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Comportamento

Ela superou o luto em karaokês e guarda troféus junto das lembranças do marido

Adriano Fernandes | 02/12/2015 09:05
Dona Paulina tem o sorriso e uma simpatia que encantam a qualquer um. (Foto: Fernando Antunes)
Dona Paulina tem o sorriso e uma simpatia que encantam a qualquer um. (Foto: Fernando Antunes)

Para dona Paulina Yassuda, de 78 anos, cantar em karaokês ao lado do marido e os três filhos foi durante muito tempo uma forma de manter a família unida e também de preservar uma das marcas registradas da cultura japonesa em Campo Grande.

O tempo passou e levou seu Yassuda Tociyassu, seu parceiro na vida e nos palcos. Ainda hoje ela conta: a saudade é grande. Mas dona Paulina fez da voz e dos tantos troféus que ganhou em torneios de canto a solução para dias menos tristes.

Daquelas senhorinhas trabalhadoras, que não perdem de forma alguma a gentileza no olhar, ela comanda de segunda a sábado a Eletrônica 13 de Maio, que hoje é do filho caçula, Wilson Yassuda. Em 1981, o patriarca da família chegava a Campo Grande para montar a loja em um dos pontos mais movimentados do centro da cidade. E ela sempre foi a fiel companheira do esposo.

“Antes de Campo Grande, moramos em Umuarama, montamos um motel em Guaíra (PR). Uma outra casa de eletrônicos em Maringá, até nos mudarmos para cá”, lembra. Em Campo Grande,o casal estabeleceu a loja e fazia dos torneios de karaokê, da Associação Esportivo e Cultural Nipo Brasileira, o principal ponto de descontração da família.

No armário em meio ao eletrônicos da loja, ela coleciona os troféus e lembranças do passado.(Foto: Fernando Antunes)
No armário em meio ao eletrônicos da loja, ela coleciona os troféus e lembranças do passado.(Foto: Fernando Antunes)

Mas o falecimento do marido, em meados de 1995, acabou com a diversão por muito tempo. “Por pelo menos uns 15 anos eu não quis mais cantar. Me vi praticamente sozinha, desmotivada”, justifica. Até que em 2010, ela voltou a ter o gosto pela música.

Modesta, ela garante que nunca foi das melhores, mas como já diz o ditado, para dona Paulina, o importante sempre foi participar. “Nunca fui a melhor do clube e nem sequer venci muitos prêmios importantes. Mas quando ganha, a gente fica feliz, não é?”, pergunta sorridente a senhorinha.

Mesmo não se gabando pelas conquistas, ela se lembra com carinho das cidades onde já passou, levando a melodia das músicas japonesas. Na lista estão Dourados, Aquidauana e Presidente Prudente. Os convites, são feitos pelas comunidades japonesas de outras cidades, onde além do torneio, acontecem as confraternizações e o julgamento dos melhores cantores.

Não é nada muito grandioso. Os encontros são apenas uma maneira de fortalecer a tradição. “Eu canto pelas minhas amizades, para confraternizar. Pelo carinho que sinto pela colônia”,  diz.

Vitrine - Todos os troféus, dona Paulina guarda ao lado do caixa de sua loja, em um armário que preserva desde quando a eletrônica foi aberta. Ali, ela acumula 15 taças dos torneios da Associação Okinawa e Nipo-Brasileira e outros campeonatos de karaokê Brasil afora.

Ela não se envergonha em dizer que de todos, apenas um ela ganhou em primeiro lugar. ”Eu sou amadora. Tem muitos melhores do que eu”, explica. Sempre sorridente, ela fez questão de mostrar ao Lado B todas as lembranças acumuladas durante os mais de trinta anos de existência da loja.

Além dos troféus, há duas estátuas do “Maneki Neko”, o gatinho da sorte japonês. A edição de uma revista na qual foi capa, descrevendo um pouco da cultura nipônica em Campo Grande. Também ficam amostra estátuas de samurais, mini adagas e ao fundo, os retratos de seu Yassuda, segurando vários peixes a beira de um rio. Pescar era umas das grandes paixões do esposo de dona Paulina.

“E eu sempre ia com ele. Ele adorava ir para beira do rio pescar os peixes dele”, relembra. Ela continua cantando sempre que pode, em homenagem ao marido. 

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Ela tem mais de uma dezena de troféus mas faz questão de ressaltar que o importante é competir.(Foto: Fernando Antunes)
Ela tem mais de uma dezena de troféus mas faz questão de ressaltar que o importante é competir.(Foto: Fernando Antunes)
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