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Comportamento

Figura no bairro, Dejaniro é o guarda querido e cheio de histórias na rua da Paz

Ele é conhecido como "Tiozinho" e cuida de casas da rua da Paz há 28 anos

Thailla Torres | 17/03/2018 07:20
Guardo noturno, ele cuida as casas e ainda varre a calçada diariamente. (Foto: Thailla Torres)
Guardo noturno, ele cuida as casas e ainda varre a calçada diariamente. (Foto: Thailla Torres)

Não tem quem não conheça seu Dejaniro na rua da Paz, no Jardim dos Estados. Se não fosse pela cuidado com a rua, seria pela simpatia ao varrer a calçada em uma das residências que trabalha. Sempre disposto, ele diz que ama o ofício e ainda não nega um bate-papo para contar as histórias que ele jura saber sobre a rua que só acalma ao anoitecer.

Na mesma casa desde 1990, Dejaniro Rodrigues dos Santos, de 72 anos, é guarda noturno. Chega no trabalho logo depois das 18h e só encerra o expediente às 5h da manhã, sem dormir. Ele fica de olho em tudo, sabe quem chega e sai de cada, se algo diferente acontece, ela passa o que sabe para o patrão.

Não tem quem não conheça a figura da rua da Paz. (Foto: Thailla Torres)
Não tem quem não conheça a figura da rua da Paz. (Foto: Thailla Torres)

É assim em outras casas, que ao longo do tempo, moradores confiaram em Dejaniro e pediram para ele "desse uma olhadinha" no período da noite. "Assim eu ganho um dinheiro aqui e ali".

Salário fixo mesmo, é só em uma das casas, que Dejaniro começou a trabalhar desde que chegou em Campo Grande. "Esses patrões são uma família pra mim. Eu digo que só saio daqui o dia que ele me mandarem embora de vez ou minha saúde não aguentar".

Mas ele conta que já cuidou mais de 10 casas na rua. Em um tempo que a calmaria fazia jus ao nome da rua dia e noite. "É uma das ruas mais calmas que eu conheço, mas durante o dia não é mais, tem muita empresa, mas a noite volta ao normal".

Na rua ele diz que já viu de tudo, inclusive, jura saber que uma das casas foi durante anos hospedagem para famosos. "Tem uma casa da esquina em que morava uma paraguaia, eu sei que ali já dormiu a Xuxa e o Gugu Liberato", diz.

História ou não, ele garante que sabe porque não dorme em serviço. "Cuido mesmo, claro que não me responsabilizo pelo o que pode acontecer, mas tudo que eu vejo, conto aos donos. Graças a Deus, até hoje não aconteceu nada".

De tão querido pela rua, seu Dejaniro comoveu dezenas de moradores em um período difícil da profissão. "Em 2003, o meu patrão, seu José, precisou me demitir porque passava por um momento difícil com as empresas dele. Mas três dias depois da demissão, minha esposa morreu e eu fiquei sem saber o que fazer. Quando a vizinhança descobriu, todo mundo pediu pra eu voltar. Ele me contratou novamente e estou aqui até hoje".

Nascido na Bahia, ele herdou dos pais o ensinamento que deveria trabalhar muito na vida. Apesar da idade, ele não abre mão de passar as madrugadas acordado e diz que na segurança ele é feliz. "É muito tempo fazendo isso. E com a minha idade, ninguém mais me contrata e onde eu vou ganhar a confiança dos patrões como consegui nessa rua?".

Por isso ele sai do Nova Lima, todos os dias, para o trabalho. A rotina não incomoda o guarda, que depois de ter perdido a esposa, tem no trabalho o alento que precisa. "Se a gente para de trabalhar, adoece. Melhor cuidar da rua, porque tenho sorte, aqui todo mundo gosta de mim".

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