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Comportamento

Paulo nunca entendeu de vinho, mas conquistou medalha de ouro na estreia

O vinho "Casa Álvares" do empresário paulista que abraçou Campo Grande há 30 anos é elogiado até por sommelier experiente

Thailla Torres | 07/09/2018 09:24
Paulo em sua propriedade, em Portugal, onde produz 30 mil garrafas de vinho por ano. (Foto: Arquivo pessoal)
Paulo em sua propriedade, em Portugal, onde produz 30 mil garrafas de vinho por ano. (Foto: Arquivo pessoal)

"Neto de um avô rico, mas filho de um pai quebrado", é assim que o empresário Paulo Roberto Alvares Ferreira, de 61 anos, se define. Mas, independente da vida financeira, ou dos caminhos que ele escolheu até aqui, o feito surpreendente chegou de onde parecia improvável. Sem entender nada de vinho, conquistou medalha de ouro em qualidade no Brasil com uma de suas reservas especiais produzidas na região do Douro, em Portugal.

O vinho "Casa Álvares" do empresário paulista que abraçou Campo Grande há 30 anos é elogiado até por sommelier experiente. "É um vinho maduro, aveludado e equilibrado, com notas de frutas vermelhas maduras, com final de boca macio e delicado, uma verdadeira expressão do Alto Douro", garante Ivan Ferreira, especialista há 15 anos. 

A conquista foi em 2017, em São Paulo, quando seu vinho participou de um exposição nacional. Foi a primeira vez que a reserva de Paulo chegou ao Brasil. Em Campo Grande, a bebida que custa cerca de R$ 150,00 no supermercado, também foi elogiada por amigos, garante o dono. "Modéstia parte é um vinho maravilhoso, do jeito que eu sonhava, desde que experimentei e desejei fazer também", conta Paulo.

Diploma de medalha na Expovins de~São Paulo em  2017. (Foto: Arquivo Pessoal)
Diploma de medalha na Expovins de~São Paulo em 2017. (Foto: Arquivo Pessoal)

Fazer o próprio vinho foi a realização de um sonho, em 2010, quando Paulo visitou um vinícola em Portugal após experimentar uma bebida "surpreendente e de bom gosto" na casa de um dos irmãos, descreve. "Eu gosto de vinho. Uma vez, fui na casa do meu irmão em São Paulo e ele me serviu um vinho que me surpreendeu. Curioso, perguntei onde ele havia comprado. Ele me respondeu que foi uma amigo que havia trazido de São Paulo".

Paulo foi insistente, entrou em contato com esse amigo e descobriu que o vinho era produção especial de um senhor português, também no Douro. "Conversei com esse português e eu disse que meu sonho era uma ter uma quinta", diz referente as propriedades vínicolas, do jeitinho que os portugueses costumam chamar.

Paulo acabou ficando amigo do português, que entrou em contato com ele, três meses depois, anunciando que uma propriedade estava à venda. O empresário não pensou duas vezes e adquiriu a "quinta dos sonhos" que hoje leva o sobrenome da família.

Mas como diversidade é o que não falta quando o assunto é vinho, mesmo sem entender todos os nomes de uvas, modo de produção e ponto certo para a bebida perfeita, Paulo arriscou em ser dono de uma grande vinícola e iniciou os trabalhos ao lados de profissionais que já dominavam a região. "Contratei um grande enólogo que atendia também o meu amigo, expliquei para ele como eu queria o vinho e três anos veio a reserva que tanto sonhava".

Das férias no Douro à produtor de vinhos, Paulo agora traz para o Brasil cerca de 30 mil garrafas por ano. Além dos vinhos de mesa, há reservas como o que levou o prêmio feito com as uvas "Touriga nacional", "Touriga franca", "Tinta barroca" e "Tinta roriz".

Portão de entrada da "quinta dos sonhos" de Paulo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Portão de entrada da "quinta dos sonhos" de Paulo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em matéria de sonhos, Paulo diz que conseguiu chegar onde queria. "Produzir meu vinho é a realização de um sonho, faço por amor, porque lucro praticamente não vi, devido a carga tributária", diz o produtor.

Hoje, além de dono de uma vínicola, Paulo trabalha com mineração, transportes e pecuária no Mato Grosso Sul, entre à rotina de trabalho se divide mês sim e mês não para visitar suas uvas. Questionado se foi sorte conquistar um império, Paulo é enfático. "Sou neto de avô rico e filho de pai quebrado. Tive que ralar muito. Cursei Administração, comecei como auxiliar de escritório, gerente e depois conquistei cargo em uma distribuidora de cerveja. Todo mundo diz que é sorte, mas a minha sorte começa às 4h da manhã. Acredito que 10% de inspiração e 90% é transpiração', ensina.

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Paulo e a esposa em Portugal. (Foto: Arquivo Pessoal)
Paulo e a esposa em Portugal. (Foto: Arquivo Pessoal)
Parte da propriedade de Paulo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Parte da propriedade de Paulo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Uvas da "Quinta Alvares". (Foto: Arquivo Pessoal)
Uvas da "Quinta Alvares". (Foto: Arquivo Pessoal)
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