi internada com sangramento no esôfago e debilitada pela idade morreu nesta quarta-feira. Mas nem a dádiva de tanto tempo acompanhando a vida gerar filhos, netos e bisnetos, diminui a tristeza da despedida. “Vamos sentir muita falta. Minha avó era uma fortaleza. Sofreu a perda de 6 filhos, mas nunca se entregou”, diz a neta, MariângelaOkama.

Hoje, quem toca o bar é o irmão dela, Márcio, e a cada perda na família, os motivos de manter o lugar aberto há 64 anos só aumentam, para o bem da cidade que teima em apagar boa parte da história impressa em prédios no Centro.

O velório de Maria Okama ocorre na capela Nipo Brasileira, na Avenida Mato Grosso, 952. O sepultamento será amanhã, no Cemitério Santo Antônio, mas sem horário definido ainda.

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