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Comportamento

Banca de revistas pornô resiste na periferia, com regras para quem quer entrar

O local está na praça da Vila Jacy em Campo Grande e conta com 350 revistas eróticas que estão à venda por R$10,00

Alana Portela | 19/08/2019 07:49
Erivaldo Gomes da Silva embalando a revista (Foto: Alana Portela)
Erivaldo Gomes da Silva embalando a revista (Foto: Alana Portela)

Com a era digital, são poucas as pessoas que compram revistas pornô para dar aquela bisbilhotada na grama do vizinho. A facilidade de acesso aos sites pornográficos e aquele grupão de WhatsApp, o têm facilitado os nudes. Contudo, a Banca do Dedé resiste a crise na praça da Vila Jacy, na rua Brigadeiro Tobias, em Campo Grande.

“As revistas estão se acabando, mas tenho que vender junto com outras coisas para sobreviver. Quando peguei esse ponto, já tinham as revistas. Comprei a banca e continuei com elas, pois, quis manter o padrão. Contudo, não existem mais dessas revistas para serem compradas. São muito antigas”, conta Erivaldo Gomes da Silva, 63 anos.

Ele é proprietário da banca há 15 anos e ficou conhecido na região pelo apelido de Dedé. Natural da Paraíba, veio do Nordeste para arriscar na vida como autônomo em Campo Grande, ainda na adolescência. Na época, tinha 17 anos e começou a trabalhar de mascate, vendendo roupas de cama. Depois, passou a atuar fidelizando a clientela em crediários.

Dedé olhando a revista para embalar. (Foto: Alana Portela)
Dedé olhando a revista para embalar. (Foto: Alana Portela)

Nesse tempo, ele com os ânimos a flor da pele, gostava de colecionar as revistas eróticas. “Eu olhava e ia assistir os filmes no antigo cinema da cidade. Hoje não é mais como antigamente”, afirmou. 

“O primeiro dia que foi aberto, as pessoas acharam interessante. Conheço quase todas as pessoas do bairro, muitas vêm aqui”, afirmou. A banca é pequena, está na Rua Eduardo Tobias, mas conta com um sofá para o cliente passar o tempo. Enquanto descansam, Dedé aproveita para um bate-papo, fazer amizade. É um jeitinho de se aproximar das pessoas.

As revistas são vendidas por R$ 10. Como a maioria está aberta, não plastificada, Dedé é camarada e deixa o cliente dar uma folheada. Entretanto, existem regras para frequentar o local. “Se os homens estão aqui mexendo numa revista e chega uma mulher, só dou uma olhada e ele já sabe que é pra fechar. As mulheres às vezes compram as revistas, mas é raramente. Crianças são proibidas, não entram pra ver nada”, garante.

Dedé mostrando uma das revistas à venda na banca.(Foto: Alana Portela)
Dedé mostrando uma das revistas à venda na banca.(Foto: Alana Portela)
São mais de 300 exemplares (Foto: Alana Portela)
São mais de 300 exemplares (Foto: Alana Portela)

Apesar de ser um local erótico, Dedé cjura que nunca passou por momentos constrangedores por conta do trabalho, mesmo aberto de segunda a segunda, das 6h às 18h.

São mais de 300 exemplares antigos na vitrine, expostos para todos verem. “Hoje, quem traz esse tipo de revista são colecionadores. Vendia muito pra eles, indo para coleções, a maioria delas deixo somente aqui na banca e não levo para casa. A gente se acostuma já sabe o que tem ali dentro”, completa.

Ainda é da banca de revista que Dedé custeia as despesas de casa. “Pago o aluguel, às vezes fico apertado. Até a luz fica difícil. Não sou casado nem tenho filhos, mas complica porque tenho que mandar dinheiro pra minha mãe no Nordeste”.

Contudo, apesar das dificuldades, ele não desanima e espera dias melhores. Além das revistas, ele também conta com jornais e gibis. Como são antigas, Dedé limpa carinhosamente e plastifica para expor e vender. “Ninguém nunca reclamou dos produtos. Todos são vendidos em perfeitas condições”, afirma e aproveita para avisar: "Aceito doações ou troco de revistas antigas".

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Banca fica na praça da Vila Jacy, na rua Brigadeiro Tobias, em Campo Grande.
Banca fica na praça da Vila Jacy, na rua Brigadeiro Tobias, em Campo Grande.
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