ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
JUNHO, SEXTA  27    CAMPO GRANDE 26º

Comportamento

Cabra Véio faz cachaça de tudo em bar raiz, mas fiado nem se chorar

Com pinga própria e tijolo sem reboco, pernambucano mantém bar sem frescura há anos

Por Natália Olliver | 27/06/2025 07:27
Cabra Véio faz cachaça de tudo em bar raiz, mas fiado nem se chorar
Djair ganhou apelido de cabra véio que não vende fiado no bar (Foto: Natália Olliver)

Sem letreiro chamativo e com o nome pintado direto na parede, o bar do Dejair de Souza, ou cabra véio, é daqueles que a gente volta no tempo. O local não tem muita coisa, mas o pouco que tem é o suficiente para ele manter a cara de boteco raiz e sem frescura.

Há 13 anos na Avenida Ernesto Geisel, o pernambucano faz questão de expor as inúmeras garrafas de Jamel curtidas há anos na parede e as cachaças que ele mesmo faz. O cabra véio já adianta: ali ele não vende fiado.

Aos 59 anos, Djair conta que faz cachaça de guavira, abacaxi e até de coco. O carro-chefe é o pinga que tem a mesma idade que o bar. No balcão de tijolo sem reboco, petiscos simples para acompanhar a jogatina de sinuca na única mesa disponível. Ele conta que o sem saber, os próprios clientes deram o nome do bar.

Cabra Véio faz cachaça de tudo em bar raiz, mas fiado nem se chorar
Com estilo buteco raiz, pernanbucano coleciona jamel curtido há 13 anos (Foto: Natália Olliver)

Apesar de amar o trabalho, ele explica que só o lucro do bar não sustenta a família, por isso resolveu fazer fretes.

"Começaram a me chamar assim de cabra véio e eu botei o bar com esse nome. Vim para Mato Grosso do Sul em 1994, sempre mexi com bar e frete. Aqui é diferenciado. Tem que atirar pra todo lado. O bar é simplão. Não fiz bar gourmet, é bar antigo, com pinga exposta. Eu abro 6h e vai até 22h, só eu e minha mulher."

Tímido, ele demora até se abrir para contar um pouco da história. Antes de mexer com bar, ele vendia rede, lençol e panela nas ruas. Com o passar dos anos, conseguiu investir em um estabelecimento em Pernambuco. Depois se jogou no mundo para fazer frete nas cidades.

"Vim parar aqui andando nesse mundão de meu Deus. Saí pro mundo, trabalhei um pouco em Belo Horizonte. Vim para Corumbá. Eu mexia com venda de lençol, panela, rede na rua. Em Pernambuco eu tinha um bar também."

Cabra Véio faz cachaça de tudo em bar raiz, mas fiado nem se chorar
Cahaças de guavira, abacaxi e coco feitas por Djair (Foto: Natália Olliver)

Sobre a placa de "não vendo fiado", ele ri e revela que não é muito de conversa, por isso tratou logo de informar a clientela que ali não existe deixar para amanhã.

"Não gosto muito de conversar, sou meio tímido. Em Pernambuco, meu bar era rústico. Sempre gostei de bar bem montado e bem surtido. Tem cabra que abre bar com quatro litros de pinga na mesa. Pra mim isso não é bar. Tem que ser rústico."

A dose de pinga varia de R$ 3 a R$ 5 e é bem pedida no lugar. "Vendo a dose e a garrafa, o que o cabra quiser." A clientela, segundo ele, não é grande, mas é fiel. "Os clientes são antigos e batem ponto. Eu dependo disso, mas o movimento é baixo. De dia o pessoal vem mais buscar refrigerante, de noite a pinga. Aqui tem muita gente que quer cigarro."

Quando Djair precisa sair para um frete, é Solange dos Santos, esposa há 20 anos, quem assume o balcão. "É só eu e minha mulher. Nós dois que damos conta disso aqui."

Cabra Véio faz cachaça de tudo em bar raiz, mas fiado nem se chorar
Cabra Véio faz cachaça de tudo em bar raiz, mas fiado nem se chorar
Pernanbucano está há 13 anos na Avenida Ernesto Geisel, em Campo Grande (Foto: Natália Olliver)

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias