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Comportamento

Filha de mecânico e diarista, Juliana conquistou vaga em faculdade dos EUA

Thailla Torres | 02/12/2017 07:25
Ela decidiu cursar Engenharia Espacial e recebeu uma bolsa de estudos por mérito.
Ela decidiu cursar Engenharia Espacial e recebeu uma bolsa de estudos por mérito.

Ao contrário de muitos, Juliana Clara, de 22 anos, sempre amou a Matemática. A habilidade com os números despertou na campo-grandense a vontade de voar longe. Em 2017 veio o resultado, a aprovação em 11 universidades da Flórida, onde decidiu cursar Engenharia Espacial e recebeu uma bolsa de estudos por mérito.

A conquista é um prêmio para toda a família. A mãe diarista e o pai mecânico nunca tiveram vida fácil, por isso, a filha soube desde de menina que precisa lutar.

Juliana sempre estudou em escola pública, aprendeu inglês sozinha aos 11 anos e em 2013 participou do programa Jovens Embaixadores, que evidencia brasileiros de baixa renda e com histórico escolar de destaque.

Sonhava estudar Engenharia de Petróleo para trabalhar em alguma plataforma no mar, mas a família não ficou à vontade com a ideia. "Meus pais não foram tão receptivos por conta do mar, é perigoso, então troquei o mar pelo ar. Mas sou uma grande fã de mecânica e isso contribuiu muito para escolha do meu curso"

Também professor, o pai mecânico é quem sempre lhe ajudou nos exercícios da escola, enquanto nas horas vagas, Juliana observava cada detalhe dos motores de carros e caminhões. "Isso foi despertando minha curiosidade. Quando eu estava perto eu estudava". 

Atualmente, Juliana é professora em duas escolas, uma em Dourados, outra em Maracajú, mas a profissão começou aos 13 anos quando dava aula para crianças em projeto voluntário.

Para ser aprovada no processo seletivo das universidades internacionais, Juliana não fez prova, como é comum entre os estudantes americanos. Segundo ela, precisou apenas enviar os históricos escolares, cartas de referência e documentação pessoal. "As minhas médias sempre foram boas, então isso me deu mais chances e recebi essa bolsa parcial por mérito".

Mas para realizar o sonho, Juliana ainda precisa de um investimento alto, porque o curso todo custa 57 mil dólares e a bolsa cobre só 15 mil dólares. Por isso, está fazendo uma campanha para arrecadar o valor da matrícula e se manter no País. No momento, a estudante afirma que precisa juntar 22 mil dólares, o que equivale a R$ 70 mil. Mas até o momento só arrecadou pouco mais de R$ 1,4 mil com a campanha que termina no fim de dezembro. "Para que eu possa fazer o processo de visto de estudante", justifica.

O curso escolhido por Juliana na Florida Institute of Technology, que fica em Melbourne, próximo à unidade ao Kennedy Space Center, da NASA, também existe no Brasil. Mas ela afirma que por aqui a concorrência é arriscada e não há oportunidade para as mulheres.

"O campo é extremamente masculinizado. Não há oportunidade para mulheres na área e decidi que teria uma educação melhor, para ajudar minha família no futuro. Sei que oportunidades existem, sou prova disso, mas enquanto essa desigualdade entre homens e mulheres existir, nós sempre teremos que lutar muito mais e constantemente provar a nossa capacidade dentro da área", justifica.

Quem quiser contribuir com Juliana, a campanha está sendo realizada pela internet: Basta clicar aqui.

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