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Comportamento

Guardado por 28 anos, vestido de noiva da sogra sai do baú para nora ir ao altar

Paula Maciulevicius | 29/12/2015 06:23
Kayth entrando na igreja, levada pelo pai. (Foto: Sinhá Flor)
Kayth entrando na igreja, levada pelo pai. (Foto: Sinhá Flor)

Do baú da família, guardado na cidade de Araçatuba, em São Paulo, o vestido de noiva usado 28 anos atrás ganhou vida de novo em Campo Grande, na continuação da história de amor dos Assis Sartori. Apresentado pela tia e pela avó, o vestido que levou a sogra até o altar estava estendido na cama para que Kayth, a nora, conhecesse. Foi paixão à primeira vista e no final de novembro foi o que ela usou para dizer "sim".

Kayth é estudante de Direito e conheceu o agora marido pelo site de relacionamento "Badoo". O acesso dela na rede foi por curiosidade e para rir. Mas foi ele quem a levou até Bruno. Nascidos no Estado de São Paulo, os dois passaram por Mato Grosso até morarem em Dourados, cidade onde se casaram.

A jovem se mudou para o interior do Estado para fazer companhia ao irmão que já fazia faculdade por aqui. O primeiro contato ao vivo demorou meses, tempo em que se falaram por mensagens. Os pedidos, tanto de namoro, quanto de casamento, não seguiram exatamente um protocolo. Depois que ela trouxe um sanduíche do Burger King de uma visita a Ponta Porã, ouviu de Bruno que "com essa, ele teria de pedi-la em namoro". A resposta não foi imediata e ela pediu uma semana para pensar.

A sogra Claudinéia, com o vestido 28 anos atrás. (Foto: Arquivo Pessoal)
A sogra Claudinéia, com o vestido 28 anos atrás. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em novembro de 2014, ainda no primeiro ano de namoro, ela disse que talvez tivesse de voltar para Cuiabá, porque o irmão voltaria e ela não ficaria sozinha. Ouviu, no meio da madrugada, que caberia à ela escolher a data na manhã seguinte.

"Eu pensava, ele vai esquecer, nem vai lembrar disso. No outro dia eu perguntei: você lembra o que me falou ontem? Ele falou, então você quer casar? Ele se lembrava de tudo e falou 'pode escolher a data'", conta Kayth Macleoud Sartori, de 20 anos.

Dentro dos planos do casamento, a jovem já tinha desenhado o vestido de noiva que queria para si. E entre abril e maio deste ano, foi surpreendida pela avó e tia do noivo. "A tia do meu marido pegou o vestido escondido, lavou em Campo Grande e me disse que tinha uma ideia. A hora que eu entrei e vi o vestido na cama e ela disse experimenta, eu apaixonei na hora. A tia disse 'era da sua sogra'".

A única coisa mudada no vestido foi um cinto de pérolas. As ombreiras usadas por Claudinéia, a sogra, já haviam sido tiradas anteriormente. "O resto eu usei tudo. E ninguém soube em nenhum instante. Eu fiquei escondendo o ano inteiro. Quando me perguntavam, eu mandava foto de outro vestido", conta a noiva.

Foi preciso apenas um pequeno ajuste na saia, a colocação de um tule extra e mais nada. O noivo sabia do vestido e Kayth reforçou pedindo para que ele não fosse atrás das fotos antigas da mãe, para que de fato fosse uma surpresa. A noiva estava livre para escolher o vestido, tia e avó fizeram questão de reforçar que ela só usaria se fosse da vontade dela mesmo.

Vestido serviu como uma luva na nora. (Foto: Sinhá Flor)
Vestido serviu como uma luva na nora. (Foto: Sinhá Flor)
Depois do primeiro casamento, vestido já perdeu as ombreiras. (Foto: Arquivo Pessoal)
Depois do primeiro casamento, vestido já perdeu as ombreiras. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Chorei muito, porque era uma responsabilidade e eu tinha medo de ela não gostar. Era o vestido de casamento, não era qualquer um que poderia pegar e usar", recorda a jovem. Quando Kayth entrou com o pai pela porta da igreja, viu a sogra quase desmaiar.

"Ela tremia tanto. Ela caía de lado de tão emocionada e ela ficou bem na ponta, então no começo, não estava me enxergando", descreve Kayth. A noiva passou o tempo todo tentando encontrar os olhos da sogra. Sabia que eles estariam marejados. "Quando cheguei na metade da igreja, vi que ela estava chorando..."

Claudinéia revela que ainda procura palavras para descrever o que sentiu, tamanha a sensibilidade trajada pela nora. "Eu reconheci quando ela estava entrando, falei para o meu marido e a minha irmã: mas é o meu vestido! E comecei a chorar", conta Claudinéia de Assis Sartori, de 51 anos.

A sogra tentou conter as lágrimas, mas não conseguia e nem queria. "Foi uma emoção que eu nunca senti assim na minha vida. Eu não esperava, o gesto que ela fez foi de um carinho muito grande e de gratidão", explica. Claudinéia não sabia que o vestido havia saído do baú. Na igreja, os familiares dela lembraram do vestido. "Todos me perguntavam: mas não era o seu vestido? Era sim... 28 anos..."

À época em que Claudinéia foi a noiva, escolheu o modelo por gostar do estilo retrô. Retirou aquele de uma revista francesa, todo de renda. "Eu perguntei: você casou com o que realmente queria? Ela me disse que era o que mais queria na vida. Porque queria ter uma vida como a nossa, 28 anos de serenidade. Foi uma coisa que ela realmente quis, escolheu e que veio do baú".

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As lágrimas de Claudinéia ao reconhecer o vestido. (Foto: Sinhá Flor)
As lágrimas de Claudinéia ao reconhecer o vestido. (Foto: Sinhá Flor)
E as da noiva de agora ao dizer o "sim" para o marido Bruno. (Foto: Sinhá Flor)
E as da noiva de agora ao dizer o "sim" para o marido Bruno. (Foto: Sinhá Flor)
Na saída da igreja. (Foto: Sinhá Flor)
Na saída da igreja. (Foto: Sinhá Flor)
O brinde junto aos pais. (Foto: Sinhá Flor)
O brinde junto aos pais. (Foto: Sinhá Flor)
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