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Comportamento

Para alegrar os dias da avó, família cria tradição com os cafés da manhã

Dona Dejamira tem diabetes, complicações no quadril e quase não sai de casa; agora a família toda se reúne por ela

Eduardo Fregatto | 27/06/2017 07:28
Antes afastados, agora os familiares se juntam para um encontro de risadas e afeto. (Fotos: Acervo Pessoal)
Antes afastados, agora os familiares se juntam para um encontro de risadas e afeto. (Fotos: Acervo Pessoal)

Dona Dejamira está prestes a completar 80 anos de idade. Mas por conta de um diabetes e problemas no quadril, ela não sai de casa. Passa a maior parte do tempo deitada, sob os cuidados da filha, a auxiliar administrativo aposentada Marize Correa da Silva Ferreira, de 56 anos.

A rotina é a mesma há muito tempo, pouco mais de cinco anos, desde que Dejamira adoeceu bastante e foi trazida de ambulância de Jardim, cidade onde morava sozinha, para Campo Grande.

Marize, que é viúva e mora sozinha, se aposentou na mesma época, e passou a viver para cuidar da mãe idosa. Incomodada em vê-la tão solitária e presa em um só lugar, a filha resolveu tomar alguma atitude. Decidiu reunir toda a família e colocar um ponto final nos desentendimentos, mágoas e brigas, em prol de um bem maior: oferecer uma vida mais amorosa e divertida para a mãe Dejamira.

O café com a família toda junta, dos mais jovens aos mais velhos.
O café com a família toda junta, dos mais jovens aos mais velhos.
As três gerações de mulheres: Kelly, Keyla, Dejamira e Marize.
As três gerações de mulheres: Kelly, Keyla, Dejamira e Marize.

Nasceu, assim, os "cafés da manhã" em família, realizados no começo de todo mês, quando todos estão com dinheiro na conta, que uniu novamente toda a família de Marize, que tem três filhos e cinco netos. "Começou só com a gente, agora vêm os genros, as sogras das minhas filhas, as vizinhas", relata Marize, feliz com a repercussão positiva que os encontros tomaram.

Uma das filhas de Marize, a funcionária pública Kelly Cristina da Silva Ferreira, 36, conta que os parentes estavam um pouco afastados, devido a brigas e desentendimentos. "Era por ciúme, nada sério", revela. Foi por meio dos cafés da manhã que todos acabaram deixando as mágoas para trás, e a família se viu mais unida e afetuosa.

Dona Dejamira preparada para sair de casa e curtir o café da manhã em família.
Dona Dejamira preparada para sair de casa e curtir o café da manhã em família.

Efeitos positivos - Cada integrante da família leva algum prato para o café da manhã em família, mas o anfititrão que geralmente arca com a maior parte do cardápio, que inclui bolos, tortas, pães, chás, frutas e outros alimentos. Antes, os encontros eram só na casa de Marize, mas a ideia pegou tanto que todo mundo quer sediar o café. "Eu levo minha mãe nas outras casas, ela não consegue ficar muito tempo sentada, mas a gente fica um pouco, come, conversa, e logo volta", explica.

E os efeitos fizeram muito bem para Dejamira, que nunca teve um contato tão forte com os familiares antes. "Eu e minha mãe nunca fomos muito próximas. Ela se separou do meu pai e eles me mandaram para um internato, no Colégio Auxiliadora, quando eu tinha 9 anos", relata Marize. "Eu saí de lá com 19, e logo casei. Minha mãe ficou em Jardim, a gente se via muito esporadicamente".

Apenas quando a doença de Dejamira se agravou é que as duas voltaram a viver juntas e ter uma relação de verdade. "Ela nem via muito as netas e bisnetas. Agora, com os cafés da manhã, ela brinca com as crianças, conversa, dá risada, recebe carinho... mudou muito", comemora Marize.

Um dos pratos preparados especialmente para o café da manhã.
Um dos pratos preparados especialmente para o café da manhã.

Até as sogras das filhas de Marize entraram na brincadeira, e o próximo café, em julho, será na casa de uma delas. "Era minha intenção, reunir a família toda, o máximo possível. Eu criei minhas filhas totalmente diferente do jeito que minha mãe me criou, e eu quis mostrar pra ela o que significa realmente o amor de família, eu sentia que precisava mostrar isso pra ela", pontua.

"Foi uma forma de unir todo mundo novamente", ressalta Kelly. "A gente até brinca que logo outras famílias vão copiar, porque deu muito certo".

Para Marize, a recompensa maior, além das conversas, risadas e carinho, é ver as bisnetas beijando e abraçando a bisavó, que até então era tão distante da família. "Minha netina de 3 anos é muita carinhosa com ela. Eu fico feliz porque só de minhas netas verem eu cuidando da minha mãe, eu já estou deixando uma mensagem positiva. O que dia que eu não estiver mais aqui, elas vão lembrar de tudo isso", conclui Marize, contente em finalmente ver sua mãe como parte do amor em família.

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