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Comportamento

Lembranças do pai se confundem entre o que Luiza viveu, sonhou e o que contaram

Paula Maciulevicius | 30/05/2016 06:05
Luiza e o pai, França, num passado que ficou na memória de menina.
Luiza e o pai, França, num passado que ficou na memória de menina.
O pai partiu quando ela ia fazer 5 anos, já se foi uma década imaginando como seria a vida com ele. (Foto: Marcos Ermínio)
O pai partiu quando ela ia fazer 5 anos, já se foi uma década imaginando como seria a vida com ele. (Foto: Marcos Ermínio)

Quando o pai partiu, Luiza tinha quatro anos. Faltava pouco para ela soprar a velinha do 5º aniversário. A mãe chegou a fazer um bolinho, e foi ali que a menina sentiu a primeira ausência. O pai não voltou para cantar os parabéns daquele ano e nem voltaria nos seguintes. As memórias que a estudante tem do corretor de seguros Elson Chaves França se confundem entre o que ela viveu, o que sonhou e o que lhe contaram. 

"Eu sonhava muito com ele, então tem certas coisas que eu não sei se foi sonho ou se aconteceram mesmo", conta. Agora Luiza Favero França tem 15 anos, estuda o 1º ano do Ensino Médio e, assim como sentiu em cada fase, hoje não tem França, como era conhecido o pai, para dividir as angústias da adolescência e saber sua opinião sobre o curso a seguir, por exemplo. 

A casa cheia é lembrança para a menina que conviveu tão pouquinho ao lado de Elson e nos detalhes das cenas do passado ou das histórias que ouviu, é que Luiza forma diante dos olhos e no coração, a imagem do pai. 

França com as filhas: Letícia e Luiza.
França com as filhas: Letícia e Luiza.

"Todo mundo gostava de ficar perto dele, ele animava todo mundo. As pessoas falavam e falam tão bem dele", descreve. Nos últimos dias de vida do pai, os cômodos da casa eram tomados de gente. Coisa que ela não entendia direito e só foi compreender anos mais tarde. Na mesmoa proporção que era querido, houve uma grande despedida, carregava de abraços.

"Quando ele estava doente, ele pensava muito sobre a gente. Não estava triste por ter a doença, mas porque ia deixar a gente..." Luiza é a caçula da casa. A irmã mais velha, Letícia tinha à época 9 anos. Elson se foi aos 40, em agosto de 2005, depois de 10 meses de luta contra um câncer de intestino.

Uma das mais marcantes lembranças de Luiza menina foi uma páscoa, data na qual o pai comprou vários chocolates e foi com ela ao silo. "Não lembro direito onde ficava, mas era uma coisa dele, de sempre ajudar muitas pessoas. E eu fiquei muito feliz naquele episódio, porque eu via muita felicidade no rosto daquelas pessoas e vi a bondade que meu pai tinha no coração. Eu sempre procurei tentar ser igual a ele".

Na infância, depois que o pai se despediu, a mãe contou a ela. "Eu fiquei parada, não senti nada. Acho que por conta disso que eu fui sofrer depois de um tempo, quando percebi que ele realmente tinha ido embora".

Na cabecinha de Luiza, por vezes aparecem os olhos verdes do pai. (Foto: Marcos Ermínio)
Na cabecinha de Luiza, por vezes aparecem os olhos verdes do pai. (Foto: Marcos Ermínio)

Na cabecinha de Luiza, por vezes aparecem os olhos verdes do pai, que no sol ficavam azuis e a saudade de acordar e tê-lo em casa. "Eu corria para o colo dele, não lembro, mas ele me chamava por um apelido e ficava passando a mão no meu cabelo..." Cabelo que hoje cresceu, assim como a menina.

Naquele primeiro aniversário, ainda sem entender, ela se lembra que no meio da festinha, se sentou no sofá. "Eu queria saber onde estava o meu pai, não estava entendendo nada. Ele era uma pessoa muito engraçada, as pessoas falam muito que sou parecida com ele no humor. Que era bravo, mas tinha um bom coração.

Quando as pessoas vem falar dele para mim, fico sentida, porque tenho que me parecer com ele e fico tentando, imitar,sabe?"

Elson é vivo nas lembranças da filha caçula, na cor dos olhos e nos álbuns de fotografias. 

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Elson é vivo nas lembranças da filha caçula, na cor dos olhos e nos álbuns de fotografias.
Elson é vivo nas lembranças da filha caçula, na cor dos olhos e nos álbuns de fotografias.
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