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Comportamento

Com 245kg de porco assado, clube mantêm tradição e reúne amigos há 49 anos

Cerca de 300 pessoas participaram do evento de ontem, realizado na Vila Santo Eugênio, em Campo Grande

Alana Portela | 19/08/2019 07:37
Foram assados 16 porcos para atender os amigos do clube (Foto: Paulo Francis)
Foram assados 16 porcos para atender os amigos do clube (Foto: Paulo Francis)

Com 245 quilos de porco assado, o clube “Quarteirão de Amigos” mantém a essência de reunir família e amigos para confraternizar há 49 anos. Os assadores chegaram às 4h da madrugada de ontem (18), para preparar fogo da churrasqueira e dar conta de atender a demanda.

“Foram 16 porcos com média de 17 quilos cada. É o porco sarandi. Usamos uma caixa de limão-rosa para temperar e armazenamos numa caixa térmica para que hoje [domingo] só retirasse pra assar”, conta Antônio Braz da Silva, 75 anos.

Ele é conhecido entre os amigos como Toninho, e está no clube há 40 anos. Virou o churrasqueiro oficial da equipe e adora assar carne para a galera. Ver toda aquela gente se empanturrando de carne e elogiando é motivo de alegria. “Há 10 anos a gente faz o porco. Gosto muito do que faço, por isso saí da minha casa às 3h da madrugada para começar a mexer com o fogo. Os porcos foram comprados de um criadouro com o dinheiro da venda dos convites que os integrantes fizeram”.

Toninho e mais três assadores, também membros do clube, se prontificaram a assar a carne no clube, localizado na Vila Santo Eugênio, em Campo Grande. 

Antônio Braz é o assador oficial e falou sobre o preparo da carne (Foto: Paulo Francis)
Antônio Braz é o assador oficial e falou sobre o preparo da carne (Foto: Paulo Francis)

Os preparativos para o churrasco começam um dia antes, para que tudo esteja encaminhado no domingo. Enquanto os associados trabalham, os convidados aproveitam a festa bebendo e ouvindo música ao vivo.

Toninho comenta que o Quarteirão surgiu nos anos 70, criado por 25 amigos que trabalhavam como representantes comerciais. “Eram viajantes que um ajudava os outros. Depois se expandiu, mas para fazer parte do clube é preciso passar por uma avaliação técnica e ser aprovado”. 

Nem toda pessoa que tenta consegue entrar para o clube. Os novos integrantes precisam ser convidados pelos membros atuais. Depois terão a ficha criminal analisada e a família passa por uma entrevista realizada pelos “quarteiranistas” e somente após tudo aprovado, se tornam sócios do grupo, garante Antônio.

Mara Franco, 50 anos, foi a cozinheira da festa. Ela com outras associadas realizaram a preparação do almoço. "Vim um dia antes para cuidar separar todos os ingredientes, pra nada faltar. Lavei as verduras, separei o feijão e as toalhas para as mesas. Hoje [domingo], cheguei às 7h para cozinhar", disse.

Ela contou que todo mês os membros do clube se reúnem para falar sobre os eventos e o que precisa melhorar no local. "Fazemos vários festas. No mês de outubro a gente traz as crianças para comer e se divertir". No cardápio da festa tinha macarronada, arroz branco, feijão tradicional e feijão com porco, mandioca e saladas de alface, rúcula e maionese.

Enquanto os assadores cortavam a carne, os convidados serviam (Foto: Paulo Francis)
Enquanto os assadores cortavam a carne, os convidados serviam (Foto: Paulo Francis)
O assador usando o maçarico para fazer pururuca (Foto: Paulo Francis)
O assador usando o maçarico para fazer pururuca (Foto: Paulo Francis)
Dois assadores levando o porco para ser servido no (Foto: Paulo Francis)
Dois assadores levando o porco para ser servido no (Foto: Paulo Francis)

Cerca de 300 pessoas participaram do evento de ontem. “Tínhamos eventos de 800 a mil pessoas, hoje diminuiu bastante, mas preferimos poucas pessoas para atender com melhor qualidade. Não é somente por dinheiro, é o prazer de receber os amigos e sermos prestigiados pelo bom trabalho. Nos encontramos aos finais de semana”, comenta Benito Franco Filho.

Ele é o presidente do local, também trabalha como representando comercial. Faz parte do Quarteirão há 25 anos e conta que o motivo da fundação do clube era ajudar os colegas de profissão, que sofriam acidentes ou adoeciam. “Fazíamos os eventos para poder ajudar as famílias que estavam sem condições”.

O clube também existe em São Paulo e em outras capitais do país. Benito relatou que a maioria dos fundadores do local já faleceram. “Clementino Garcia e Hortêncio Luis Miranda foram os primeiros. Hoje os filhos deles contribuem com o local”, disse. Todo associado paga uma mensalidade para as manutenções básicas do espaço. “É feita a divisão dos custos entre os associados”.

InícioNo começo, o clube ficava na saída para Cuiabá, mas em 1979 a prefeitura da Capital cedeu o terreno onde, atualmente, está instalado o clube. Na época tiveram que começar do zero, e primeiro construíram uma casa para ser o ponto de encontro. Depois, as coisas foram ampliando.

A estrutura aumentou, fizeram um galpão, salão de festas, sala de reunião, cozinha e até piscinas. Para que tudo ficasse pronto, foram necessários dez anos de trabalho duro.

“Fizemos ambulatórios dentários para atender a população vizinha gratuitamente. Hoje não temos mais esses serviços, pois é difícil encontrar pessoas que consigam realizar esse trabalho voluntariamente. Aqui todos os membros são voluntários e realizam ações para arrecadar dinheiro e depois contribuir com instituições carentes”, afirmou.

O comerciante Wagner Miranda é frequentador assíduo do local desde 1979. “Aqui é um ambiente familiar. Trago minha esposa e filhos”. Ele é tesoureiro e contou que também alugam o espaço para festas e eventos privados, dessa forma conseguem custear as despesas e manutenções do clube.

Mara Franco de blusa escura ao lado dos outros cozinheiros (Foto: Paulo Francis)
Mara Franco de blusa escura ao lado dos outros cozinheiros (Foto: Paulo Francis)

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  • (Foto: Paulo Francis)
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