ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  18    CAMPO GRANDE 21º

Comportamento

Gigante, árvore virou patrimônio de bairro, apesar das lembranças de dia trágico

Ninguém quer viver sem a árvore, mas moradores pedem por mais cuidados com tamanha beleza

Thailla Torres | 26/08/2018 08:23
Árvore virou um patrimônio na avenida, mas vizinhança pede mais cuidados. (Foto: Marina Pacheco)
Árvore virou um patrimônio na avenida, mas vizinhança pede mais cuidados. (Foto: Marina Pacheco)

Na Avenida Murilo Rolim Junior, no Jardim Petrópolis, a árvore gigante apareceu tímida há mais ou menos 40 anos. Hoje, é o patrimônio que preocupa moradores, por falta de cuidados. Quem plantou a "Falsa Seringueira" ou "Figueira" como também é chamada, não imaginou que ela cresceria de forma tão enérgica, a ponto de virar atração no bairro.

Muita gente acredita, que pelo tamanho, a árvore é centenária, mas quem chegou ali há mais de 40 anos lembra do pé pequenininho que ninguém sabia o que era, mas todo mundo torcia para que fizesse uma sombra fresca na rua.

"Quando meu pai comprou essa casa, em 1973, essa árvore já estava plantada. Mas era um pé muito pequeno e ele colocou até uns pedaços de madeira para garantir seu crescimento. Mas ele não tinha noção do tamanho que ficaria", lembra Ana Paula Bencice Fernandes, de 42 anos.

O pai de Ana foi quem cuidou da árvore sem imaginar o seu tamanho.
O pai de Ana foi quem cuidou da árvore sem imaginar o seu tamanho.

Suas raízes enormes, que já invadiram o asfalto, indicam que esse tipo de árvore não é adequado para qualquer região sem muito espaço. "Especialistas já disseram que as raízes dela já chegaram embaixo dessas casas", conta Ana.

O que preocupa no entanto é a longevidade. "Ninguém tem condições de podar, por exemplo. Seria importante que os especialistas cuidassem dela, para que fosse preservada".

Desde pequena, Ana viu muita gente se divertir com o pé, mas a árvore também já foi cenário de tragédias. "Em 1989 caiu um raio nela, quatro crianças estavam brincando na hora, uma delas chegou a falecer. Foi um momento muito triste".

Um fenômeno da natureza que a árvore não tem culpa, mas faz muita gente lembrar do episódio. O filho de Augusto Tinoco, de 70 anos, era uma das crianças que estava na árvore no dia do raio. "Ele caiu lá de cima. Mas graças a Deus sobreviveu. Era um menino, brincava na árvore como qualquer criança naquela época", lembra o pai.

Ana diz que naquele ano de 1989, após a tragédia, a árvore secou. "Caiu todas as folhas, a gente imaginou que ela morreria. Mas um belo dia, começou a brotar tudo e ela cresceu de um jeito surpreendente".

O pé gigantesco já invadiu a rua. (Foto: Marina Pacheco)
O pé gigantesco já invadiu a rua. (Foto: Marina Pacheco)
Seu Augusto também pede por cuidados. (Foto: Thailla Torres)
Seu Augusto também pede por cuidados. (Foto: Thailla Torres)

Segundo os vizinhos, em décadas, a árvore dobrou de tamanho. O espaço passou a ser admirado por quem passa. Mas é evidente que o tamanho preocupa. "Quem mora na frente não gosta muito das folhas. Há medo dos galhos caírem em cima das casas. Mesmo assim, ela continua admirável", pontua Ana.

Dona Maria de Lourdes Vieira, de 78 anos, é uma das moradoras que reclama das folhas e da sombra. "Todo dia eu tenho que varrer o quintal e quando não tem sol, eu tenho que ficar de casaco, porque minha casa fica muito gelada. É sombra o dia inteiro no quintal".

Apesar das reclamações, ela diz que ninguém quer se livrar da árvore, apenas torce por manutenção. "Ninguém limpa a rua, a gente que tem que ficar varrendo. E quando chove, os galhos derrubam os fios, ficamos sem luz e, mesmo assim, ninguém vem podar os galhos. É a única coisa que a gente precisa".

Por sorte, a vizinhança é que se mobiliza para manter o trecho da rua limpa. "Vira e mexe tem gente enchendo saco com folha. Mas o problema é quando vem alguém com aquele soprador fazendo poeira em dias secos", diz Tinoco.

Quem fica empolgada com os galhos gigantescos é a criançada. A professora Terezinha Duarte, de 54 anos, diz que não cansa de pedir para que os alunos desçam do pé. "Eles se sentem Tarzans. Sobem sem medo e eu fico com o coração na mão", diz.

Curta o Lado B no Facebok  e Instagram.

(Foto: Marina Pacheco)
(Foto: Marina Pacheco)
Nos siga no Google Notícias