ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 22º

Comportamento

Ele aos 83 e ela aos 70 anos provam que amor só faz bem quando a gente permite

Aline Araújo | 06/06/2015 07:45
Aquele carinho de andar de mãos dadas, de dançar juntos, conversar, e aproveitar a companhia do outro. (Foto: Fernando Antunes)
Aquele carinho de andar de mãos dadas, de dançar juntos, conversar, e aproveitar a companhia do outro. (Foto: Fernando Antunes)

Um sorriso contagiante, aquele carinho de andar de mãos dadas, de dançar juntos, de conversar e aproveitar a companhia do outro. Antônia Lacerda e Ricardo de Oliveira namoram há quatro anos, ela tem 70 primaveras vividas e ele 83 outonos. Encontraram um no outro a alegria para aproveitar a vida e escolheram namorar, ao invés do casamento.

Os dois têm uma aposentadoria movimentada e muito bem vivida. Cheia de esporte e muito baile. Eles escolheram seguir com o namoro, cada um na sua casa, mas com os finais de semanas compartilhados. Uns passados na casa dela, outros no endereço dele. Assim, ninguém enjoa, ninguém cai na rotina e sempre tem frio na barriga do reencontro.

Eles mostram, na delicadeza de cada gesto, a beleza de um romance maduro depois de já terem construído muita coisa na vida e a certeza que sempre é tempo de amar.

E o que juntou os dois mesmo foi a dança. (Foto: Fernando Antunes)
E o que juntou os dois mesmo foi a dança. (Foto: Fernando Antunes)

“A gente passa o final de semana junto. Um, dois, três dias. Depois cada um vai para a sua casa, ficar perto dos filhos, dos netos. Ai só telefone! Até a gente se encontrar de novo”, comenta Antônia, que tem uma alegria que encanta.

Quando se conheceram, ela já havia se separado do ex-marido há 12 anos e ele há dois tinha ficado viúvo. O encontro foi no baile, por meio de amigas em comum. Eles começaram a conversar e “estamos nos conhecendo até hoje!”, brinca Antônia.

O romance começou o Centro de Convivência do Idoso Vovó Ziza. É o lugar onde os dois passam maiS tempo, escolheram como segunda casa. Cada um fazendo as suas atividades. Ela já coleciona medalhas dos campeonatos de voleibol que participou e ele diz que é muito bom em bocha. Ela faz natação, ele joga um futebol. Na sexta os dois vão ao baile juntos.

O amor nasceu no baile. Além de não beberem, não fumam, adoram uma chipa, uma boa viajem e passar horas conversando. 

Encontraram a parceria para aproveitar essa fase da vida. (Foto: Fernando Antunes)
Encontraram a parceria para aproveitar essa fase da vida. (Foto: Fernando Antunes)

Nas festas do interior, a presença deles é quase sempre garantida. Já foram para a Festa do Costelão de Rio Negro, do Porco no Rolete em São Gabriel do Oeste, por exemplo.

“A gente vive, os filhos casam seguem a vida deles e a vida dá um jeito da gente não ficar só. De encontrar alguém para trocar ideias, fazer companhia. Ninguém foi feito para viver sozinho!”, pontua Antônia.

Além da tranquilidade, Ricardo, que não é de falar muito, comenta que a experiência é um bem precioso quando se chega a uma certa idade. Permite que as pessoas enxerguem bem além, ajuda na hora de reconhecer um par bacana, em meio as opções do salão.

O casal é só simpatia, fala muito sobre a gratidão que têm ao CCI e como ter qualidade de vida na “terceira idade” faz toda a diferença.

Com uma metáfora, Ricardo pontua muito bem como ele descreve a vida de quem já passou dos 60. “Ser humano é como ferro, se você deixa encostado em um canto ele enferruja, em pouco tempo não serve mais para nada. Mas se ele sempre está em movimento, ele é útil para muita coisa. O que a gente não pode, de jeito nenhum, é parar!” ensina.

O casal é só simpatia, fala muito sobre a gratidão que eles tem ao CCI, e como ter qualidade de vida na “terceira idade” faz toda a diferença. (Foto: Fernando Antunes)
O casal é só simpatia, fala muito sobre a gratidão que eles tem ao CCI, e como ter qualidade de vida na “terceira idade” faz toda a diferença. (Foto: Fernando Antunes)

Antônia tem carro, mas as atividades cotidianas são todas feitas de ônibus. O carro só se faz muito útil na hora das saídas noturnas ou viagens. A animação dos dois deixa claro que o peso da idade só é um fardo para quem ainda não descobriu como carregar.

“A idade chega! E você sente ela, na pele, na hora de fazer uma ou outra coisa. Mas hoje em dia, graças a Deus, o idoso não é mais esquecido e a gente tem muita coisa para fazer. E isso é maravilhoso. Eu descobri há pouco tempo o significado de melhor idade. Eu nunca tinha entendido, hoje eu sei, porque é quando você pode viver com plenitude, na tranquilidade e com o que você tem”, afirma a aposentada.

A profissão de jornalista nos presenteia em encontrar histórias lindas assim. Ensina a gente que o amor está ai. Na simplicidade de um encontro, na alegria de um sorriso, na certeza que parceria é algo valioso demais para se abrir mão, seja aos 20, ou aos 90. Mostra que, como diria Cazuza, é bem possível ter “a sorte de um amor tranquilo”, ou como ainda dizia Drummond, em um dos meus poemas preferidos que“ Amor é bicho instruído” e, sendo assim, ele sabe fazer bem a quem se permite viver.

E ensina a gente que o amor está ai. Na simplicidade de um encontro, na alegria de um sorriso, na certeza que parceria é algo valioso de mais para se abrir mão, seja aos 20, ou aos 90.  (Foto: Fernando Antunes)
E ensina a gente que o amor está ai. Na simplicidade de um encontro, na alegria de um sorriso, na certeza que parceria é algo valioso de mais para se abrir mão, seja aos 20, ou aos 90. (Foto: Fernando Antunes)
Nos siga no Google Notícias