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Comportamento

Garçom da Câmara, seu Mauro teve vida dedicada "aos outros"

Seu Mauro era um dos garçons mais queridos da Câmara Municipal, ele faleceu nesta quarta-feira (20), aos 73 anos

Lucas Mamédio | 21/05/2020 06:49
Seu Mauro foi garçom foi durante 55 anos (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Mauro foi garçom foi durante 55 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

“Cravo da moça, alecrim das meninas”, sempre quando podia, era assim, bem-humorado, que Mauro Firmino se apresentava às pessoas. Ele nos deixou na manhã desta quarta-feira (20), vítima de um tumor no cérebro.

Seu Mauro, no alto de seus 73 anos, era um dos garçons mais queridos da Câmara Municipal de Campo Grande, onde trabalhou nos últimos 15 anos. Sempre discreto no plenário, era figura querida nos bastidores, brincando com todos, servindo, não só por dever, mas por prazer.

Seu Mauro na churrasqueira, seu lugar preferido no mundo (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Mauro na churrasqueira, seu lugar preferido no mundo (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas quem é esse homem que mesmo com idade avançada, alguns problemas crônicos de saúde, continuou cumprindo seu ofício até quando pôde? A neta, Bárbara Yumes Benites, conta.

“Meu vô era alguém que amava o que fazia, e por isso era feliz, a alegria dele contagiava qualquer ambiente”.

Seu Mauro era um homem de muitas frases originais. Ele não era garçom, era “engenheiro da badeja”. De fato não era só um garçom, cumpriu esse ofício quase a vida inteira, desde os 18 anos de idade.

Nascido em Areia Dourada, interior de São Paulo, trabalhou como garçom em ferrovias por vários estados, sempre servindo a todos. Casado com Selva Benites Firmino, de 58 anos, agora viúva, seu Mauro deixa quatro filhos, com cinco netos e um bisneto.

Mauro tinha não só paixão pela vida, mas gostava de valorizar a vida dos outros. “Ele sempre dizia: ‘dê flores em vida’, e nós herdamos muito isso dele, esse amor pela vida, essa gratidão que ele tinha pela vida dele e pela das pessoas que ele amava”, lembra a neta.

Corintiano roxo, sofria todos os jogos do timão, sofria até mais, porque assistia várias reprises. “Ele assistia o jogo, a reprise do jogo, a reprise da reprise, era impressionante como não cansava de assistir o Corinthians”.

Seu Mauro, a neta Bárbara, e a esposa, dona Selva (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Mauro, a neta Bárbara, e a esposa, dona Selva (Foto: Arquivo Pessoal)

Adílson Francisco da Silva, de 55 anos, foi companheiro de Mauro todo esse tempo na Câmara. “Era um dos funcionários mais responsáveis da Casa. Não tinha hora nem lugar, podíamos contar com ele sempre, e o que mais me chamava a atenção era que mesmo com a idade dele era cheio de planos e sonhos”.

O vereador João Rocha, presidente da Câmara se também se manifestou. “Mauro foi um funcionário exemplar, um grande homem e verdadeiro amigo, que sempre nos serviu no dia a dia com muita alegria e gentileza, que Deus o receba e ampare a família e amigos. Ele deixará saudades a todos que conviveram com ele, é uma grande perda para nossa Casa”.

Já o vereador Carlão era vizinho de Mauro no Jardim Talismã. “Uma pessoa amiga, leal e companheiro. Brincalhão e corintiano nato. Essa é uma grande perda para a Câmara Municipal, um grande amigo nesses vários anos que eu o conheço e tive o privilégio de ser seu vizinho”.

Mauro e Adílson no dia em que ele representou os servidores da Casa em uma homenagem (Foto: Arquivo Pessoal)
Mauro e Adílson no dia em que ele representou os servidores da Casa em uma homenagem (Foto: Arquivo Pessoal)

O dia 23 de agosto de 2017 foi um dos dias mais felizes de sua vida. No Dia do Garçom, recebeu o Título de Cidadão Campo-grandense das mãos do vereador Ayrton Araújo.

“Nossa, esse dia ele irradiava, parecia que ali mesmo, apesar de sempre ter recebido elogios, estava tendo o reconhecimento que tanto merecia de uma vida dedicada aos outros”.

Seu Mauro tinha fama de cozinheiro também. Adorava fazer comidas tipicamente volumosas, como feijoada, dobradinha, baião de dois e, claro, seu famoso churrasco.

“Churrasqueira era um dos lugares que ele mais amava no mundo. Podia ser só pra gente em casa ou trabalhando, ele amava assar carne”, diz Bárbara, ainda refletindo sobre uma saudade estranha, aquela saudade que ainda vai vir.

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