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Comportamento

Com campanha no Facebook, marido quer esposa de volta

Ângela Kempfer | 05/11/2012 13:16
Mariano no dia do casamento.
Mariano no dia do casamento.

Domingo, depois de um baile com mais de 600 pessoas, ele se sentiu só. Correu para o computador e em tom meio desabafo, meio desespero, pediu o apoio dos amigos no Facebook para ter a esposa de volta.

“Essa semana, depois de uma discussão, ela pediu um ‘tempo’...enfim me deu um belo fora, e o pior de tudo é que ela tem razão. Só quando a gente perde a pessoa que ama é que para pensar no que fez. Bem, como ela pediu um ‘tempo’ eu tô aqui pedindo ajuda de vocês. Quero fazer uma campanha tipo assim: Ângela, ele é um F.D.P, mas te ama. Talvez se vocês compartilharem e ligarem para ela, ou passar SMS, ela volte pra mim...afinal de contas, se só eu pedir é uma coisa, mas se umas 500 pessoas pedirem quem sabe ela volta”.

A mensagem apaixonada foi escrita por Mariano Cabreira, homem que ficou conhecido pela política em Campo Grande, mas que agora é só um marido abandonado. A resposta foi imediata, como comentários e compartilhamentos. Depois de ler o texto, pedi a entrevista já imaginando que encontraria um descontrolado, mas foi bem diferente.

Durante a conversa com o Lado B, por duas vezes o homem chorou, mas não demonstrou desequilíbrio, apenas saudade mansa, daquelas que dá dó de ver. Adorei o exemplo do tipo “amar não é pecado”.

Mariano tem certeza que errou com a esposa, com quem vive há 10 anos e tem 2 filhos, por isso aproveita para recomendar. “A gente não enxerga a companheira. Leva a vida sem saber onde erra, sem lembrar do dia em que deixou de puxar a cadeira para ela sentar, sem saber o que fez de ruim”.

O homem que eu conheci forte, sempre tagarelando assuntos políticos, hoje pareceu bem frágil, até no tom de voz. Romântico e com uma sinceridade absurda, Mariano não mede palavras. Assume ser machista e centralizador. “Ela sempre reclamou que eu fazia tudo sem consultar. Que nunca dividi os problemas. Que a anulava. É verdade. Mas não é fácil acabar com nossos vícios de comportamento”, justifica, aos 53 anos.

No “Bolero”, espaço de dança de salão criado por ele em Campo Grande, as cadeiras vazias de uma segunda-feira são a cara do proprietário neste início de semana. “Dá um vazio. Como vou explicar...”, começa a sentença interrompida com voz embargada.

Dançarino de pé treinado, a rotina envolve noites em bailes movimentados, danças com parceiras diferentes, mas o ciúme nunca foi problema, garante. “Eu tenho ciúme dela, ela de mim, mas sempre resolvemos”, diz.

Depois do casamento, Ângela fez faculdade, agora cursa pós-graduação, uma mudança que também atingiu Mariano. “Ela ganhou independência intelectual e eu deixei de ser ‘o cara’. Mas tinha de ser assim, fico feliz por isso, sempre incentivei o estudo e com ela não poderia ser diferente”.

Em tempos áureos de governo petista, Mariano era o presidente do partido e mal tinha tempo para conversar com as companheiras ou com os 5 filhos de 3 relacionamentos. Ele diz que perdeu namoradas, esposas, até encontrar Ângela e o primeiro filho dos dois nascer. “A política me levou todas elas. Quando meu filho nasceu, decidi me desligar e consegui”.

Mas outra vez o bichinho das eleições contaminou Mariano que foi novamente candidato a vereador em 2012. Perdeu e junto lá se foi outra esposa. “Pode ter colaborado, mas nunca é um motivo só”, comenta.

Depois de muito perrengue financeiro, ele garante que a tranquilidade começa a chegar e quer ter a esposa por perto. “E o meu amor”, justifica.

Ângela desde ontem é perturbada via SMS, porque não aderiu ao Facebook. São dezenas de pessoas compartilhando o link de Mariano e enviando mensagens, a maioria iniciada com “Ele é FDP, mas...”, assim como Mariano pediu.

Liguei ontem mesmo para saber como ela estava. Com frases curtas, Ângela ainda parecia surpresa, mas já bem chateada. “Tem muita gente ligando, mandando mensagem, é estranho. Ele não devia ter feito isso, ter exposto a nossa história”, reclama.

Mas o marido não se arrepende. “Pensei em mandar flores, mas achei muito pouco. Queria provar o quanto ela me faz falta, independente da exposição”.

Hoje, uma semana depois da separação, ele continua a pedir apoio nas redes sociais. “Por favor, liguem. Quem falar com ela diga pra ouvir essa musica, eu toquei um dia pra ela”, pede na última publicação, com link de “Eu sei que vou te amar”.

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