Há 9 anos, Valdemir pega sucatas de bicicleta no lixo para restaurar

A um passo de comemorar a marca de mil bicicletas reformadas e entregues a um projeto social que é a vida de Valdemir Dias Martins, o auxiliar de eletricista, de 47 anos, conta os dias até que o recorde pessoal seja batido. Faltando cinco bicicletas para realizar o sonho, ele não mede esforços.

A história das bicicletas recicladas começa em 2012. Anos depois, em 2020, ele celebrava a marca de 500 bikes reformadas. O trabalho faz parte do projeto “A Semente, Projeto Esperança" e teve início depois que ele viu 30 carcaças de bicicletas paradas no terreno de um amigo.

“Em 2016, comecei minha jornada doando as bicicletas recicladas. Sempre admirei a iniciativa do Ciclo Ribeiro, que, desde a minha adolescência, doava bicicletas e, como não tinha dinheiro para doar novas, decidi fazer algo diferente. Fui até a bicicletaria do Jardim Aeroporto, onde meu amigo Jeremias me deu 40 carcaças de bicicletas. Comecei a restaurá-las, transformando 17 delas. No dia 1º de maio de 2016, fiz o primeiro passeio ciclístico e doei 12 bicicletas para as crianças da comunidade.”

Apaixonado por bicicleta, Valdemir aprendeu a restaurar os veículos sozinho. Ele faz isso sem ajuda de ninguém. Ao longo do caminho, encontrou alguns parceiros, mas o trabalho braçal é feito por ele só.

Na infância, ele conta que não tinha condições de ter uma e que era um sonho desde os 7 anos. “Minha mãe trabalhava na roça e não tinha condições de comprar. Eu dou vida ao lixo, ajudo crianças e adultos. A bicicleta é importante para as pessoas, para o meio ambiente, escola e serviço. A bicicleta está em todos os lugares.”

Para ele, a satisfação em ver o rosto das pessoas recebendo as bikes compensa todo o esforço. A luta desses anos todos foi para chegar à marca de mil unidades restauradas. Ele comenta que a número mil é ainda mais especial.

“E tem grande chance dessa bicicleta ser a número mil. Eu ganhei de um amigo e eu ia também homenagear a minha filha Yasmin, de 16 anos, e a Sara Helena, de 5 anos, assim como todas as meninas que gostam de bicicleta, que sonham com uma bicicleta.”

Durante todos esses anos, o que motiva ele é encarar a bicicleta como símbolo de liberdade e esperança. “Um dos meus grandes sonhos, se Deus quiser, é criar um museu da bicicleta em Campo Grande. Seria um lugar onde todos possam conhecer a história dessas bicicletas recicladas e entender o impacto positivo que elas têm na vida das pessoas.”

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