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Comportamento

Depois de 11 dias no CTI e entubado, jornalista escreve sobre covid-19

Jornalista, Paulo Yafusso tem 55 anos de idade, e relata no Voz da Experiência como foram os dias de coronavírus.

Paula Maciulevicius Brasil | 29/06/2020 07:45
De repórter a personagem, Paulo Yafusso escreve como foi passar pelos piores dias da vida dele, com coronavírus. (Foto: Arquivo Pessoal)
De repórter a personagem, Paulo Yafusso escreve como foi passar pelos piores dias da vida dele, com coronavírus. (Foto: Arquivo Pessoal)

Jornalista desde 1984, são inúmeras coberturas que marcaram a carreira de Paulo Yafusso pela TV, rádio e jornais. Atualmente na Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, Paulinho, como é conhecido profissionalmente, deu um susto nos familiares e colegas. Depois de uma febre, e o teste positivo para a covid-19, o jornalista chegou andando e falando no hospital, e de lá foi internado às pressas no CTI. Os médicos, ao verem os exames, não sabiam dizer como ele conseguia conversar. Foram 11 dias, quatro deles sedado e entubado. Em casa há uma semana, Paulo descreve no Voz da Experiência como foi ser personagem de um vírus tão grave.

Perto de vencer a última etapa dessa batalha contra um inimigo que age rápido e é impiedoso, sinto uma imensa gratidão a todos aqueles que em correntes de orações me ajudaram a vencer o período mais grave desse processo. A fé incondicional fez com se processasse o milagre e Deus restaurasse a minha vida. Na outra frente, profissionais da saúde do Hospital da Cassems, onde fiquei internado 11 dias, com tudo que a ciência dispõe, trabalhavam vigilantemente 24 horas por dia para me curar e me devolver ao convívio da minha família e meus amigos. 

Aos que ainda brincam com o novo coronavírus, peço que mudem de entendimento, tenham consciência que a covid-19 traz dor, tristeza. Não vale a pena usar o tempo que muitos acham que é “folga” no emprego ou estudos em passeios, baladas e aglomerações. Não espere viver o drama que essa doença traz, para ver que a sua casa é a sua fortaleza, local em que celebramos a vida.

Estou nesta luta há quase um mês. No sábado, 30 de maio, um sábado, amanheci com febre e iniciei tratamento como se fosse uma gripe. Na segunda-feira, primeiro de junho, já me sentia melhor e fui trabalhar normalmente. Não havia completado ainda a primeira hora de jornada quando o meu chefe me chamou para discutir as tarefas do dia. Ele me perguntou se estava bem e quando respondi que estava com febre mandou que fosse embora para casa e fizesse o teste da covid-19. Uma hora depois já estava em casa e o teste agendado para o final da manhã do dia seguinte, dia 2.

Sexta-feira, dia 5 de junho, no meio da manhã veio a notícia que provocou desespero e choro em casa. O meu teste deu positivo para a covid-19. Me aprontei e fui ao médico. Iniciei tratamento de cinco dias com Azitromicina e Dipirona. Desde este dia, passei a ser monitorado pela equipe da Secretaria de Saúde de Campo Grande (Sesau). Todos os dias me ligavam para me avaliar. 

No dia 9, quando terminei o tratamento com os medicamentos, o médico da Sesau disse para retornar ao hospital e pedir para fazerem tomografia. No hospital, no momento da triagem começou o susto maior, o medo. Cheguei tranquilo, sem tosse, sem falta de ar, mas o meu nível de saturação de oxigênio estava em 83. O médico disse que nem sabia como eu estava conseguindo conversar e mandou que fosse feito a tomografia e que me internassem. 

Fui para a UTI e depois disso só me lembro do tempo que fiquei no hospital depois do dia 15, quando já estava sem sedação e aparelho. Só depois que recebi alta, no sábado, dia 20, é que fiquei sabendo que passei por um período difícil. Fiquei sedado e entubado durante quatro dias e esse foi o período mais apavorante para os familiares e amigos. Nesses dias, foram duas tentativas de me tirarem da sedação. Teve início então as correntes de orações. Minha esposa passou a receber ligações e mais ligações de amigos e até pessoas que não conhecemos, pedindo para incluir nas correntes de orações ou dizer que estão em oração pela minha recuperação. Grupos de igrejas passaram a incluir o meu nome nas orações. O milagre se fez e com quatro dias já estava só usando máscara para receber oxigênio para ajudar na respiração.

No hospital, alguns profissionais comentaram que nas condições em que meus pulmões estavam seriam necessários de 8 a 12 dias de entubação. Quando acordei, ainda na UTI, me lembrava onde estava e o motivo de estar ali. Mas não tinha noção nenhuma do dia da semana e do mês. Depois da alta, iniciei a fase de isolamento social, que segue até o dia 5 de julho. 

Por isso peço que todos se cuidem, ouçam as recomendações das autoridades de saúde para não terem que passar pelo que passamos. Ame sobretudo a sua vida e valorize os seus familiares. Quem é infectado, só tem noção de quem ficou de fora passou quando recebe alta. Mas e quantas pessoas foram para o hospital e não retornaram.... Pense nisso!

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