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Comportamento

Naudimar descobriu gravidez no 7º mês de gestação, em plena luta contra o câncer

A filha, Laura, resistiu dentro da barriga da mãe que passou por cirurgia e 12 sessões de quimioterapia

Thailla Torres | 27/10/2017 07:52
O primeiro registro de Naudimar com a filha Laura no colo. (Foto: Arquivo Pessoal)
O primeiro registro de Naudimar com a filha Laura no colo. (Foto: Arquivo Pessoal)

"Só consigo pensar que tudo isso foi milagre", define a técnica de enfermagem, Naudimar Pereira de Oliveira, de 38 anos, sobre o nascimento da filha Laura, 1 mês depois do parto. A menina veio ao mundo de surpresa, no sétimo mês de gestação, durante o tratamento da mãe com câncer.

A história foi surpreendente, porque Naudimar diz que nunca suspeitou da gravidez. E Laura resistiu, dentro da barriga, a uma ressonância magnética, cirurgia com anestesia geral e 12 sessões de quimioterapia. Quando a mãe soube que estava grávida, a menina nasceu no dia seguinte, perfeita e sem nenhum problema de saúde.

"Senti que estava inchada e os médicos disseram que era efeito da quimioterapia. Mas depois de algum tempo senti como se meu estômago estivesse enrijecido. Eu também não menstruava durante o tratamento e por isso nunca pensei que estivesse grávida", garante.

Depois de mais uma consulta, Naudimar passou pela ultrassom onde o médico confirmou a gravidez e diagnosticou pouco líquido amniótico para proteger o bebê. Por isso, no dia seguinte, uma cesariana foi feita para trazer Laura ao mundo.

"Naquele momento eu fiquei em choque. Quando soube da gravidez no consultório, eu e meu marido choramos muito. Um misto de susto e medo de que ela nascesse com problemas de saúde por conta da quimioterapia", diz.

Laura, com 1 mês de vida. (Foto:
Laura, com 1 mês de vida. (Foto:

Laura nasceu prematura, no dia 22 de setembro, com 1.175 kg e 35 cm, na Maternidade Cândido Mariano. Hoje, está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal para ganhar peso, mas já respira sozinha. E nenhum problema de saúde foi diagnosticado em decorrência da quimioterapia, o que a mãe só comemora.

"Todos os dias vou até a UTI e agradeço a Deus pela vida da minha filha. É uma felicidade sem tamanho e impossível de descrever. Ainda não achei resposta para o porquê de Laura chegar dessa forma na nossa vida, mas tenho fé que para tudo existe um propósito".

Ela e o esposo, Anderson Gonçalves, de 35 anos, sonhavam em ter outro filho, mas por conta do tratamento, os planos eram para daqui cinco anos. "Porque vou continuar com o tratamento e tomando uma medicação forte. Só ia tomar essa atitude quando realmente estivesse curada", justifica.

Naudimar descobriu o câncer de mama no dia 8 de março. No mês seguinte, após todos os exames pré-operatórios, ela entrou na sala de cirurgia para a retirada do tumor e da mama. "Depois da recuperação, comecei com a quimioterapia e não senti nada diferente que fosse semelhante a uma gravidez. Por isso, quando descobri, foi um desespero".

O Lado B conversou com o médico oncologista Amauri Ferreira de Oliveira, que destaca a situação de Naudimar como incomum, mas afirma que não existe contra-indicação de quimioterapia durante gravidez. A cirurgia ocorreu com os exames em mãos, sem nenhum sinal da gestação, garante. "Antes de operar, ela fez todos os exames e nenhum evidenciou gravidez. Durante o tratamento oncológico ela fez um teste que deu negativo", explica.

Apesar do susto, a confiança na vida é ainda maior. "Não é fácil, quando descobri o câncer fiquei muito fragilizada, mas tive tanta fé, que superei as dores da quimioterapia. Apenas o cabelo caiu um pouco, mas acabei passando bem durante todo esse processo, até que a Laura deu sinais", diz Naudimar.

E o nome escolhido não podia ser diferente. "Significa vitoriosa, é isso que a Laura se tornou pra gente. Sempre fui grata pelo sucesso do meu tratamento, mas agora tenho um dever ainda maior de cuidar da minha filha que lutou sozinha durante todo esse tempo. Por que sei que tenho câncer, mas ele não me tem".

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