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Comportamento

Que história é essa de “linguagem neutra” que agora querem proibir?

Projeto de Lei quer proibir uso dos pronomes neutros nas escolas públicas e privadas, o que você acha?

Jéssica Fernandes | 09/09/2021 06:48
Ana acredita que os pronomes neutros incluem vários grupos diferentes. (Foto: Henrique Kawaminami)
Ana acredita que os pronomes neutros incluem vários grupos diferentes. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na internet, todo mundo pode escrever e se comunicar da forma como preferir, seja através de gírias, abreviações e emojis. Agora, imagina se essas variações da linguagem fossem vetadas. Como você iria se comunicar? A proibição iria te afetar ou não?

A discussão sobre o uso do vocabulário neutro, como o "todes", além do todos ou todas, é assunto no Twitter, na faculdade, escola, roda de amigos e agora, também é pauta da ALEMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul). O deputado estadual, Márcio Fernandes  (MDB) redigiu o Projeto de Lei 00212/2021, que visa proibir a utilização dessa linguagem nas escolas.

De acordo com a proposta, a flexão de gênero será vedada nas instituições de ensino pública e privada. Bancas examinadoras de seleções, concursos públicos, editais e currículos escolares não poderão aderir a linguagem neutra caso o projeto seja aprovado.

O Lado B conversou com alguns jovens para descobrir o que eles pensam sobre o assunto e se eles costumam utilizar os pronomes sem definir os gêneros masculino e feminino.

Nicole afirma que a linguagem neutra é mais presente na internet. (Foto:Henrique Kawaminami)
Nicole afirma que a linguagem neutra é mais presente na internet. (Foto:Henrique Kawaminami)

Para a estudante Nicole Oliveira, 15 anos, as pessoas têm mais contato com os pronomes neutros nas redes sociais, mas não nas escolas. “Eu não costumo usar, mas alguns se sentem mais à vontade com eles. Na internet, elas já aprendem a ler com os pronomes neutros e escrevem dessa forma”, opina.

No 2º ano do Ensino Médio, Laissa Salas, 15 anos, acredita que cada pessoa tem o direito de escolher utilizar ou não os pronomes sem especificar o gênero. “Acho que todos têm o livre arbítrio de escolherem o que querem ser. Aqui na escola, não conheço ninguém, mas já vi na internet quando a pessoa não se considera como ele ou ela”, afirma.

A jovem Ana Beatriz, 16 anos, também revela que não conhece ninguém na escola que se identifique com a linguagem neutra. Mesmo assim, ela defende a inclusão do pronome no cotidiano. “Eu uso, mas não é sempre, depende da ocasião. Eu acho legal essa identificação para incluir todo mundo”, ressalta.

Para Laissa, cada pessoa deve ter o direito de escolher aderir ou não aos pronomes neutros. (Foto: Henrique Kawaminami)
Para Laissa, cada pessoa deve ter o direito de escolher aderir ou não aos pronomes neutros. (Foto: Henrique Kawaminami)

Artista visual e produtora cultural, Glauber Portman, 26 anos, defende que os pronomes neutros abrangem todas as possibilidades de existência. "O uso da linguagem neutra ainda é uma conquista, é uma forma de justiça e respeito para toda a sociedade. Para alguns, podem ser só um 'e', mas para nós, é um respeito grandiosíssimo", enfatiza.

Em relação a maneira correta de aderir aos pronomes neutros, Glauber frisa que as letras "e" e "i" são as ideais. "Temos que entender que o x e o sinal do arroba não respeitam as pessoas que possuem deficiência visual. Nós devemos usar nossa linguagem de uma forma que outras pessoas, que possuem limitações, possam entender", pontua.

O que defende o deputado - Na visão do parlamentar Márcio Fernandes, empregar a linguagem neutra nas escolas dificultaria o processo de aprendizagem dos estudantes. “Acredito que os jovens, ainda mais neste momento de ensino remoto, precisam ter segurança no ensino. Este é um momento delicado e uma mudança pode causar mais insegurança”, argumenta.

Projeto de Lei quer proibir uso da flexão de gênero nas instituições de ensino público e privado. (Foto: Henrique Kawaminami)
Projeto de Lei quer proibir uso da flexão de gênero nas instituições de ensino público e privado. (Foto: Henrique Kawaminami)

O deputado jura que reconhece a importância da linguagem, porém acredita que esse não é o momento das instituições aderirem. "Flexões de gênero estão proibidas na norma culta e não no dialeto das pessoas, entendo que para alguns é importante, mas acredito que precisamos trilhar caminhos longos de combate ao preconceito", pontua.

O que você acha do uso da linguagem neutra e o projeto que busca proibir o uso dela? Comente nas redes sociais ou nos comentários abaixo.

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