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Comportamento

Depois de vídeo que viralizou, quem ainda tem coragem de comprar cachorro?

Na cidade, petshops lucram alto vendendo cachorros como presentinhos para o Dia das Crianças

Thailla Torres | 06/10/2017 06:15
Mas tem muito cão pronto para ser adotado. (Foto: Luciano Muta)
Mas tem muito cão pronto para ser adotado. (Foto: Luciano Muta)

O vídeo do momento em que a ativista Luisa Mell resgatou na última sexta-feira 135 cachorros de um canil em Osasco (SP) comoveu milhares de pessoas na internet. Discursos sobre adoção ao invés da compra de animais de estimação surgiram aos montes. Mas enquanto muita gente parece sensibilizada nas redes sociais, o que chama atenção em Campo Grande são os petshops vendendo cachorros como presentinhos para o Dia das Crianças.

O Lado B entrou em contato com alguns desses estabelecimentos na cidade e percebeu que esse tipo de comércio anda muito bem. Uma das lojas está vendendo em média 2 cachorros por dia. A procura é tanta que não importa o preço. Um cão da raça spitz, alemão de tamanho micro, custa R$ 8 mil. Já um shitzu ou lhasa sai a R$ 1,9 mil.

O vendedor tenta ganhar o cliente pelas características. "Ele cabe na palma da mão e vem com vacina importada. Está na última moda", diz. Ele afirma que o ''estoque'' está acabando por conta do Dia das Crianças e vende cachorro para qualquer lugar do País. "Tem cliente que só liga, pede o filhote, uma cama e a gente envia por avião".

Na internet, cães são vendidos a todo preço. (Foto: Reprodução OLX)
Na internet, cães são vendidos a todo preço. (Foto: Reprodução OLX)

Na internet é ainda mais fácil encontrar um "modelito da moda". 'Chove' publicações com cães à venda. Sites como OLX e Mercado Livre provam o quanto é fácil a comercialização. Mas em nenhuma das negociações, o vendedor se preocupa com a conscientização sobre os cuidados que o animal precisa.

Enquanto sobe a demanda de cães, aumenta os problemas de quem luta para ver o fim das torturas e maus-tratos em locais que ganham muito fazendo o cruzamento de animais para venda.

Advogada e presidente da ONG Abrigo dos Bichos, Maria Lucia Metello lamenta a falta de consciência na hora de comprar um animal, enquanto milhares estão a espera de adoção. "Infelizmente, eu como ONG não vou conseguir proibir a venda, mas acredito que o vendedor deveria ter responsabilidade e começar a doutrinar sobre esses cuidados, não apenas vender para depois surgir o problema e a ONG fazer o papel de resgatar".

Maria afirma que quase 90% dos casos que aparecem na entidade são de pessoas que compraram animais e depois não tiveram condições de cuidar. "O ser humano precisa ter a noção mínima de que não existe SUS para cão e gato. Ele exige cuidados, vacinas, alimentação e carinho para se manter bem. Então, porque ter um cachorro se não tem condições? Parece até antipático falar desse jeito, mas é preciso consciência, animal não é brinquedo e não se deve dar de presentinho", afirma.

Totalmente a favor da adoção, a ativista Greice Maciel alerta sobre o mercado cruel de compra e venda. "Considera animais como objetos e fonte de lucro. Há casos raros em que os criadores dão todo o suporte veterinário, dão intervalos entre cios para procriação, enfim, seguem os critérios de posse responsável. Mas isso é raro", lamento.

Greice alerta até mesmo sobre o valor que é possível ensinar às crianças quando a escolha é adotar. "É lindo ver os pais ensinando esse amor aos animais para filhos. Pais que não têm essas noções sobre adoção, deixam de passar isso para as crianças".

Em cenário desumano pelo abandono e descuido, a recomendação é adote! "Adotar é o mesmo que salvar uma vida. E além disso, desafoga as protetoras e ONGs que estão superlotados, e por vezes, negam pedidos de resgate por não ter mais espaço".

Quem tiver interesse em adotar, o primeiro passo é recorrer a ONGs ou CCZ (Centro de Controle de Zoonozes) onde também há animais para adoção. Conforme um levantamento mensal da Secretaria Municipal de Saúde, de janeiro a agosto deste anos, 960 animais foram adotados.

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