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Comportamento

Com vasos "originais", ex-jogador de vôlei hippie agora tenta ganhar a vida

Thaís Pimenta | 02/11/2018 08:42
Cabeças de manequins viraram vasos de plantas pelas mãos de Márcio. (foto: Paulo Francis)
Cabeças de manequins viraram vasos de plantas pelas mãos de Márcio. (foto: Paulo Francis)

Depois de rodar o Brasil como músico, ser jogador de vôlei, mecânico e virar hippie, Márcio Coimbra, de 44 anos, trabalha hoje como montador e designer de móveis em paletes. Com história de vida curiosa, quem é atendido pelo homem, de quase 2 metros de altura, não imagina por tudo que ele passou para chegar onde está.

Com ateliê batizado de ''50 Tons de Pallets'' nos fundos da casa da tia, na rua Sete de Setembro, ele é quem produz os móveis, como uma mesa de xadrez, em que cada uma das 64 casas do jogo é detalhada em madeira. Poltronas coloridas, cadeiras americanas e até um sofá feito em paletes, com homenagem ao Yoda, do Star Wars, estão expostos.

Mas o que chama atenção pela versatilidade são manequins reaproveitados como vasos de plantas. A intenção é, assim como o curioso dado a loja. ''Estudei muito programação neurolinguística e o nome sugestivo mexe com a área do cérebro reptiliano, que deixa as pessoas curiosas, que as movem, e pra mim a arte tem hoje tudo a ver com prazer e amor'', explica

Márcio mostra um jardim vertical feito sob encomenda para um fotógrafo da cidade. (foto: Paulo Francis)
Márcio mostra um jardim vertical feito sob encomenda para um fotógrafo da cidade. (foto: Paulo Francis)

Os vasos diferentes também foram feitos por ele. ''Tinha um amigo meu que mexia com isso e ele estava me devendo uma grana, pedi pra ele me pagar com essas cabeças. Fui ali do lado, comprei óculos de R$ 10,00 e colei nos expositores. Comprei mudas de plantas e se tornou um vasinho''.

Reações diferentes à peça são comunicadas à Márcio. ''Tem gente que adora, que quer levar na hora, mas tem gente que acha feio e chegam a ter medo''.

Márcio mostra um jardim vertical encomendado por um fotógrafo só de cabeças de expositores. ''O bacana é que você pode criar o que bem entender com isso. Pode passar o batom que quiser, por exemplo, ou customizar como combinar com o ambiente''. Cada unidade é vendida a R$ 60,00.

Muito criativo, ele diz que apenas 20% dos móveis e dos artigos criativos pensados por ele foram desenvolvidos. ''Tenho muita coisa na minha cabeça ainda''.

Mesa de xadrez é criação sua. (Foto: Paulo Francis)
Mesa de xadrez é criação sua. (Foto: Paulo Francis)

Com a facilidade de quem já trabalhou como mecânico de aviões, devido às muitas encomendas hoje Márcio precisa de ajuda e quem fica junto dele no ateliê é sua prima, Valéria Patrícia, de 42 anos, e o amigo Marcos Brondani, de 23 anos. 

Formado na faculdade da vida, como costuma dizer, Márcio parece ser daqueles que gosta de mudanças e de viver tudo. Saiu de Mato Grosso do Sul para jogar vôlei profissionalmente e chegou a participar dos campeonatos paulista e brasileiro junto do Palmeiras. Conheceu uma pessoa em São Paulo e partiu para outro rumo. ''Fui morar com essa pessoa e montei uma banda com o ex baterista da Rita Lee e com os músicos do Ricky e Renner, a banda Coringa''. Eles tocavam em baladas da Unesp, universitárias, de tudo um pouco, ''de Mettalica a Djavan'', garante o artesão.

Márcio decidiu recomeçar a vida na Capital. (Foto: Paulo Francis)
Márcio decidiu recomeçar a vida na Capital. (Foto: Paulo Francis)
Estante decorativa. (Foto: Paulo Francis)
Estante decorativa. (Foto: Paulo Francis)
Poltronas em palets são criação de Márcio e a graça fica por conta das cores.  (Foto: Paulo Francis)
Poltronas em palets são criação de Márcio e a graça fica por conta das cores. (Foto: Paulo Francis)

Com muitas hsitórias, Márcio diz que chegou a ser hippie depois de uma fase como músico. Ele afirma que vendia artesanato pelas ruas do Brasil, criatividade que hoje é seu ganha pão.

Em seguida ele diz que foi trabalhar na Embraer, "pois tinha curso técnico na área". Na empresa ficou seis anos, mas a rotina também passou a não lhe agradar mais.

''Estava ficando doido, tomando tarja preta. Estudava inglês, fazia hora extra, queria crescer dentro da empresa, mas um dia decidi que não dava mais, estava me sentindo um escravo mesmo, sabe? Trabalhava demais''.

Márcio partiu para outra área, do comércio, e levou uma rasteira do sócio e foi o pontapé para ele recomeçar a vida, foi quando voltou para Campo Grande.

Uma amiga foi a inspiração para começar a trabalhar. ''Ela é projetista e me perguntou se eu sabia montar móveis, disse que sim, afinal, passei anos montando aviões. Aí fui restaurar móveis antigos e passei a produzir minhas criações onde morava antes, no Rita Vieira''.

Hoje, como artesão desde fevereiro, Márcio diz ter se encontrado, finalmente, em meio à vastidão de possibilidades de caminhos já trilhados.

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Restauração de móveis antigos faz parte dos serviços de Márcio. (Foto: Paulo Francis)
Restauração de móveis antigos faz parte dos serviços de Márcio. (Foto: Paulo Francis)
Bancos, mesinhas, cadeira americana e até sofás saem a pronta entrega ou encomenda. (Foto: Paulo Francis)
Bancos, mesinhas, cadeira americana e até sofás saem a pronta entrega ou encomenda. (Foto: Paulo Francis)
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