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Comportamento

Há 2 décadas, Elzio diz que na brincadeira deu nome à cachoeira do Ceuzinho

Marceneiro afirma que um batismo evangélico motivou a nomeação da terceira queda do Vale da Usina Velha

Danielle Valentim | 14/06/2019 08:15
Elzio não aguentou e pulou na água. (Foto: Henrique Kawaminami)
Elzio não aguentou e pulou na água. (Foto: Henrique Kawaminami)

Em 1995, uma estradinha de difícil acesso que cortava os fundos do Sesi (Serviço Social da Indústria) levou evangélicos à terceira queda d’água localizada no Vale da Usina Velha em Campo Grande. Uma cerimônia de batismo com muitos religiosos vestidos de branco teria inspirado o marceneiro Elzio Moreira da Silva, de 55 anos, a nomear uma das cinco cascatas, de cachoeira do Ceuzinho.

Antes de ganharem nomes, as quedas d’água localizadas na área de 18 hectares, eram chamadas apenas de cachoeiras da usina. Filho de padre e de uma bailarina de circo, Elzio se considera ecumênico e garante que o nome não teve ligação com a religião, mas com o sentimento do momento.

Queda da Cachoeira do Céuzinho. (Foto: Henrique Kawaminami)
Queda da Cachoeira do Céuzinho. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Antes de o batismo acontecer, os membros da igreja sabiam que eu conhecia a região e me pediram para limpar os arredores. Com muitos despachos, cheguei a pedir autorização ao Candomblé para retirar os trabalhos. Eles me autorizaram e eu fiz a limpeza. No dia da cerimônia todos estavam de branco e se encantaram com a beleza do local. Um deles indagava: É muito lindo, como pode ser conhecido como região do inferninho? E eu brincando respondi: mas aqui é o Céu. Estamos na Cachoeira do Céuzinho”, conta.

A propaganda de boca em boca rodou de forma rápida e até hoje o local é conhecido pelo mesmo nome. Nem precisou de documento para identificar. "Juro que não foi a intenção, o nome pegou", pontua.

Para quem nunca foi até a região, a primeira e a segunda queda chamada de Pontezinha ficam bem próximas ao rodoanel, na antiga estrada para Rochedo.

Para chegar a terceira, Cachoeira do Céuzinho, é preciso descer uma pequena trilha. O contato do marceneiro com as cachoeiras da região vem de longa data e como se tivesse andando por uma calçada, Elzio desce as pedras rumo ao pé da cachoeira com muita facilidade.

Enquanto o Lado B registrava a cascata, Elzio aproveitou para entrar na água e se refrescar.

Elzio aproveitou para entrar na água e se refrescar. (Foto: Henrique Kawaminami)
Elzio aproveitou para entrar na água e se refrescar. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Juro que não foi a intenção, o nome pegou", pontua. (Foto: Henrique Kawaminami)
"Juro que não foi a intenção, o nome pegou", pontua. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Para entrar aqui antes, tinha que dar a volta por trás do Sesi. Hoje é fácil aberto. Mas isso também é um problema, muitas pessoas jogam lixo. Limpar é nossa principal luta”, pontua.

O Vale da Usina Velha, como é conhecido conta com cinco cachoeiras. Quase na mesma época, há 20 anos, a quinta queda d’água ficou conhecida como Cachoeira do Alemão. “A última cascata ficou conhecida com esse nome, depois que um morador do Bairro Santa Luzia se jogou. Ele era conhecido como Alemãozinho”, disse.

Apaixonado pela natureza e pela região do Vale, Elzio é idealizador da Projeto Flores e Passarinhos. Com o objetivo de cuidar dos córregos e da Cachoeira do Ceuzinho, o marceneiro quer espalhar viveiros de plantas frutíferas por bairros da cidade.

Outro ponto explorado por Elzio é a própria usina abandonada. No Facebook, ele pede a conscientização e limpeza do local. “A Energisa comprou o sistema elétrico de Mato Grosso do Sul e aquele lugar foi no pacote, mas a concessionaria não cuida da área. Quando dá final de semana muitas pessoas frequentam o local. Esse final de semana, mesmo fizemos uma visita e juntamos muito lixo, inclusive chinelo velho”, pontua Elzio.

Elzio mostra as ruínas da usina. (Foto: Arquivo Pessoal)
Elzio mostra as ruínas da usina. (Foto: Arquivo Pessoal)
Turbina que gerava luz para Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)
Turbina que gerava luz para Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)

Usina Ceroula - Construída na década de 1920, a primeira usina hidrelétrica alimentou Campo Grande por quase 50 anos. O espaço, segundo Elzio foi desativado em 1970 e levava o nome do córrego.

Como já publicado pelo Lado B, a construção foi tocada pelo sócio majoritário das Centrais, engenheiro Cincinato Sales de Abreu, em 1920 e concluída em 1923, segundo a tese de pós-graduação em energia "A formação do setor energético de Mato Grosso do Sul: uma análise à luz da teoria do desenvolvimento de Celso Furtado", de Hélvio Rech.

A primeira hidrelétrica do então sul do Mato Grosso foi feita a partir de maquinário de segunda mão, trazido do interior de São Paulo, onde se aproveitava a queda d'água de 70m, de onde se pode ver a tubulação até hoje.

À época a região do Inferninho era fazenda de Vespasiano Martins. De lá, a energia era levada até a sede da usina, na esquina das ruas Cândido Mariano e Calógeras, de onde era distribuída. A história conta que eram pouco mais de 8 mil habitantes em Campo Grande. O funcionamento dela seguiu até o início da década de 1970, onde a Ceroula dividia a função de abastecer uma cidade já grande, com outras duas usinas:de Botas e posteriormente, do Mimoso.

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