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Comportamento

Como no bairro famoso de SP, por aqui Mooca também tem paulistano fazendo pizza

Mais de 500 anos separam os dois bairros, mas a comida liga as regiões involuntariamente

Danielle Valentim | 07/11/2019 06:15
Pizza com borda de pãozinho recheada é carro chefe de encomendas de Felipe.
Pizza com borda de pãozinho recheada é carro chefe de encomendas de Felipe.

Mais de 500 anos separam a Mooca paulistana da campo-grandense. O desenvolvimento não deve ser comparado, afinal, o loteamento da capital morena tem apenas três anos e pouco mais de 160 famílias. Apesar das diferenças, um aspecto já se assemelha ao bairro da grande metrópole: uma boa pizza.

O Mooca original fica na zona leste de São Paulo e é historicamente conhecido pela grande quantidade de imigrantes italianos, que predominam até hoje no bairro criado 56 anos após o descobrimento oficial do Brasil pelos portugueses.

A imigração italiana segue presente nas tradições gastronômicas, entre muitas cantinas, pizzarias e docerias. Muitas famílias de origem napolitana do sul da Itália, da Lombardia (Milão, Busto Arsizio) e Piemonte (Turim) ocupam o bairro até hoje.

Produção da massa.
Produção da massa.
Produção de Felipe.
Produção de Felipe.
Massa pronta para receber recheio.
Massa pronta para receber recheio.

Em Campo Grande, o Jardim Mooca ainda não tem asfalto, supermercado e muito menos estabelecimentos para comer. Apesar de pouca idade, bastou poucos minutos pela Rua Maria Conti, a principal do loteamento, para o Lado B encontrar um paulistano.

Felipe Salomão, de 32 anos, não é italiano, mas é nascido em Itaquera, zona leste de São Paulo. Foi na cidade - dona do título de capital mundial da gastronomia - que aprendeu a fazer massa de pizza.

Há três anos morando em Campo Grande, ao lado da esposa, coloca, literalmente, a mão na massa. “Quando cheguei ao bairro, só tinha umas cinco casas. Fui um dos primeiros. Comecei a fabricar as pizzas para vender nas ruas, fora do bairro”, conta.

Sobre o nome similar, Felipe ressalta que a Mooca paulistana é “bairro de bacana”, mas garante que tem fé no crescimento do loteamento e na abertura de sua pizzaria na região.

“Assim que comecei a produzir as massas, as vendas aumentaram e até aluguei um espaço na Presidente Vargas para ser uma fábrica. Depois de assada, eu saio de moto para vender no boca a boca”, conta.

O morador aceita encomendas de pizzas e os formatos e sabores enchem os olhos. As opções são a borda vulcão, borda de pãozinho recheado e a borda sol, que lembra muito o astro solar.

Seu Gonzaga foi o oitavo morador a chegar à região.
Seu Gonzaga foi o oitavo morador a chegar à região.

Um dos vizinhos é Gonzaga Zain de Oliveira, de 60 anos, um representante do loteamento. Ele já trabalhou como motorista de caminhão, mas agora deve inaugurar em alguns meses uma conveniência no novo bairro.

“Eu comprei um lote aqui e a minha casa foi a oitava. Agora estou empenhado em terminar minha conveniência. Logo Felipe abre uma pizzaria, temos outro morador que mexe com eletrônica e aos poucos vamos formando a região”, acredita.

“Eu trabalhei muito em São Paulo e como fui motorista de caminhão sei da fama da Mooca paulistana. Quando comprei aqui nem me liguei no nome, só depois”, completa Gonzaga.

O Jardim Mooca de Campo Grande fica entre os Bairros São Caetano, Vila Marli, Jardim Seminário, Vila Nasser, Portal da Lagoa, Morada dos Deuses e Campo do Cerrado.

Nome indígena - Conta a história que as terras – hoje o Mooca - eram ocupadas por índios que se concentravam próximo ao Tameateí ou Tometeri - hoje o Rio Tamanduateí. Há quem garanta que assim que os primeiros habitantes brancos começaram a construir suas casas na região, índios teriam exclamado Moo-oca! Numa tradução livre, algo como "Eles estão fazendo casas!".

Além da versão, o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro acrescenta outra possibilidade: a de que o nome tenha se originado do termo tupi antigo mũoka, que significa "casa de parente", através da junção dos termos mũ (parente) e oka (casa).

A pizzaria ainda não está pronta, mas Felipe aceita encomendas pelo 67 9 8103-5068.

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As ruas ainda sem asfalto também seguem sem fluxo de carros.
As ruas ainda sem asfalto também seguem sem fluxo de carros.
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