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Comportamento

Maria crê que a vida é curta para um só lugar e foi ser feliz na Tailândia

Thailla Torres | 28/02/2018 08:01
Maria e a família turistando nos arredores de um mercado flutuante. (Foto: Arquivo Pessoal)
Maria e a família turistando nos arredores de um mercado flutuante. (Foto: Arquivo Pessoal)

A jornalista Maria Matheus não largou tudo, mas há alguns anos percebeu que a vida é muito curta e o mundo gigante para escolher um só lugar para viver. Sem receios de mudança, ela e o marido escolheram se aventurar pelo mundo, no mesmo momento em que descobriu a maternidade. A decisão não foi fácil, nem difícil o suficiente para impedir que o casal fosse ser feliz do outro lado do mundo. Os detalhes de como planejou e o que tem encontrado pela frente a cada passo novo, Maria conta no Voz da Experiência.

Ela e o filho de 3 anos, companheiro em toda aventura. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ela e o filho de 3 anos, companheiro em toda aventura. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Mudar de país não é uma decisão fácil, mas se você tem uma alma inquieta que sempre busca novas experiências, quando a oportunidade bate à porta o difícil é dizer não. Foi isso que aconteceu comigo e com o Ronaldo. Compartilhamos a paixão por viajar e tomamos a decisão de morar em terras estrangeiras. Nossa primeira opção foi Europa, mas acabamos na Tailândia.

Em uma longa conversa no trajeto Guaíra - Campo Grande, traçamos um plano: primeiro, faríamos mestrado, assim, quando a gente voltasse para o Brasil, as chances de conseguir um emprego seriam maiores. O que a gente não sabia era que naquele exato momento eu estava grávida. O Rafael chegou. E agora? Ou continuamos o plano ou daqui 20 anos vamos contar a história assim: 'então, Rafa, antes de você nascer a gente sonhava em mudar de país, mas aí, né, veio você. Escolhemos a opção 1: Rafa vai com a gente pelo mundo.

Rone trabalha com Tecnologia da Informação, uma área que tem muita demanda em praticamente todos os países. Então, alguns meses depois de colocar o currículo em inglês no Linkedin, ele começou a receber ofertas de emprego na Alemanha, Irlanda, Dubai e, finalmente, na Tailândia.

A família desfruta de um novo mundo.(Foto: Arquivo Pessoal)
A família desfruta de um novo mundo.(Foto: Arquivo Pessoal)

Por que escolhemos a Tailândia? Porque morar do outro lado do mundo, na Ásia, é uma oportunidade única. Um acréscimo no currículo e uma experiência de vida incríveis. Analisamos custo de vida, preços de passagens aéreas para conhecer outros lugares, nível de violência, receptividade com expatriados e, enfim, tudo conspirou a favor. Ir de Bangkok para China, Camboja, Vietnã, Maldivas, Dubai, Singapura, Malásia ou Índia, por exemplo, pode custar menos de R$ 300 os bilhetes de ida e volta. Dar um pulinho numas das praias paradisíacas do sul da Tailândia leva menos de 2 horas e R$ 120. Tentador, né? Nós não resistimos.

Bangkok é uma mega metrópole moderna e tradicional, caótica e vibrante. Você pode sentir qualquer coisa aqui, menos tédio. Conheci pessoas que odiaram a cidade - trânsito estrangulado, calor, comida de rua em toda calçada. Mas comigo foi amor à primeira vista. Me encantei com suas ruelas labirínticas e com as surpresas que vou desvendando a cada dobrar de esquina - artesanatos, exposições de arte, feiras de todo o tipo, parques, cafés e restaurantes charmosos, e aqui e ali, oásis de verde e serenidade escondidos a apenas alguns passos do turbilhão das principais avenidas.

A arquitetura fascinante dos templos com milhares de anos contrasta com os prédios ultra modernos. Shoppings, dezenas deles, por toda a parte, fechados ou a céu aberto, luxuosos, vintage ou geek. Feiras noturnas em que se vende roupas, artesanato, comida, verduras, cortes de cabelo, tatuagem, plantas, antiguidades, produtos de beleza, jóias e todo tipo de coisa exótica que eu nunca tinha imaginado que poderia existir. Em absolutamente qualquer canto da cidade e em qualquer horário você encontra um lugar para fazer uma massagem relaxante nos pés ou uma massagem tradicional tailandesa, daquelas que vai se lembrar por pelos menos três dias e alguns analgésicos depois.

Não precisa levar seu lanchinho de casa, mesmo quando sair com crianças. Nas ruas, facilmente vai encontrar vendedores de frutas - frescas, geladinhas, cortadas na hora e entregues em marmitinhas. E, claro, comida vendida em pequenas porções que podem ser levadas em saquinhos - frutos do mar, carne de porco, frango, arroz frito. Algumas estranhas, outras deliciosas, mas só por sacanagem, têm mais pimenta que posso suportar. Posso ir ao céu e ao inferno em poucos segundos. À primeira mordida, penso: "meu Deus isso é a coisa mais deliciosa do mundo”, para em seguida, não sentir nenhum sabor, nada, nem a boca, apenas a pimenta ardendo.

Esse é um dos barcos turísticos de Bangkok. (Foto: Arquivo Pessoal)
Esse é um dos barcos turísticos de Bangkok. (Foto: Arquivo Pessoal)
Bagkok é conhecida como a Veneza do Oriente pelos seus canais. (Foto: Arquivo Pessoal)
Bagkok é conhecida como a Veneza do Oriente pelos seus canais. (Foto: Arquivo Pessoal)

A cidade se transforma ao anoitecer e fica ainda mais bonita. Os monumentos, os arranha-céus, as feirinhas, tudo ganha iluminação especial.

Eu não diria que a adaptação está sendo difícil, mas ainda estamos nessa fase. O clima é parecido com o do Brasil, a paisagem é similar em muitos aspectos e o povo, à primeira vista, é semelhante ao brasileiro. As diferenças aparecem na forma escorregadia como dizem não (e isso muitas vezes pode ser irritante), o silêncio quase absoluto dentro do BTS (o trem rápido que trafega acima das rodovias) e a calma como geralmente enfrentam as situações mais estressantes - uma vez ficamos 30 minutos presos no trem, à noite, sem luz ou ar condicionado, com portas e janelas fechadas. Ninguém alterou a voz, ninguém quebrou nada, ninguém saiu do lugar.

Rafa agora tem três anos e adora morar aqui. Em abril vai começar a frequentar a escolinha. Ele está aprendendo inglês muito rápido e já consegue trocar algumas palavrinhas com os novos amigos. As propostas de trabalho triplicaram para Rone, agora que ele tem experiência em gerenciar equipes asiáticas. Nossos planos para o futuro incluem outras mudanças, outros países e um dia, daqui alguns anos, voltar para o Brasil.

Quando me pediram para escrever esse depoimento, a pergunta central foi: como vocês tomaram essa decisão de largar tudo e mudar para o outro lado do mundo? Na verdade, não largamos tudo. Já há alguns anos eu trabalho à distância, Rone e eu continuamos o curso de Mestrado na UFMS (ele em Inteligência Artificial, eu em Comunicação), nossa cachorrinha veio conosco e a gente conversa com nossa família diariamente.

Pode ser pouco original, mas é verdade: a vida é única e muito curta e o mundo é grande demais para escolher um só lugar e ali morar para sempre. E afinal de contas, como escreveu alguém uma vez, lar não é um local específico, é algo que a gente constrói a cada dia com as pessoas que amamos".

Tem uma história inspiradora para contar? Manda pra gente no Lado B pelo Facebook ou Instagram.

Confira a galeria de fotos de Maria na Tailândia:

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