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Comportamento

Padaria perde o sorriso de Manoel, que aos 52 anos resolveu começar de novo

Funcionário que dedicou 31 anos ao mesmo patrão, ele conseguiu o que poucos têm coragem, mudar radicalmente de profissão depois dos 50

Thailla Torres | 25/01/2018 08:10
Esse é o sorriso que a freguesia encontrava na padaria desde 1990.
Esse é o sorriso que a freguesia encontrava na padaria desde 1990.

Não é à toa que o Lado B resolveu contar histórias de quem comemora bodas com a profissão. Ficar anos na mesma empresa é comemoração rara nos últimos tempos. Por isso, quem deixa um estabelecimento após muita dedicação ganha prestígio merecido. Como é o caso de Manoel, que deixou a padaria onde trabalhou por mais de 31 anos, na Vila Sobrinho, para se arriscar em uma vida nova: a mecânica.

Manoel Elias Barbosa, de 52 anos, é o funcionário conhecido pela gentileza e afeto com os clientes que chegam à Padaria Tietê, na Avenida Tamandaré. Manoel estava no local desde que os primeiros tijolos foram colocados no terreno. Antes de assumir a gerência, em 1990, ele fez serviço de pedreiro, para que a empresa familiar abrisse as portas como uma das panificadoras sofisticadas da época.

“Naquele tempo não tinha tanta concorrência. E o dono, seu Barbosa, decidiu fundar a Tietê”, lembra.

O registro de quando começou na padaria, há 31 anos.
O registro de quando começou na padaria, há 31 anos.

Quando passou ajudar na obra, Manoel já tinha experiência de três anos em panificadora. O título era de gerente, mas na verdade, fazia um pouquinho de cada serviço. “Só não coloquei a mão na massa do pão, mas limpei chão, organizei, atendi cliente, cuidava de fornecedores, produtos e se precisasse de alguma ajuda na cozinha, ajudava também”, lembra.

Mas os anos de atendimento agora serão substituídos pelo mundo da reparação de máquinas. Uma terapia, que segundo Manoel, encontrou para vencer o estresse acumulado. “Eu devo muito à padaria, mas chega um momento que a gente cansa, estressa e precisa arrumar um jeito de mudar de vida”.

Nem ele imaginava tamanha mudança. “As pessoas perguntam o porquê. Eu só consigo responder que me encontrei na mecânica. É diferente? Muito. Agora vou estar sempre sujo e as mãos com marca de graxa, mas quando eu termino de montar uma peça, é como fazer um artesanato”.

Na lembrança, o que fica são os clientes, que com o tempo tornaram-se família para Manoel, além do bom dia e do  boa noite de muita gente. “Todo dia vendo a mesma pessoa entrando e saindo daqui vira amizade. Tem cliente que a gente já sabe o que gosta, alguns eu até sabia quando algo não estava bem”.

Modesto, ele acredita que só fazia sua obrigação, mas para quem viu Manoel desde a infância, como é o caso desta repórter, sabe da simpatia distribuída em todo café do fim de tarde.

“Foram 31 anos dedicados com amor. Não é fácil, porque gerenciar uma padaria é muita responsabilidade. Tem que ter cuidado em tudo, desde o atendimento até a produção, porque depois de ser bem atendido aqui, o que conta é o pão quentinho lá na mesa da família”.

O que vai fazer falta? Sem dúvidas o entra e sai do povo, que sempre mudava o dia. “Quem trabalha em padaria sabe que aqui dentro todo mundo é uma família. Os funcionários são como os filhos, tanto que muitos ainda estão aqui porque gostam, poderiam até ter saído, mas preferem ficar. É a mesma coisa com os clientes. Com o tempo eles vão pegando intimidade, o oi vira um apelido, uma brincadeira e acho que isso é o que vai me fazer muita falta”, finaliza.

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