Iná e Augusto se casam em asilo e desafiam o tempo do amor
Primeiro matrimônio em 63 anos do Asilo São Francisco emociona moradores e familiares
A garoa fina do fim de tarde parecia detalhe pequeno diante do que se formava no pátio do Asilo São Francisco, em Aquidauana. Ali, onde a rotina é marcada por cuidados, silêncio e tempo desacelerado, Iná de Jesus Costa e Augusto César de Oliveira Viana, de 80 e 70 anos, deram as mãos, trocaram olhares demorados e disseram “sim” à vida a dois.
RESUMO
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Em uma cerimônia histórica, Iná de Jesus Costa e Augusto Cesar de Oliveira Viana celebraram seu casamento no Asilo São Francisco, em Aquidauana. O evento, realizado no último sábado, marcou a primeira união matrimonial em 63 anos de funcionamento da instituição. O casal se conheceu no próprio asilo, onde o relacionamento floresceu através de conversas diárias e gestos de cuidado mútuo. A celebração, conduzida pelo padre Chico Cáceres, contou com a presença de familiares, incluindo a filha do noivo, e outros residentes do asilo, como Dona Joana, de 100 anos, que acompanhou a noiva durante a cerimônia.
O casamento, celebrado no sábado (13) pelo padre Chico Cáceres, entrou para a história da instituição. Em 63 anos de funcionamento, foi a primeira vez que o asilo sediou uma cerimônia de matrimônio. Um evento raro, simples e profundamente simbólico.
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Iná e Augusto se conheceram no cotidiano do abrigo, entre conversas despretensiosas, companhia nos corredores e pequenos gestos de atenção. O que começou como convivência virou cuidado. O cuidado virou parceria. E a parceria, amor. Sem pressa, sem planos grandiosos, mas com presença diária.
Agora seguem morando no mesmo lugar onde os caminhos se cruzaram. A diferença é que continuam ali não apenas como moradores, mas como família.
“Meu coração está em festa. Nunca pensei que viveria um momento tão bonito assim”, disse Dona Iná, com a voz embargada. “Hoje sou só gratidão e alegria. Não imaginava que eu teria uma família assim.”
Ao lado dela, Augusto tentou resumir o significado do momento, visivelmente emocionado. “Esse casamento é a prova de que a vida sempre pode surpreender. Estou vivendo um dos dias mais importantes da minha vida.”
A cerimônia foi marcada por cenas delicadas. Aos 100 anos, a mãe da noiva, Joana, pode acompanhar a filha e testemunhar o início de uma história que desafiou o tempo e as expectativas. Da família do noivo, a filha Tainara de Jesus Viana esteve presente com o marido, Davi, além do irmão Artur Viana e da cunhada Selma.
Nada ali foi luxo. Mas tudo foi cuidado. Flores, música, decoração e comida surgiram da união de voluntários e parceiros que decidiram transformar o espaço em cenário de celebração. Pessoas que entenderam que aquela história merecia ser vivida com dignidade e beleza.
Para a diretora do asilo, Maristela Prado, o casamento vai além do simbolismo afetivo. “Foi um momento único, emocionante e histórico para o Asilo São Francisco. Só foi possível porque muitas mãos e corações se uniram para transformar esse sonho em realidade”, afirmou.
O casamento de Iná e Augusto não alterou a rotina do asilo. Eles continuam frequentando os mesmos espaços, sentando nos mesmos bancos, vivendo os mesmos dias. Mas mudou o significado daquele lugar para os dois.
“Gratidão a todos que acreditaram que o amor não tem idade”, disse Dona Iná, antes de encerrar a frase com um beijo no marido.
Em meio à rotina de cuidados, o casamento virou lembrança viva de que o afeto não se aposenta. Às vezes, ele só espera o tempo certo para florescer, exatamente onde já havia acolhimento.
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