O hexa não veio, mas final de Copa é comemorada com álbum de figurinhas completo
Na vésperas da final da Copa do Mundo, o sábado à tarde foi de troca-troca de figurinhas para completar o álbum da edição 2018 do mundial. Em Campo Grande, o movimento na Banca Modular na rua Antônio Maria Coelho esquina com 25 de Dezembro foi intenso.
Entre o grupo 50 pessoas, há quem diga que a melhor parte da diversão é a troca. Pais e filhos viram dupla de negócios, amigos viram sócios e vice-versa. É o caso da técnica de Enfermagem Flávia Almeida Moreira, de 43 anos, que desde abril acompanha o filho Fernando Moreira Tognoli, de 11 anos, na saga para encontrar as figurinhas que faltam no álbum.
"No início, ele estava bem desmotivado, mas depois que descobriu como era a brincadeira, todos os sábados batemos ponto aqui e encontramos de tudo, troca, venda e até gente querendo dar uma de esperto com os mais inocentes. Esses dias que viemos juntos, pude me aproximar mais dele, que faz questão de vir comigo", afirma Flávia.
Ela diz que a loucura maior é ter hora apenas para chegar. "Quando saímos de casa aos sábados, posso desfazer de todos os compromissos, porque sei que não vou chegar a tempo. Não me importo, descobri que essa interação entre pessoas de varias idades me surpreende a cada encontro".
No final da tarde, para Fernando só faltava duas figurinhas para completar o álbum de 682. A número 192 (Escudo da frança) e 172 (Escudo do Irã) ficaram mesmo para o último dia antes de acabar o mundial.
Questionado se foi difícil encontrar o Neymar Junior, a resposta foi rápida. "O importante não é achar os craques, mas sim a diversão, estar aqui é diferente, conheci muitas pessoas e até fiz novos colegas", explica.
Fernando é firme em dizer que seria interessante que o Brasil estivesse na final da competição, mas sem o hexa, a interação e conseguir as figurinhas foram as melhores partes da descoberta do quanto é diferente brincar. "Minha mãe vai encadernar e deixar como lembrança".
Para o casal Pedro Carboneri, de 20 anos, e Debora Tannus Cardone, de 18, a diversão é garantida. De tão concentrados na troca, era difícil conseguir uma conversa.
Pedro confessou que desde os 8 anos, em todo mundial, compra o álbum assim que é lançado. "Sou daqueles que leva a sério a brincadeira. O gol contra do Fernandinho e a saída da nossa seleção do mundial não interferiu em nada. Na segunda-feira, vou continuar comprando e se tiver gente interessada vou manter as trocas também".
A empatia durante a permuta fica clara, uns ficam nas mesas espalhadas pela calçada e outros pedindo para trocar. Gabriel Moreira, de 8 anos, ficou todo empolgado quando conseguiu a figurinha cromada de número 680 com a imagem do rei do futebol, o "Pelé". "Consegui, consegui, achei a do Pelé", comemorou o menino.
O pai Waldemir Moreira, de 42 anos, diz que levar o filho para brincar, vai além da interação, se torna um verdadeiro aprendizado.
"Meu filho começou a se envolver e isso despertou nele muita curiosidade. Ele olha as figuras e cores das bandeiras e me faz várias perguntas, como por exemplo, o porque da seleção dos Estados Unidos não estar mais na competição. Além disso, percebeu as diferenças entre as características das etnias de cada país participante".
Nem a dona da banca onde os colecionadores se aglomeram escapa da brincadeira, ela confessa que acaba se tornando parceira de alguns. "Tenho uma lista de telefones aqui e fico monitorando. Anoto o que eles estão precisando para completar e assim que vejo chance de troca, ou compra, dou um jeito de avisá-los", afirma Vaneide Ferreira Barros.
Ela diz também que mesmo com a saída da Seleção Canarinho do mundial, não percebeu a perda de movimento dos colecionadores de plantão. "Desta vez foi atípico, acho que por conta do trauma do 7 a 1, esse ano eles nem estão ligando muito para o resultado".