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Comportamento

Placa e macaco em árvore são mistério no bairro Amambaí

Elverson Cardozo | 09/11/2012 18:53
Placa e macaco mecânico foram colocados em uma árvore, em frente a uma casa abandonada. (Foto: Minamar Junior)
Placa e macaco mecânico foram colocados em uma árvore, em frente a uma casa abandonada. (Foto: Minamar Junior)
Macaco foi pendurado no alto da árvore, preso a uma corrente. (Foto: Minamar Junior)
Macaco foi pendurado no alto da árvore, preso a uma corrente. (Foto: Minamar Junior)

Foi preciso apenas uma placa e alguns dizeres com a palavra macaco para deixar os moradores do bairro Amambaí intrigados. Há pelo menos 3 semanas, quem passa pela rua Visconde de Taunay, sempre para ao ver uma árvore.

Fixada a ela, uma placa exibe o seguinte pedido: “Não alimente o macaco”. Acima, no alto de um galho, preso a uma fina corrente, um macaco mecânico, vermelho, deixa o cenário ainda mais surreal. Virou mistério.

Ninguém, na maior parte da rua, entre a 26 de Agosto e a avenida Afonso Pena, sabe dizer o porquê, o que significa, muito menos quem aprontou a tal “intervenção”. Se é protesto, qual o motivo? Se não é, o que provocou?

José Bernardo, de 70 anos, foi um dos que parou para avaliar a situação, mas não encontrou qualquer explicação plausível e voltou a caminhar. “Não faço nem idéia”, disse o vigilante.

Proprietário de uma empresa de assistência técnica localizada na mesma rua, Barnabé Gomes Ribeiro, de 41 anos, já desistiu. Achou engraçado, mas nem imagina o que a ferramenta e a placa juntas significam. “Para mim tinha um macaco ali”, afirmou, ao comentar que não viu ninguém colocar a placa ali.

José Bernardo parou para avaliar o cenário, mas saiu sem conseguir qualquer explicação. (Foto: Minamar Junior)
José Bernardo parou para avaliar o cenário, mas saiu sem conseguir qualquer explicação. (Foto: Minamar Junior)

A auxiliar de costura Celina Moreira Marinho, de 45 anos, é outra intrigada com o mistério. “Sou louca para descobrir”, revelou. Na confecção onde trabalha, nenhuma das amigas encontrou explicação para o caso. “Só sei que aparece um monte de gente aqui e vem ler isso”.

Atendente em uma creche, Ana Paula de Lima Leite, de 28 anos, chegou a pensar que algum vizinho criava macacos, mas nunca nenhum animal da espécie foi visto por aquelas redondezas.

“Estava pensando que tinha algum bicho ali pendurado, que ficava dentro de uma casa e alguém jogava comida”.

De todas as pessoas entrevistadas para esta reportagem, apenas uma opinou com segurança. Foi irmã Liliana Dal Santo, freira responsável pelo Cedami (Centro de Apoio ao Migrante).

Preconceito ? – Para ela, o macaco e a placa com a advertência supõem uma explicação lógica, mas não há certeza até que autor revele sua real intenção. O Cedami, lembra a freira, oferece todas as tardes alimentação a moradores de rua. De 50 a 100 pessoas recebem o "sopão" de segunda à sexta-feira.

O problema é que muitos dos frequentadores acabam dormindo ou descansando na calçada dos vizinhos, onde há sombras. A sujeira deixada por eles, de um dia para o outro, é o que mais incomoda e já gerou reclamações de moradores.

Para irmã Liliana, advertência tem uma explicação que parece lógica. (Foto: Minamar Junior)
Para irmã Liliana, advertência tem uma explicação que parece lógica. (Foto: Minamar Junior)
“Será que estão chamando a gente de macaco?
“Será que estão chamando a gente de macaco?

“Pensamos que como aqui muitas vezes fica morador de rua, bêbado e drogado, os vizinhos se molestaram e colocaram isso”, comentou. “Penso que eles estão cansados dessa sujeira ou com relação a nossa obra”, acrescentou.

Mas até agora, diz, ninguém foi reclamar diretamente. Se o motivo realmente for esse, fica a interrogação de irmã Liliana: “E os pobres? Onde serão atendidos?”

Há 10 dias em Campo Grande, Marcelo Targino Acosta, de 40 anos, não tem onde morar. Em busca de alimentação ele vai todos os dias à tarde ao Cedami.

Hoje, a caminho da instituição, parou em frente à árvore, leu a placa, olhou para cima, para a ferramenta, e questionou: “Será que estão chamando a gente de macaco porque somos moradores de rua”?

Será?

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