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Comportamento

Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância

Tatuagem mistura locomotiva dos anos 1920, Morro do Paxixi, mapa de MS e a sigla da Estrada de Ferro NOB

Por Natália Olliver | 31/12/2025 07:16
Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância
Trem são tão importantes para Bruno que ele eternizou na pele (Foto: Arquivo pessoal)

O vagão de trem da infância de Bruno Silva Ferreira, de 36 anos, tem um papel tão importante que ele resolveu eternizar na pele a locomotiva que fez parte da vida dele. A tatuagem, feita com um punhado de significados ao longo da vida, mistura o mapa de Mato Grosso do Sul, o Morro do Paxixi, uma rosa dos ventos no farolete e a sigla da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que cortava parte do Estado.

RESUMO

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Bruno Silva Ferreira, de 36 anos, decidiu eternizar na pele a locomotiva que marcou sua infância em Jaguariúna, São Paulo. A tatuagem incorpora elementos significativos, incluindo o mapa de Mato Grosso do Sul, o Morro do Paxixi e a sigla da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Apaixonado por trens desde criança, Bruno hoje trabalha com Patrimônio Ferroviário em Mato Grosso do Sul. A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que inspirou sua tatuagem, foi uma das principais ferrovias do país no início do século XX, conectando Bauru a Corumbá, com mais de 1.600 quilômetros de extensão.

A história dele com as locomotivas começa antes de 1995, ainda no interior de São Paulo, na cidade de Moji Mirim. Ao lado, no município de Jaguariúna, foi onde se apaixonou pelo meio de transporte. Na época, as viagens já haviam sido extintas, então Bruno conheceu tudo durante passeios da escola e visitas turísticas. Ele gostou tanto que hoje trabalha com Patrimônio Ferroviário, especificamente com a memória das locomotivas em Mato Grosso do Sul.

“Desde que eu era criança sou apaixonado por trens. Tatuei o mesmo vagão da infância. Se não me engano, eles são da década de 1920. Esse era turístico, em Jaguariúna, e funciona até hoje. Ele vai de Campinas até lá. A ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) é quem cuida do patrimônio ferroviário e restaura locomotivas”.

Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância
Bruno, a irmã e a mãe em 1995, no vagão de Jaguariúna que inspirou tatuagem (Foto: Arquivo pessoal)

Bruno chegou a conhecer os trens quando eles ainda existiam em Três Lagoas. O registro é guardado com carinho por ele. O sonho é que o trecho que passa pelo Morro do Paxixi volte a ter os "reis de ferro".

“Nos moldes desse de Campinas e Jaguariúna. Isso tem um apelo turístico forte e a região tem infraestrutura e potencial. Na tatuagem escolhi o Morro do Paxixi como cenário de fundo. Em homenagem ao Estado, fiz a fumaça no formato do mapa e a estrela que se forma do farolete da locomotiva forma uma rosa dos ventos, onde o maior raio é o que aponta para o noroeste”.

Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância
Bruno, de amarelo, durante excursão da escola em ferrovia do interior de SP (Foto: Arquivo pessoal)

Ele conta que foram dois anos pensando e construindo os detalhes da tatuagem com a artista Solztt. A ideia inicial era não ter o vagão do trem, mas sim o relógio da Avenida Afonso Pena com a Avenida Calógeras, os trilhos da ferrovia e um jovem andando de bicicleta. Depois, os planos mudaram completamente e Bruno resgatou a infância.

“Esse símbolo da NOB, Noroeste do Brasil, é um dos mais lindos que eu já encontrei. Como não havia padronização, em cada lugar era diferente, fiz assim. Esse está na Estação de Água Clara, na bilheteria”.

Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância
Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância
Bruno na Estação de trem de Três Lagoas (Foto: Arquivo pessoal)

Para quem não se lembra ou não liga para a história, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil foi uma das grandes ferrovias do país no início do século XX. Ela chegou a ter mais de 1.600 quilômetros de linha que conectava Bauru, em São Paulo, a Corumbá, na fronteira com a Bolívia, com ramais também em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai.

Por aqui, o trecho que ligava Corumbá até a Bolívia ficou conhecido como Trem do Pantanal. A locomotiva virava Trem da Morte quando passava para a parte boliviana. O apelido foi dado porque a locomotiva já carregou pessoas doentes e a estrutura era precária. Hoje, o trem também não roda mais. Ele parou de circular antes da pandemia de covid-19 e nunca voltou.

Louco por trens, Bruno resolveu tatuar o vagão da sua infância
Tatuagem é homenagem ao Estado, Morro do Paxixi e vagão da infância de Bruno (Foto: Arquivo pessoal)

A ferrovia foi concebida para integrar o interior do Brasil ao resto do país, facilitando o transporte de pessoas e mercadorias e promovendo a ocupação e o desenvolvimento territorial.

Em Três Lagoas, a Estação Ferroviária, que Bruno visitou muitos anos depois, foi inaugurada por volta de 1912 e transformou o povoado, até então rural, em um centro de comércio e circulação de pessoas e produtos.

Em Campo Grande, a história ferroviária começa com a chegada da primeira locomotiva, número 44 da E.F. Itapura Corumbá, em 20 de maio de 1914, antes da inauguração oficial da estação, seguida pelo primeiro trem de cargas em 30 de maio daquele ano.