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Comportamento

Estacionamento do Parque das Nações vira quintal para tribo do motorhome

Em encontro do Parque das Nações Indígenas, grupo Campeiros do Centro-Oeste mostra que MS também é lar de quem vive na estrada.

Kimberly Teodoro | 31/03/2019 07:57
Na tarde sábado (30), cercados pela natureza do Parque das Nações Indígenas, cerca de nove motorhomes se encontraram. (Foto: Henrique Kawananwmi)
Na tarde sábado (30), cercados pela natureza do Parque das Nações Indígenas, cerca de nove motorhomes se encontraram. (Foto: Henrique Kawananwmi)

Reunidos no estacionamento do Yotedy, na tarde sábado (30), cercados pela natureza do Parque das Nações Indígenas, cerca de nove motorhomes de todos os tamanhos e estilos, para todos os gostos, despertavam a curiosidade de quem passava por ali. Em clima de churrasco com os amigos no quintal de casa, música ambiente, risadas e humor com a intimidade de quem já é da família, e uma boa sombra, aconteceu o primeiro encontro em local público do Grupo Campeiros do Centro-oeste.

Inspirados no Grupo Roda-mundo, de Santa Catarina, que realiza encontros anuais em Ponta Porã, a iniciativa existe desde 2016, quando Márcia Regina Bajarunes Nery da Silva, de 54 anos e o marido Wilmar Nery da Silva, de 55, resolveram reunir outros adeptos da vida sobre quatro rodas e tentar fortalecer essa cultura aqui no estado.

“Comecei a ver as placas que eram aqui do estado e conversando com as pessoas para organizar um grupo de whatsapp, nos últimos dois anos já são mais de 90 participantes. Como só aqui em Campo Grande são poucas pessoas, montamos um grupo de campistas do centro-oeste, com membros de Goiás, Brasília, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e começamos a fazer esses encontrinhos porque tem muita gente que se conhece dos grupos, mas não se conhece pessoalmente”, conta Márcia.

Márica é a responsável por reunir os apaixonados por motorhome no estado (Foto: Henrique Kawananwmi)
Márica é a responsável por reunir os apaixonados por motorhome no estado (Foto: Henrique Kawananwmi)

Já é o terceiro encontro do grupo, mas normalmente o local escolhido eram distantes dos olhos do público e mais reservado aos amigos de estrada, mas a ideia de Márcia é levar as reuniões para mais perto dos “curiosos”, mostrando que o sonho de ter um motorhome não é tão distante quanto as pessoas pensam. O grupo está aberto para quem quer sinta vontade de se aproximar, mesmo quem ainda não conquistou a própria casa sobre quatro rodas.

“Se eu tiver uma bicicleta, colocar uma barraca nas costas e sair viajando e parando nos lugares, eu sou um campista. É essas pessoas que nós pretendemos encontrar, é claro que tem amigos que tem motorhome, amigos que tem barraca, tem quem tenha motorhome pequeno, outros que tem motorhome grande, mas o objetivo é o mesmo: viver em natureza, fazer novas amizades, conhecer o mundo e o grupo de campistas do centro-oeste é justamente divulgar essa cultura”, explica.

Na sala de jantar o ambiente ganha decoração como qualquer casa de alvenaria
Na sala de jantar o ambiente ganha decoração como qualquer casa de alvenaria
Versátil, cada espaço é reaproveitado, os bancos por exemplo, viram baús (Foto: Henrique Kawananwmi)
Versátil, cada espaço é reaproveitado, os bancos por exemplo, viram baús (Foto: Henrique Kawananwmi)

Acostumados a viajar de carro, o casal costumava fazer reservas e escolher roteiros pela internet ou em catálogos de agências de viagem, onde de acordo com Márcia, “tudo é lindo”, mas a realidade costumava frustrar um pouco com defeitos que as imagens não mostravam. “Às vezes tem um buraco na praia bem em frente ao hotel que você está, ou o quarto é muito velho e tem cheiro de mofo, a cama não era tão boa assim. E, viajando de carro, o ideal é não ter esse compromisso de precisar cumprir horários baseados nas reservas do hotel, precisar ficar muitos dias em um lugar que não nos surpreende tanto só porque a reserva já está paga ou ir sem nada marcado e ainda assim ter o estresse de chegar cansado em uma cidade e ainda sair em busca de um lugar para ficar que caiba no bolso e seja confortável”, conta.

Problemas resolvidos com o motorhome, já que hoje Márcia e Wilmar têm mais liberdade na estrada, sem compromissos ou hora marcada para apressar a viagem. Recentemente o casal encarou 96 dias “sem rumo” pelo nordeste para comemorar a aposentadoria de Wilmar, em julho do ano passado. Fazendo paradas em cada cidade que achavam interessante e ficando o quanto achassem necessário, estacionando por campings à beira da praia, no próprio ritmo e com o conforto de ter “estar em casa em qualquer lugar”.

Há um passo da sala de jantar, a cozinha tem de armário embutido, a microondas e geladeira. (Foto: Henrique Kawananwmi)
Há um passo da sala de jantar, a cozinha tem de armário embutido, a microondas e geladeira. (Foto: Henrique Kawananwmi)
No fim do corredor, o quarto do casal tem uma cama espaçosa e confortável, perfeita para o fim de um longo dia de viagem. (Foto: Henrique Kawananwmi)
No fim do corredor, o quarto do casal tem uma cama espaçosa e confortável, perfeita para o fim de um longo dia de viagem. (Foto: Henrique Kawananwmi)

Carinhosamente apelidado de “Carsebre”, uma junção de carro e casebre, o motorhome compacto é perfeito para o casal que se aventura juntos. Versátil, cada espaço é aproveitado. Na “sala de jantar” o ambiente ganha decoração de casa, com direito a quadros na parede, uma mesa em que os bancos viram baús, centro de mesa, com direito até a um casal de velhinhos namorando em um banco de praça, uma representação dos planos do casal para o futuro.

Na cozinha, que fica literalmente há um passo da sala de jantar, além dos armários com microondas e espaço para geladeira, tudo embutido, o fogão ganha tampa e também faz as vezes de balcão. Dois passos à frente, a porta do banheiro pode ser fechada para o corredor, transformando o quanto em uma suíte, o box com o chuveiro e a cabine do vaso sanitários ficam separados, um em cada lado do corredor. A maior parte da energia utilizada vem de placas solares, mas também existe a possibilidade de ligar o motorhome aos cabos de energia elétrica.

A cabine do banheiro fica de um lado do corredor, bem em frente à ducha, fechando a porta é possível transformar o quarto em suíte (Foto: Henrique Kawananwmi)
A cabine do banheiro fica de um lado do corredor, bem em frente à ducha, fechando a porta é possível transformar o quarto em suíte (Foto: Henrique Kawananwmi)

Há mais de 20 anos Márcia e Reneé Rocha sonham com a própria casa sobre rodas, desejo que começou depois das visitas ao filho que foi morar no Rio Grande do Sul e o contato com esse mundo se tornou maior. O casal veio de Dourados para encontrar os amigos aqui e Campo Grande, e ela conta que é comum planejaram desde viagens mais longas, até o roteiros mais curtos para participar de eventos como o deste sábado. “Quando temos aniversários, casamentos ou vamos visitar amigos, levamos a nossa própria casa. Minha filha Gabriela tem 25 anos e também é apaixonada por esse estilo de vida, ela é atleta e como participa de campeonatos, vai dentro dele para qualquer canto do país”, relata

A empresária Mácia Rocha e o marido vieram de Dourados para o encontro do grupo (Foto: Henrique Kawananwmi)
A empresária Mácia Rocha e o marido vieram de Dourados para o encontro do grupo (Foto: Henrique Kawananwmi)

“A vida não é para ser vivida em um lugar só”, em letras garrafais, a parte de trás do motorhome de Maria Aparecida Camargo, a “Cida” de 59 anos e do marido, Altevir Taborda, de 62. Na casa do casal, todos são bem vindos, a única regra é “tirar os sapatos antes de entrar”, como avisa a plaquinha no degrau de entrada. Além do quarto de hóspedes acima da cabine de motorista, a mesa e os bancos da sala de jantar também viram uma cama de casa, fazendo com que no total caibam até seis pessoas confortavelmente dentro do motorhome.

“Sempre gostamos de viajar, mas o motorhome sempre foi um sonho do meu marido. No começo eu não estava muito certa sobre isso, mas como ele sempre teve essa curiosidade, nós fizemos nossa primeira viagem em um alugado, para testar”, explica Cida, que depois da primeira viagem ao lado do marido, não teve mais dúvidas quanto ao investimento. O atual veículo está com o casal há 2 anos, desde então, ela conta que nunca mais dormiu na própria cama, mesmo estando em casa. “Estacionamos na nossa garagem, fazemos todas as outras coisas dentro de casa, mas continuamos dormindo no motorhome de tão confortável,nem sentimos falta da cama no nosso quarto” explica.

Cida e Altevir compraram o motorhome há 2 anos, depois de viajar em um alugado e se apaixonarem pelo estilo de vida (Foto: Henrique Kawananwmi)
Cida e Altevir compraram o motorhome há 2 anos, depois de viajar em um alugado e se apaixonarem pelo estilo de vida (Foto: Henrique Kawananwmi)

Mas a vida a dois em um espaço limitado não é nada fácil, só funciona se um for parceiro do outro. Cida conta que é comum o casal dividir as tarefas, enquanto ela limpa a casa sobre rodas, Altevir lava a roupa ou faz as compras necessárias para seguir viagem, enquanto um cozinha, o outro lava a louça, ali é tudo dividido igualmente. Também é necessário paciência para resolver os conflitos, já que na estrado tudo o que eles têm é um ao outro, e claro, muito amor no lar em que “até a tristeza pula de alegria”.

O evento teve cerca de 30 participantes, entre casais acomapnhados das famílias e até quem ainda nem comprou ou está reformado o motorhome para começar a rodar. Márcia ressalta que o grupo está de braços abertos para quem quiser saber mais sobre o estilo de vida, precisar de ajuda na escolha da casa móvel ou dicas de roteiros. Para participar, basta entrar em contato com ela pelo whasapp: 67 9983-0927.

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Espaçoso, o motorhome tem até quarto de hóspedes acima da cabine de motorista (Foto: Henrique Kawananwmi)
Espaçoso, o motorhome tem até quarto de hóspedes acima da cabine de motorista (Foto: Henrique Kawananwmi)
“A vida não é para ser vivida em um lugar só”, lema que Altevir fez questão de estampar (Foto: Henrique Kawananwmi)
“A vida não é para ser vivida em um lugar só”, lema que Altevir fez questão de estampar (Foto: Henrique Kawananwmi)
Ao todo, cerca de 30 pessoas participaram do evento (Foto: Henrique Kawananwmi)
Ao todo, cerca de 30 pessoas participaram do evento (Foto: Henrique Kawananwmi)
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