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Comportamento

Na decadência da Calógeras, Mohamed é o comerciante que não desiste aos domingos

Thailla Torres | 08/05/2017 08:31
Mohamed é quem resiste aos domingos abrindo o comércio na Avenida Calógeras. (Foto: Marcos Ermínoo)
Mohamed é quem resiste aos domingos abrindo o comércio na Avenida Calógeras. (Foto: Marcos Ermínoo)

Numa loja da Avenida Calógeras entre as ruas Maracajú e Antônio Maria Coelho, o libanês Mohamed Dakor, de 57 anos, é o homem que resiste contra o tempo e a decadência de muitos comércios da década 30 que tiveram seu valor histórico esquecido por ali. Em pleno domingo, ele é quem dá às caras bem no Centro do cidade, mesmo sem nenhuma concorrência no segmento e muito menos clientela.

O lugar chama Comércio Pantanal e fica em um prédio detonado pelo tempo. A fachada verde quase apagada chama atenção somente pelas pichações e a porta aberta, o jeito de Mohamed lidar com o calor, já que o sol bate ali toda tarde.

Com a fachada desbotada, dono deixa só umas das portas aberta. (Foto: Marcos Ermínio)
Com a fachada desbotada, dono deixa só umas das portas aberta. (Foto: Marcos Ermínio)

O dono é de poucas palavras, recebe ali os amigos, mas sem muita paciência para falar com quem chega só para especular sobre seu ofício. "Quer saber o quê? Eu abro porque não tem o que fazer", afirma sentado num cantinho ao lado do caixa.

As mãos e as pernas tremem ainda mais forte, reflexo do mal de Parkison que enfrenta há alguns anos, afirma um amigo presente na loja.

O espaço não é dos mais organizados. Tem roupa, mala e sapato num amontado só. Entre os produtos que ainda são vendidos, Mohamed afirma que o chapéu de palha é o que mais sai, quando recebe um cliente.

A poeira de tudo e as teias de aranha dão indícios que há tempos as coisas andam difíceis por ali, mesmo assim, ele parece que não vai abrir mão do negócio tão cedo.

Em palavras miúdas, Mohamed conta que veio do Líbano a trabalho, quando três tios administravam comércios na cidade. Em Campo Grande, hoje ele vive nos fundos da loja na companhia da esposa e os filhos.

Dono não desiste de manter a loja aberta aos domingos.  (Foto: Marcos Ermínio)
Dono não desiste de manter a loja aberta aos domingos. (Foto: Marcos Ermínio)

Primeiro a loja pertenceu a irmã que já faleceu e, quando Mohamed passou administrar o lugar, manteve como tudo começou na venda de roupa, chapéu e calçados para homens e mulheres.

A escolha de abrir aos domingos é pela falta clientes. "O movimento anda cada dia mais fraco e não tem o que fazer, por isso eu fico aberto". 

A despesa também é fator decisivo, já que fim do mês o desespero bate à porta. "Para quem está precisando, não tem jeito. Tem aluguel, água e energia para pagar", comenta.

No endereço, dá pra comprar roupa à partir de R$ 5,00 e o produto mais caro é no máximo R$ 60,00.

Como não tem outra loja aberta na mesma rua vendendo o que Mohamed oferece em pleno domingo, apesar do freguesia distante, para ele compensa. "Melhor do que não fazer nada. Quem sabe alguém entra aqui para comprar", afirma.

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